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Cork, herança para salvar

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Por:   •  7/4/2014  •  Tese  •  1.015 Palavras (5 Páginas)  •  168 Visualizações

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Cortiça, uma Herança a Preservar

O sector da cortiça, incluindo nele toda a fileira, desde a produção ao consumo, é um sector apaixonante.

Ainda que não pertença à celebrada “nova economia”, tem, entre outras, a particularidade de falar português, quer quando analisamos a sua riquíssima história, quer quando nos envolvemos no seu presente ou tentamos perspectivar o seu futuro.

Não é o facto de Portugal ser o maior produtor, transformador e exportador de cortiça, nem tampouco a expressão dos números que o envolvem (mais de 200 milhões de contos de volume de negócios e 20 mil postos de trabalho) que justificam, por si só, o meu interesse pelo sector, enquanto técnico e português.

Além disso, que já é, sem dúvida, muito importante, vejo no sector da cortiça, a sua extraordinária envolvente ambiental (os montados constituem um dos mais ricos ecossistemas da Península Ibérica) e a circunstancia de ser o mais consistente pilar de sustentação económica de muitas regiões agrícolas pobres. Contudo, também vejo algumas contradições que fazem dele um caso de estudo permanente.

Vejo o nosso país a assistir passivamente à erosão técnica do sector público, com muito poucos continuadores da extraordinária obra do Professor Joaquim Vieira Natividade, de quem todos nos orgulhamos, mas cuja memória não honramos por não termos tido a lucidez de continuar o ritmo do seu esforço no desbravamento dos conhecimentos ligados ao sobreiro.

Vejo o nosso país como leader mundial do sector a não exercer plenamente essa liderança nos fora de discussão internacional, na dinamização de acções concertadas a nível da União Europeia, na condução dos projectos multinacionais de investigação.

Vejo na produção primária a afirmação de associações de produtores activas e tecnicamente preparadas e o despontar de um acompanhamento técnico consistente, ao mesmo tempo que também vejo demasiados produtores isolados e passivos a venderem a sua cortiça por processos da Idade Média, e, por vezes, a assistirem à degradação dos seus montados como se de uma coisa do destino se tratasse.

Assisto, às vezes com perplexidade, ao aumento muito dinâmico das áreas de sobreiro sem o suficiente estudo e observação técnica sistemática que seguramente nos teria permitido conhecer com rigor as razões de uma limitada taxa de sucesso no vingamento dos novos povoamentos.

Vejo a cortiça como uma fantástica e polivalente matéria prima, e, ao mesmo tempo, contraditoriamente, a sua excessiva dependência do segmento rolheiro, sem o qual se poria em causa toda a economia do sector.

Vejo na indústria de transformação a coexistência contraditória entre um segmento artesanal, tecnicamente pouco desenvolvido e um segmento moderno, tecnologicamente muito evoluído, com sofisticados meios de controlo de qualidade, bem gerido e comercialmente agressivo.

Assisto revoltado à desleal e perseverante campanha internacional em curso contra os méritos e a imagem da cortiça enquanto vedante de garrafas de vinho e à promoção, para esse efeito, de produtos sintéticos, de plástico, cujas consequências na saúde publica não são, por agora, identificáveis, perante uma acção frouxa e desarticulada por parte dos agentes económicos e instituições que deveriam sentir a obrigação de a desencadear com maior vigor e eficácia.

Neste contexto, preocupa-me crescentemente a circunstancia de se notar que alguns industriais desenvolvem estratégias individuais associadas à publicidade sobre o uso de tecnologias que eliminam os “defeitos” que os concorrentes dos plásticos atribuem às rolhas de cortiça.

O que me parece é que o sector se deve defender em conjunto, assegurando e comprovando a qualidade dos seus produtos, apoiando aqueles que isoladamente o não podem fazer e dificultando a vida a todos aqueles que não querem seguir as práticas industriais recomendadas.

Dito isto, e para que se não fique com uma ideia negativa do esforço colectivo que está ser empreendido, parte dele em cooperação

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