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Psico

Tese: Psico. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/6/2013  •  Tese  •  5.722 Palavras (23 Páginas)  •  410 Visualizações

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PSICOLOGIA ATPS – ETAPA 1-PASSO 1

Titulo:

Autor:

Cargo: SIGNIFICADO E SENTIDO NA APRENDIZAGEM ESCOLAR. REFLEXÕES EM TORNO DO CONCEITO DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

César Coll Salvador

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Resumo:

Existe atualmente uma coincidência em sublinhar, a partir de concepções e enfoques psicopedagógicos relativamente dispares, a importância da aprendizagem significativa como pconseguem promover o desenvolvimento pessoal dos alunos valorizam-se as propostas didáticas e as atividades de aprendizagem em função de sua maior ou menor potencialidade para promover aprendizagens significativas propõe-se procedimentos e técnicas de avaliação suscetíveis de detectar o grau de significância das aprendizagens realizadas, etc. Esta coincidência é, sem dúvida, surpreendente na medida em que as práticas educacionais, tanto as escolares como as não escolares , constituem um âmbito de conhecimento e de atividade profissional melhor propenso a polêmicas e a pontos de vista desencontrados.

Na realidade, a idéia ou, melhor dito, algumas idéias que subjazem ao uso atual do conceito de aprendizagem significativa contam com inúmeros antecedentes na história do pensamento educacional. Podemos nos remeter em primeiro lugar, à tradição centrada na criança dos movimentos pedagógicos renovadores do séculos, que funda suas raízes no pensamento de Rousseau e à qual pertencem autores tão destacados como Claparède, Dewey, Ferrière, Montessori, Decroly, Cousinet, Freinet e muitos outros que, além das diferenças entre suas respectivas colocações compartilham o princípio de auto-estruturação do conhecimento, isto é, vêem o aluno como o responsável último do seu próprio processo de aprendizagem, como o "artesão da sua própria construção" (Not, 1979). Em segundo lugar, cabe mencionar a tradição, mais recente, da hipótese da aprendizagem por descobrimento, desenvolvida nos anos sessenta, e das propostas pedagógicas que defendem o princípio de que o aluno adquira o conhecimento com seus próprios meios ou, como afirma Bruner em seu conhecido trabalho sobre o ato do descobrimento, "mediante o uso de sua própria mente" (Bruner, 1961).Em terceiro lugar, podemos citar as propostas pedagógicas inspiradas nas teses que podem ser sintetizadas na seguinte afirmação: o "princípio fundamental dos métodos ativos: compreender é inventar ou reconstruir por reinvenção" (Piaget, 1974).

Não se esgotam, no entanto, com estas referências, certamente ricas e variadas, os antecedentes do conceito de aprendizagem significativa, tal como é utilizada atualmente no discurso e na prática pedagógica. Numa tradição de pensamento distinta das anteriores, encontramos, por exemplo, os estudos e investigações sobre a curiosidade epistêmica e a atividade explorativa no domínio das teorias da motivação. Dado que, segundo os postulados da teoria da atividade (arousal), formulada por Hebb e Berlyne nos anos sessenta, a motivação para explorar, descobrir, aprender e compreender está presente em maior ou menor grau em todas as pessoas, a atividade exploratória converte-se num poderoso instrumento para a aquisição de novos conhecimentos. De um ponto de vista pedagógico, isto conduz à proposta de confrontar o aluno com situações que possuem uma série de características (novidade, complexidade, ambigüidade, incongruência, etc.) suscetíveis de ativar a motivação intrínseca e, deste modo, provocar uma curiosidade epistêmica e uma atividade exploratória dirigida a reduzir o conflito conceitual, a incerteza e a tensão gerada pelas características da situação (Farnham-Diggory, 1972).

Permita-nos citar ainda outro antecedente que mostra até que ponto o conceito de aprendizagem significativa é depositário de idéias e conotações que têm a sua origem em enfoques distintos, nem sempre totalmente compatíveis, do psiquismo humano. Refirimo-nos à concepção humanística da aprendizagem que está na base da proposta formulada por Rogers (1969), de ensino não-diretivo ou de ensino centrado no aluno. Esta proposta , que se caracteriza, entre outras coisas, por acolher a aspiração ancestral de uma educação adaptada às necessidades de cada indivíduo, situa o desenvolvimento pessoal do aluno no centro do processo educacional e aponta como fim prioritário da educação que a pessoa funcione de maneira integrada e efetiva, que construa a sua própria realidade, que encontre a sua identidade particular. Lembre-se, por exemplo, a insistência dos autores humanistas em aprender a perceber, a conhecer, a sentir a vida (feeling life) e a própria identidade como objetivos fundamentais da educação.

Mas é, talvez, na crítica que os autores humanistas dirigem à "aprendizagem extrínseca" e nas alternativas que propõem à mesma onde encontra-se um maior paralelismo com o conceito de aprendizagem significativa. Maslow (1968) denomina de aprendizagem extrínseca à aquisição de conteúdos externos à pessoa, impostos culturalmente, alheios à sua identidade e que pouco ou nada têm a ver com o que há de peculiar, idiossincrático, de definitório, em cada ser humano. A maior parte das teorias da aprendizagem e dos modelos educacionais repousam, segundo este autor, sobre uma concepção extrínseca da aprendizagem, ignorando sistematicamente os valores, fins, sentimentos e atitudes do aluno. Daí que a educação que se transmite habitualmente nos centros escolares seja impessoal, concentrada no professor, extrínseca, utilitária, diretiva e, em última instância, irrelevante para as necessidades individuais do aluno.

Antes da aprendizagem extrínseca, há outra que ocorre à margem do sistema escolar e que surge diretamente das experiências pessoais. É através destas experiências pessoais, de uma série de aprendizagens fundamentais intrínsecas que aprendemos mais sobre nós mesmos e chegamos a descobrir e reconstruir a nossa própria identidade. A partir disso, as orientações para erradicar a aprendizagem extrínseca da educação formal são bem conhecidas: que os alunos decidam por si mesmos o que querem aprender, pois só eles podem saber o que se adapta melhor à sua individualidade, às suas necessidades básicas, dar prioridade ao objetivo de aprender a aprender antes do objetivo de habilidades ou conteúdos, praticar a auto-avaliação como a única forma de avaliação relevante, prestar uma atenção especial à educação da sensibilidade e dos sentimentos, eliminar qualquer componente ameaçador

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