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O Texto Narrativo

Por:   •  17/3/2022  •  Resenha  •  842 Palavras (4 Páginas)  •  79 Visualizações

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        Vinte e cinco de janeiro do ano de 2050. Vinte e cinco anos se passaram desde o que muitos viriam a considerar o fim do mundo, mas o mundo não acabou; ao menos para muitas espécies não humanas, como a minha. Ainda me lembro com clareza o momento que Trovão Negro se elevou ao céu e subjugou o planeta inteiro na maior tempestade que qualquer ser vivo jamais presenciara. Nem mesmo os desertos foram poupados. Era como se aquela água estivesse sendo conjurada de outra dimensão – provavelmente tenha sido. Em poucos instantes, inundações cobriram praticamente todo o solo visível. Meios de comunicação de todos os cantos anunciavam que se tratava de um evento bíblico – o segundo dilúvio. Quando a chuva ameaçou cessar, nuvens ainda mais escuras se formaram e raios e trovões fizeram a terra estremecer.

        Horas se passaram e ninguém fez nada. Há quem diga que foi um plano da espécie superior para aniquilar os humanos e reinar livremente no que restasse.

        Logo veio a noite, e com ela, um breu absoluto. Naquele momento, tudo parou, e por um instante pensei que ele havia desistido, mas eu estava enganado... muito enganado. Corri para os braços de minha progenitora; suas últimas palavras antes do que viria a acontecer ainda se repetem incansavelmente nos meus pensamentos.

        ‘’É agora, Seb’’, disse ela, enquanto beijava minha testa.

        Fechei os olhos sem saber que se tratava de uma despedida, e quando os abri novamente, um forte clarão branco irradiou para todas as direções. O chão sob meus pés tremeu de forma avassaladora, o que me fez perder o equilíbrio e cair de cara no soalho de conreto. Apoiei-me depressa em meus braços. Minha visão estava turva, mas pude ver o que pingava de minha testa; estava sangrando. Então, um segundo estrondo pode ser ouvido e perdi a consciência. Quando acordei, já estava sozinho, e assim permaneci até agora.


        Andava com cautela por entre um oceano de árvores que brotava do chão e cobria praticamente todo o solo lamacento, exceto por um trecho estreito de terra, o qual estava curiosamente seco e pisoteado. Cipós e vinhas se estendiam das raízes até às copadas daquelas imensas árvores. Pelo formato dos troncos, deviam ser carvalhos – alguns venenosos.

        Logo à frente o caminho serpentou para o leste. Pensei ter visto um vulto. Acelerei o passo para tentar alcançar quem quer que fosse. Depois de alguns minutos de corrida, olhei para o lado direito; havia um pedaço de tecido xadrez preto e vermelho preso a um galho.

        ‘’Alguém?’’, minha voz ecoou por toda a floresta, mas ninguém respondeu, ‘’não precisa ficar com medo, eu não vou te machucar’’, insisti.

        Enfiei-me por entre duas árvores. A passagem era apertada, mas as árvores adjacentes não eram tão próximas umas das outras. Parei novamente. O forte som do que parecia ser respiração ofegante chamou minha atenção. Movi a cabeça para os lados até identificar a origem do som. Não conseguia ver claramente, mas tive certeza que se tratava de um ombro, cuja camisa compartilhava do mesmo tecido.

        ‘’Já te vi; vamos continuar nessa brincadeira de esconde-esconde ou você vai se revelar de uma vez?’’, disse em tom baixo. Meu intuito não era assustar ainda mais aquela pobre alma.

        ‘’Por favor, não me machuque!’’, disse uma voz masculina. Então, um homem de cabelo preto saiu de trás da árvore com as mãos elevadas. Seu rosto estava quase todo coberto por barro e sangue seco.

        ‘’Quem é você e o que você está fazendo no meio dessa floresta?’’.

        ‘’Fugindo’’, respondeu ele. Conforme ele falava, um corte vertical abaixo do olho esquerdo se abria e fechava com os movimentos da boca.

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