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As Diferenças Na Sociedade

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Por:   •  26/4/2014  •  Tese  •  2.150 Palavras (9 Páginas)  •  249 Visualizações

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Respeitar as diferenças

Só assim se consegue afastar o fantasma do preconceito e formar jovens mais tolerantes

Só assim se consegue afastar o fantasma do

preconceito e formar jovens mais tolerantes

Foto: Fernando Vivas

Muitos professores que trabalham em escolas públicas de periferia comentam que as turmas, com o passar dos anos, vão "clareando". Grosseira, a expressão indica que há menos alunos negros na 7ª e 8ª séries do que na 1ª. A cruel constatação, no entanto, não significa o reconhecimento de que existe preconceito na escola. Pesquisa realizada pela professora Irene Sales de Souza, da Universidade Estadual Paulista, em Franca, mostrou que 83% dos 200 entrevistados negaram já ter presenciado situações de discriminação no ambiente escolar, apesar de todos serem unânimes em afirmar que existe racismo no Brasil! Por isso, está mais do que na hora de abordar essa difícil questão em sala de aula e evitar que mais crianças (sobretudo da raça negra) desistam de estudar. "A discriminação afeta a auto-estima do estudante. Isso se reflete no aprendizado e é uma das causas da evasão", confirma a pesquisadora Ana Maria de Niemeyer, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas.

Lutar contra o preconceito é uma decisão que precisa ser encampada pela coletividade, não é uma responsabilidade só de quem é discriminado. "Se a construção da auto-imagem do jovem em nosso país prevê que o negro se sinta submisso e o branco, superior, sempre haverá problemas para a sociedade como um todo", analisa a consultora educacional Isabel Santos, do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades, o Ceert. Para combater essa triste realidade, a instituição está promovendo o prêmio Educar para a Igualdade Racial, que valoriza iniciativas criativas, desenvolvidas dentro da escola, com o objetivo de promover a pluralidade cultural e acabar com o racismo.

Pluralidade Cultural

Tema: Aceitação da diversidade

Objetivo: Conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las. Repudiar a discriminação baseada em diferenças de raça, religião,classe social, nacionalidade e sexo. Reconhecer as qualidades da própria cultura, exigir respeito para si e para os outros

Como chegar lá: Procure em sua disciplina elementos que propiciem o desenvolvimento de atividades ligadas ao tema. Fique atento ao que acontece na sala de aula, na escola e na comunidade e que se caracterize como estereótipo, discriminação ou preconceito. Identifique outros elementos na mídia. Os dois caminhos facilitam a discussão em classe

Dica: Todos nós temos uma históriade vida, com características pessoais e crenças arraigadas. Analise-se e verifique se suas posições têm por base a justiça e a ética. Não tenha medo de trocar idéias com os colegas, pois o tema é delicado mesmo

Ações que valorizem as diferentes etnias e culturas devem, sim, fazer parte do dia-a-dia de todos os colégios. Mas isso não é tudo. É preciso que os alunos aprendam a repudiar todo e qualquer tipo de discriminação, seja ela baseada em diferenças de cultura, raça, classe social, nacionalidade, idade ou preferência sexual, entre outras tantas. "A Pluralidade Cultural é uma área do conhecimento", lembra Conceição Aparecida de Jesus, uma das autoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais de 5ª a 8ª série, que têm um capítulo inteiro dedicado ao tema. Pedagoga e consultora, ela ensina a incluir o tema no planejamento. "Cultive o hábito de ouvir as pessoas e desenvolva projetos pedagógicos com propostas que tenham por base questões presentes no cotidiano das relações sociais." Quem adota essa prática com estudantes que sofrem com o preconceito garante: a agitação da turma diminui, todos se aproximam do professor e os mecanismos de ensino e aprendizagem são facilitados.

Nesta reportagem, você vai conhecer o que quatro escolas vêm fazendo para valorizar a Pluralidade Cultural: na periferia de São Paulo, jovens de 5ª a 8ª série de dois colégios localizados bem perto um do outro estão aprendendo a se conhecer melhor e descobrindo que o preconceito faz parte da vida de todos; numa escola comunitária de Salvador, cujos alunos são em sua maioria negros, a questão racial perpassa todo o currículo, da pré-escola à 4ª série; em Campo Grande, uma instituição particular leva as crianças de Educação Infantil e da 1ª série a conhecer a realidade de índios e estrangeiros, como os muitos paraguaios que moram na cidade.

Conhecer a si mesmo

Para estudar as facetas da discriminação racial na escola, a antropóloga Ana Maria de Niemeyer tocou, de novembro 1997 a dezembro de 2001, um projeto de pesquisa que envolveu dez educadores de duas escolas paulistanas, separadas por poucos quarteirões, em que negros e mestiços são a maioria da clientela. Orientados por Ana, os professores aplicaram diversas técnicas em sala de aula. Uma delas, oferecida como atividade extra-curricular, era a oficina de vídeo. "Os jovens escreviam o roteiro e trabalhavam como atores, produtores e câmeras", conta Maria José Santos Silva, coordenadora do trabalho. Um dos vídeos produzidos mostra a história de um menino branco que não deixa o colega negro participar de uma partida de futebol. Exibida para toda a comunidade, a fita serviu de mote para discussões.

No decorrer do projeto foram surgindo pistas sobre como o problema da discriminação era visto. "É consenso, na comunidade, que o negro só é aceito por seu esforço individual, nunca por ação do grupo", enfatiza Ana. Redações escritas por estudantes de 6ª série indicaram problemas com a auto-imagem. "Um deles terminou uma história dizendo que o personagem, negro como o próprio aluno, fez uma plástica para ficar branco."

Márcia Lucas leciona Língua Portuguesa na Escola Estadual Doutor Francisco Brasiliense Fusco, que fica no pedaço mais pobre da rua, bem perto de uma favela. Disposta a provocar uma reflexão sobre a condição de vida da garotada e melhorar a auto-estima ela propôs a produção de auto-retratos. "No começo, eu só recebia desenhos com tons bens claros", recorda a professora. Questionados, os meninos e meninas diziam que não gostavam da própria cor. "Eu os elogiava e destacava a ação de personalidades negras no cenário mundial."

No

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