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POLÍTICA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO

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Por:   •  3/11/2014  •  1.719 Palavras (7 Páginas)  •  446 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo discutir as contribuições da teoria Sócio-interacionista e histórica de Lev Semenovich Vygotsky, Mikahail Mikhailovitch Bakhtin e Alexander Romanovich Luria para uma gestão escolar crítica. Esses pensadores estão relacionados por terem seus trabalhos desenvolvidos desde a década de 1930 e serem baseados na relação da aprendizagem com o meio social do ser. Cada pensador relaciona o fenômeno da aprendizagem desde a linguagem até a educação de uma forma geral com o ambiente que o ser se relaciona. Para ambos o ser nasce com “reflexos”, mas essas habilidades só são desenvolvidas pelo convívio social. Longe de ter a pretensão de esgotar o referido tema que se direciona muito mais para a pratica em sala de aula, são apresentadas no decorrer do texto, as principais contribuições de Vigotsky utilizadas no âmbito educacional que serviram também como base em práticas de gestão escolar.

Vygotsky (1984, 1986, 1987, 2001) dedicou-se ao estudo das funções psicológicas superiores tipicamente humanas, como a imaginação, a capacidade de planejamento, a memória, a construção de representações mentais, que incluem mecanismos interativos, com possibilidade de manter certa independência diante das características e pressões do momento, do tempo e espaço presentes. Trata-se de funções que não são inatas, mas que se originam nas relações entre indivíduos humanos, e desenvolvem-se ao longo do processo de internalização de formas culturais de comportamento.

As funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interação dos fatores biológicos, que são parte da constituição física do Homo Sapiens com os fatores culturais, que evoluíram através das dezenas de milhares de anos da história humana (LURIA, 1992, p. 60).

As funções psicológicas superiores originam-se nas relações do indivíduo e seu contexto sócio-cultural. Isto é, o desenvolvimento humano não é dado a priori, não é imutável, não há passividade, nem independência do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana. A cultura é, portanto, parte constitutiva da natureza humana, já que sua característica psicológica se dá através da internalização dos modos historicamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações (VYGOTSKY, 2001, p. 49).

Pode-se apreender que há imagens iniciais decorrentes de momentos mais primitivos da vida, mas que não são estáticas. Ao abordar a consciência humana há necessidade de estudar mudanças que ocorrem no desenvolvimento mental a partir do contexto social, que é mutável como a própria vida. Na realidade, o faber está sempre em nós. O sapiens entra na esfera da poiética, como noesis poieseôs.[1] Esse pensamento corrosivo evoca lembranças de acasos interiores aos contornos da conduta e, numa meditação mimética, retoma a formação humana inicial, possibilitando múltiplas revelações. As palavras, ações e lembranças possuem significados que são, ao mesmo tempo, evidentes e enigmáticos. A memória como tempos vividos relaciona-se com a consciência (memorial), nas bordas do passado. Ela revive e inventa lembranças. Através dos mitos pessoais, muitas vezes o dasein se faz história, a fim de figurar sob o olhar do outro. O outro está em nós, uma vez que a identidade se edifica e se configura em interação social. Pela história, o essencial abre um caminho, e a noite do pensamento tenta fazer memória. Há lembranças, há imagens iniciais e formadoras, nem sempre felizes, mas marcantes, que se constituem como essenciais na dinâmica da formação humana. Entretanto, muitas delas desaparecem, e outras permanecem vívidas na memória, podendo ser resgatadas nas vivências do cotidiano.

Refletir sobre a formação humana significa admitir que, para cada ser humano existe um percurso singular. Pelas diferenças e nas diferenças deflagra-se tudo aquilo que é particular, que se revela na expressão de linguagens também pertinentes a cada sujeito: verbal, visual, corporal, musical, dentre outras.

É possível ler e decifrar, nas coisas, nos objetos, paisagens, gestos, atos, palavras códigos da cultura. A questão reside no fazer falar esse mundo dos objetos que age sobre as pessoas, revelando um potencial de sentido, que se desvela pela e na linguagem. A leitura da realidade ocorre pela via da palavra, assim como os significados das vivências são atribuídos também pela palavra.

Alexander Luria foi um dos estudiosos do processo de desenvolvimento mental humano. Eles acreditavam que, ao contrário do que acontece conosco, o comportamento animal tem uma estreita ligação com as motivações biológicas. A atividade dos animais é instintiva e profundamente marcada pela satisfação de suas necessidades naturais - a de alimento, de autoconservação e a sexual. O modo de perceber o mundo, de se relacionar com seus semelhantes e até de esforçar-se para adquirir novas habilidades, são determinadas por suas características inatas. Um exemplo é o leão-marinho, que pode fazer malabarismos com uma bola, já que a atividade pode ser cumprida com suas habilidades inatas:

A maior parte dos atos humanos não depende de inclinações biológicas. Ao contrário, a ação do homem quase sempre é motivada por necessidades complexas distantes anos-luz da "lógica" animal. O hábito de jejuar por motivos religiosos ou poupar recursos para garantir o futuro são exemplos. Ou seja, controlando seu comportamento de maneira intencional, ele é capaz de reprimir e até contrariar suas necessidades.

As reações dos animais se baseiam nas impressões imediatas, recebidas do meio exterior ou pela experiência passada. Eles são incapazes de fazer relações ou planejar ações, ao contrário do ser humano que, mesmo com fome, pode recusar um prato de comida se desconfiar que ele foi preparado sem higiene.

Mas nosso maior trunfo está na linguagem. Animais são capazes de se expressar, porém jamais usam signos para elaborar conceitos abstratos. Uma cegonha voando em bando pode soltar gritos avisando suas companheiras da presença de uma ave de rapina, mas nunca faria comentários sobre a beleza da paisagem que estão sobrevoando.

Por meio da linguagem, o ser humano desenvolve habilidades inalcançáveis por outras espécies. Ele é capaz de lidar com objetos do mundo exterior, mesmo quando esses não estão presentes. Se dizemos: "o vaso caiu", nosso interlocutor compreende o que aconteceu e até imagina o fato. A linguagem torna possível também analisar,

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