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Poggio Bracciolini (1380-1459).

Bibliografia: Poggio Bracciolini (1380-1459).. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  18/6/2014  •  Bibliografia  •  753 Palavras (4 Páginas)  •  235 Visualizações

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Poggio Bracciolini, chanceler e historiador de Florença foi o primeiro a ocupar-se da Vida de Tamerlão. A propósito da questão tipicamente humanística do valor relativo de armas e letras, não se decide sobre qual concede maior fama; afirma, porém, que o esquecimento das enormes vitórias e conquistas de Tamerlão mostra que mais facilmente as letras alcançam a fama a quem as cultivar assiduamente do que os feitos sem historiador. (Poggii Florentini Oratoris et Philosophi Opera, Basileia, 1538.) Tal como outros humanistas, também Poggio tentava persuadir os príncipes de que os respectivas feitos deveriam ser incorporados na memória da humanidade, através de trabalhos historiográficos bens pagos. Os materiais estavam disponíveis, como bem sabia Eneias Silvio Piccolomini ao dirigir-se a D.João II de Portugal, propondo-se celebrar as navegações. E afinal, Poggio lembrava-se bem de Tamerlão e não era o único a preocupar-se com a fama, um substituto atraente perante a dissolução da preocupação Cristã com o destino da alma.

A salvação eterna estava a ser paulatinamente substituida, desde o séc. XIII, pelo sentimento intramundano que atribui um significado imanente à existência humana. (Jakob Burckhardt, A Cultura do Renascimento na Itália, Parte II, cap.3). Num aspecto, a salvação pela fama assemelha-se à salvação pela graça; muitos são os chamados, poucos os escolhidos. O humanista pode imortalizar-se a si próprio. Mas o homem de estado e o grande capitão precisam dos bons ofícios de um historiador. Ademais, o domínio da acção é governado pela fortuna que favorece uns, fortuna secunda, e destrói outros, fortuna adversa. Nesta concepção renascentista da fama e da fortuna existe uma certa dignidade pagã que irá desaparecer com o impacto da sociedade competitiva pós-Reforma. No séc. XIX, a tensão entre o destino e o valor estará reduzido à atitude totalmente plebeia da sobrevivência dos mais aptos e que o sobrevivente é o melhor: O vencedor plebeu não deseja a sombra da fortuna; quer vencer por mérito próprio e exclusivo. No séc. XX surge a inclassificável postura de que "nothing succeeds like success": ao optimismo brutal dos colectivistas e materialistas de esquerda segue-se o optimismo hipócrita do materialismo de direita que ignora as vítimas. A adoração do sucesso faz coincidir as duas dimensões da acção - a dimensão do poder que leva à vitória e à derrota e a dimensão dos valores do bem e do mal. - e o fluxo da acção torna-se progressivo. Poggio, tal como Maquiavel, ainda admite uma tensão entre fortuna e virtù. Mas o seu pessimismo dará lugar ao idealismo dos renascentistas os quais, ao liquidarem a tensão entre fortuna e valor, existência e espírito, sapam as bases existenciais do Cristianismo.

Apesar de fraquezas humanistas e da proposta de auto-salvação pelas Letras, Poggio não é um megalómano; apenas está fascinado pela realidade do poder no seu tempo. Experimenta a sensação paradoxal de um homem que anda à caça de manuscritos antigos, a ponto de trapacear livreiros e praticamente roubar obras, mas que, simultaneamente, está saturado com a Antiguidade. A glória que foram Roma e Grécia já passaram; agora é preciso cantar a nova idade: "Eu não sou daqueles cuja memória do passado fê-los esquecer o presente". Mas onde situa ele grandeza do presente ? Não nas desordens europeias, nem

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