Diferença Nas Diferenças?

"Wieviorka traz a problematização das diferenças em meio às próprias diferenças. Para tanto, é feito um recorte para tratar das diferenças, que são os meados dos anos 1960 e segue nos anos 1970 e 1980 considerando o contexto histórico e social. Para o autor, a diferenças passaram a ser suscetíveis a ordem mundial e esta questão tornou-se global, sendo que algumas vezes surge como um problema interno, outras como um problema externo e ainda pode aparecer misturando estas duas variáveis. E uma das orientações que se manifesta na tensão das ciências sociais acerca deste assunto afirma que a existência das diferenças é uma interpelação das sociedades interessadas, um questionamento da sua capacidade de integração, um desafio para o seu funcionamento, uma pressão sobre a sua estrutura social. A outra orientação valoriza a subjetividade pessoal e coletiva dos atores culturais ou religiosos, acreditando que elas contribuem para a ‘fluidez’ generalizada das sociedades.

Classicamente, a ideia central para as diferenças é a construção da integração, da assimilação. Nas perspectivas mais recentes, por vezes qualificadas de pós-modernas ou pós-coloniais, há a valorização das diferenças e de seus pedidos de reconhecimento como minorias específicas.

As diferenças tratadas são variadas e podem ser referentes a fenômenos culturais, religiosos, ou etnicorraciais, sendo que esta última qualificação, na visão do autor, só pode ser admitida se estiver

claro que não se trata da natureza, nem da essência, mas tão somente de uma produção social.

Seguindo esta linha de pensamento, tratar as diferenças na perspectiva de evocar um retorno poderia

desagradar os herdeiros do Iluminismo e agradar os pós-modernos que insistem em denunciar os

prejuízos provocados pelo progresso e pela razão instrumental.

Sabe-se que ocorreu um avanço na compreensão das diferenças culturais, mas este avanço representa

tolerância e respeito às diferenças? Este assunto se debruça no último ponto que será tratado acerca

do texto, que é a vitimização. O autor trata da vitimização proposta pelos grupos, e chega a parecer

que a ideia no texto é a de que os grupos se vitimizam como instrumento de alcance de resultados.

Fica perguntas acerca da vitimização, pois os grupos se vitimizam ou simplesmente mostram a

realidade? E, se existe uma vitimização, esta ocorre como ‘coitadização’? Ou ocorre como uma

estratégia para que os grupos ganhem legitimidade e visibilidade em busca de determinados direitos?

E se for uma estratégia, a vitimização pode ser julgada como certa ou errada?

Enfim, são questões para pensarmos."