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Atividade Avaliativa 6.1

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Por:   •  29/8/2013  •  1.773 Palavras (8 Páginas)  •  539 Visualizações

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Primeiro, foi a indústria. Agora, as empresas de software querem aumentar a produtividade e, principalmente, reduzir as falhas em seus produtos

Roberta Paduan

Os senhores voariam em meus aviões se eles tivessem a mesma confiabilidade que um sistema de informática?"A pergunta formulada por William Boeing, fundador da maior fabricante de aviões do mundo, feita no começo dos anos 50, reflete bem o descrédito em relação aos programas de computador existentes naquela época. Hoje, os aviões não apenas são construídos, mas voam graças a sistemas computacionais que não podem falhar -- afinal, não dá para imaginar a hipótese de o piloto olhar para o co-piloto com cara de espanto, dizendo: "Xi, deu pau".

No entanto, meio século depois, a frase de Boeing poderia ser aplicada por executivos de muitos outros setores da economia, que ainda sonham com o dia em que seus sistemas corporativos serão tão confiáveis quanto os usados em aviões. A maior parte da indústria tecnológica permanece bem longe dos rígidos padrões de qualidade estabelecidos pelo setor aeronáutico. Cerca de 55% de todo trabalho realizado pela área de desenvolvimento de software de uma empresa é destinado à correção de erros detectados em sistemas já em funcionamento. Na prática, tais sistemas são consertados em pleno vôo. A estimativa é do Instituto de Engenharia de Software (SEI), órgão criado pelo Departamento da Defesa americano e operado na prestigiada Universidade Carnegie Mellon.

Não é à toa que as empresas destinam tantos esforços às correções. A produção de software está entre as atividades mais artesanais do planeta. Programadores trabalham basicamente com criatividade. São uma espécie de artistas high tech e, como todo artista, não costumam seguir regras de produção. Embora os principais avanços tecnológicos dos últimos 50 anos tenham sido fruto de fagulhas de inspiração, é preciso muito trabalho cerebral para transformá-las em código de computador. E é aí que mora o perigo. "A questão não é limitar a criatividade de quem cria e escreve os programas", diz Juliana Herbert, doutora em qualidade de software da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. "É preciso ter método."

A solução para isso é a criação de modelos que se transformem em certificados de qualidade. Na indústria do software, o mais conceituado deles é o CMM (Capability Maturity Model, algo como modelo de maturidade da capacidade de desenvolvimento). Sua criação, não por acaso, está ligada à indústria da aviação. Na década de 80, quando a informática começou a chegar aos aviões, a Força Aérea Americana criou uma avaliação dos fornecedores de software. Foi desse trabalho que surgiu o certificado de qualidade CMM, emitido pelo SEI.

Além dos Estados Unidos, a certificação CMM foi amplamente adotada na Índia, hoje um grande pólo exportador de tecnologia, e vem chegando com força total ao Brasil. Até agora, apenas 13 empresas brasileiras conseguiram a certificação, mas praticamente toda indústria de software tenta enquadrar-se nessa espécie de ISO tecnológico. Nesse estágio está a subsidiária da Dell Computers, além das nacionais Datasul e Vesta. No Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, algumas empresas estão trabalhando em grupo para baratear os custos da consultoria necessária à implantação do padrão.

"As empresas querem o CMM porque têm de resolver um problema cultural dessa área: os estouros de prazo e orçamento", afirma a gaúcha Juliana Herbert, diretora do ESICenter. Ligado ao Instituto Europeu de Software, equivalente ao SEI americano, o ESICenter está instalado na Unisinos, na Grande Porto Alegre. Ao lado das poucas empresas brasileiras que dão consultoria para a implantação do CMM, apenas o ESICenter e a subsidiária da empresa americana ISD são autorizadas a aplicar as avaliações do certificado.

Trabalhar dentro do padrão CMM significa seguir um guia que estabelece passos que visam aumentar a produtividade e eliminar -- ou, pelo menos, minimizar -- a existência dos defeitos no fim do desenvolvimento. Para a Orbitall, empresa controlada por Citibank, Itaú e Unibanco, funcionou. Especializada em tecnologias e serviços do setor financeiro, como todo processamento dos cartões Credicard, a empresa diminuiu em 70% os atendimentos de interrupção de sistemas (o que pode significar, entre outras coisas, aquela situação chatíssima em que, na hora de pagar a conta do jantar com o cartão de crédito, o garçom volta do fundo do restaurante dizendo que o sistema está fora do ar).

Um dos capítulos principais do CMM é o estabelecimento de critérios claros para a documentação durante o desenvolvimento de um sistema, parte do trabalho que os desenvolvedores consideram uma chatice. Imagine uma casa sem planta hidráulica. Se o morador não tiver uma cópia, corre o risco de furar um cano. Portanto, quanto melhor for feito o registro do projeto original ou de suas reformas, menores serão os riscos de falhas e, conseqüentemente, de retrabalho. Um em cada cinco problemas ocorridos em sistemas surge na fase da especificação, ou seja, aquela em que os profissionais das áreas de negócios explicam o que precisam da área de tecnologia. Outros 23% dos defeitos aparecem na hora de definir que tipos de tela e relatório o software vai apresentar. "Os mal-entendidos na fase de planejamento representam bateladas de retrabalho mais adiante", afirma Dirceu Cassiano, gerente de qualidade de processos da Eccox, empresa paulistana especializada em programas de controle de qualidade de software.

Para evitar o problema, o modelo CMM estabelece regras simples e óbvias, mas que não são seguidas pela maioria das empresas. As equipes técnicas e de negócios são obrigadas a se reunir fisicamente durante a fase de especificação. Eliminam-se aí os telefonemas e bilhetinhos supostamente trocados e que nunca aparecem quando surgem os pepinos. O modelo também estabelece que a área de negócios revise e assine a especificação elaborada pela equipe técnica. Assim, não há como argumentar que o sistema deveria gerar determinado tipo de relatório que, na verdade, nunca foi pedido.

Além de mirar na qualidade final do produto, esses procedimentos também aumentam o nível de produtividade do setor. Na Stefanini, consultoria especializada em tecnologia, os custos de desenvolvimento caíram em 20% após nove meses de implantação do modelo em sua fábrica

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