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Espaco Social

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Por:   •  16/3/2014  •  Seminário  •  566 Palavras (3 Páginas)  •  194 Visualizações

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Na sua apreensão das hierarquias e das diferenças sociais, a Sociologia sempre foi atraída por metáforas de carácter espacial: a estratificação, a escada e a pirâmide são algumas dessas imagens mais persistentes. O mesmo acontece com o conceito de espaço social, sistematizado por P. Bourdieu. Uma sociedade pode ser comparada a uma nuvem de posições relativas interligadas por sistemas móveis de relações de proximidade e distância. Algumas diferenças demarcam, no entanto, esta proposta das anteriores.

1. É multidimensional: as classes de agentes inscrevem-se num espaço construído e representado a n dimensões e não numa única, habitualmente vertical. Até os esquemas de classes mais elaborados, como o de W. Warner, apenas contemplavam uma dimensão, acima e abaixo, embora o índice seriador fosse composto por vários indicadores. Esta multidimensionalidade possibilita discernir classes e frações de classes antes confundidas, por exemplo, ao nível das chamadas classes ou camadas médias. Na prática, para esta construção multidimensional, Bourdieu socorreu-se de técnicas recentes, como a análise de correspondências.

2. É relacional: o espaço social não é composto por entidades substantivas; a posição e o valor dos agentes e das propriedades derivam da trama de relações, designadamente de afinidade e de oposição, em que se inserem.

3. É dinâmico: as configurações constituídas pelas classes de agentes e pelas propriedades socialmente relevantes apresentam-se, para retomar uma noção de N. Elias, como "equilíbrios móveis de tensões" sujeitos a lutas permanentes de classificação simbólica, que visam, precisamente, redefinir a posição e o alcance das diferentes propriedades e classes em jogo.

Pode-se encarar o espaço social como resultado do entrecruzamento de três planos que se supõem e interpenetram: o das propriedades relativas, o das posições sociais e o dos estilos de vida. Qualquer espaço social é caracterizado por uma distribuição desigual dos recursos. Pela sua apropriação e valorização, mobilizam-se as diversas classes de agentes em lutas que vão redefinindo as suas posições relativas. Bourdieu assimila estes recursos a capitais, que agrupa em quatro espécies: o económico, o cultural, o social e o simbólico (em determinados campos ou sociedades podem ser consideradas outras formas ou variantes de capital, como o político ou o científico). A representação sinóptica de certos espaços sociais, com as respetivas posições e propriedades objetivas, como, por exemplo, o da sociedade francesa estudada por Bourdieu, pode ser reduzida, sem perda significativa de informação, a apenas dois eixos ou dimensões principais. O primeiro prende-se com o volume global de capital e hierarquiza as posições sociais desde os assalariados agrícolas (desprovidos de qualquer espécie de capital) às profissões liberais (bem providas de todas as espécies). O segundo refere-se à estrutura do capital (peso relativo dos capitais cultural e económico) e discrimina os grupos de posições relativamente mais munidas de capital económico do que cultural (por exemplo, os agricultores, os comerciantes e os artesãos) dos grupos que, inversamente, dispõem, comparativamente, de mais capital cultural do que económico (por exemplo, os professores).

Enfim, a diferentes grupos de posições sociais correspondem distintos estilos de vida,

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