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Emile Durkheim

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Por:   •  15/9/2014  •  Tese  •  1.142 Palavras (5 Páginas)  •  295 Visualizações

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Émile Durkheim (1858-1917) foi um importante pensador francês, que consolidou a Sociologia como ciência. Além disso, foi o primeiro a oferecer um curso de Sociologia em uma universidade francesa e lançou, também, uma importante revista para a divulgação de pesquisas sociológicas.

Enquanto Comte fundamentou a Sociologia com base nas Ciências Naturais, Durkheim se empenhou em fazer da Sociologia uma ciência independente e com método próprio. Entretanto, muitas ideias de Comte influenciaram Durkheim, tais como a noção de lei, a busca por regularidades, isto é, por fatos recorrentes e por isso esperados em diferentes sociedades, a tradição positivista.

Durkheim definiu a Sociologia como a Ciência do Social, afirmando que ela:

• É uma ciência positiva.

• Conduz ao estabelecimento de leis, por meio da observação e da experimentação indireta.

• Tem como objetivo investigar a constituição e o funcionamento das instituições sociais, ou seja, das crenças e dos comportamentos humanos.

É importante destacar que o esforço de Durkheim se concentrou em diferenciar a Sociologia das demais ciências. Foi dessa forma que o autor apontou o Fato Social como o foco da análise sociológica.

O fato social possui como características a coercitividade, a exterioridade e a generalidade, e deveria ser tratado como coisa, ou seja, como um objeto, mesmo sendo referência à vida social dos seres humanos. Isso implica a necessidade de o sociólogo afastar a análise de fatos sociais das concepções e opiniões próprias. Por outro lado, o fato social não poderia ser visto como natural ou resultado de escolhas e gostos, mas ser tomado como algo dado e imposto pela sociedade aos indivíduos.

Tal aspecto exemplifica a postura empirista de Durkheim de tratar os fatos sociais como coisas, como objetos que, por estarem "fora" dos indivíduos, poderiam ser vistos e estudados pelos sociólogos.

Segundo Durkheim, a sociedade exerce uma primazia sobre o indivíduo, ou seja, ninguém é o que quer, mas o que a sociedade quer que seja. Os indivíduos passam e a sociedade fica, ou seja, os indivíduos morrem e a sociedade continua. Dessa perspectiva, ele afirmava que em cada contexto social existem diferentes tipos de fatos sociais, que são reproduzidos pelos indivíduos e, por esse motivo, estes são diferentes entre si.

É a sociedade que determina o modo de viver dos indivíduos, por isso o que se consideram como escolhas individuais são, na verdade, reflexos de padrões sociais que são reproduzidos automaticamente pelos indivíduos, sem que estes tenham consciência que isso acontece pelas imposições, pela força determinante que a sociedade exerce sobre eles. Por exemplo, comer não é um fato social, é natural; se um indivíduo não come, ele morre. Entretanto, o que se come é um fato social, isto é, a sociedade é que determina o que o indivíduo gosta de comer, por mais que ele ache que isso é decorrência de sua própria vontade. Lembrando que as exceções, ou melhor, indivíduos que vivem de maneira diferente dos demais em uma sociedade, não eram para Durkheim objeto de análise da Sociologia, mas sim da Psicologia.

Para entender as instituições, Durkheim se valia da comparação com organizações de diferentes tempos históricos, buscando assim desvendar as leis que determinavam a evolução dos sistemas. Por esse aspecto, ele apontou que existem as Sociedades Simples e as Sociedades Complexas, destacando que, com o passar do tempo, as sociedades simples evoluem e se tornam sociedades complexas. Nas Sociedades Simples existe uma organização social fundamentada na solidariedade mecânica, isto é, em uma solidariedade com autonomia, a partir da qual, na estrutura social, os indivíduos não estão ligados uns aos outros, ou seja, são independentes. Já nas Sociedades Complexas, a organização social é fundamentada na solidariedade orgânica, um tipo de solidariedade que implica dependência; em outras palavras, na estrutura social, indivíduos estão ligados uns aos outros, ou seja, são dependentes.

Na época de Durkheim, a França estava sofrendo alterações políticas e sociais, resultantes das novas ideias surgidas com a Revolução Francesa. Era também marcada pela pobreza, pelo desemprego e por muitos fluxos migratórios. O Estado francês estava em busca da consolidação de uma nova ordem social e para tanto havia uma busca pela coesão social.

Diante disso, Durkheim afirmava que a coesão social estava associada à moral. Portanto, trabalhar com a questão moral era o caminho para se perpetuar hábitos, costumes, crenças, etc., socialmente esperados. Ele, então, destacava que os professores deviam atuar na construção da moral, já que considerava a escola como a chave para a conquista da coesão e do equilíbrio social.

Portanto, para Durkheim, a escola era vista como um instrumento de regulação social e a educação era tomada como um fato social, de forma que a escola teria a função de intermediar a coerção que a sociedade exerce sobre o indivíduo.

A escola socializa o indivíduo, ou seja, o prepara para a vida em sociedade. Para tanto, a instituição escolar internaliza no indivíduo os traços constitutivos dos meios morais e das formas de viver da sociedade em que está inserido: pensamentos, atitudes, símbolos, regras,etc. Esse quadro deixa evidente que as práticas pedagógicas adotadas na educação são vinculadas à estrutura social, isto é, cada sociedade tem um tipo de educação porque deseja formar indivíduos a partir do que ela própria é.

Na visão de Durkheim, nas sociedades complexas, com baixa coesão social resultante da pouca força da consciência coletiva, a escola é fundamental para a socialização da moral primordial para o equilíbrio da sociedade. Em outras palavras, a escola deveria preparar os indivíduos para a vida em sociedade, de modo a garantir que estes, moralmente, estivessem preparados para estabelecer relações harmônicas entre si e, consequentemente, garantir o equilíbrio da vida social.

Conceitos Fundamentais

Anomia – conceito utilizado por Durkheim para descrever os sentimentos de falta de objetivos e de desespero causados pelo processo de mudanças do mundo moderno, que geram uma diminuição das normas sociais sobre os comportamentos individuais. Leva à desorganização social.

Consciência coletiva – modos de pensar e sentir compartilhados pelos membros de um determinado grupo social, em um determinado momento histórico e social.

Fato social – na perspectiva de Durkheim, consiste nos aspectos da vida social que modelam as ações dos indivíduos, sendo condicionado pela coercitividade, pela exterioridade e pela generalidade.

Objetividade – prática que pressupõe método e imparcialidade.

Socialização – na perspectiva durkheiminiana é o mesmo que educar, isto é, internalizar os traços que constituem os meios morais que cercam o indivíduo.

Sociedade Complexa – desfruta da solidariedade orgânica, revela forte consciência coletiva, apresenta interdependência na divisão do trabalho, tem o predomínio do direito restitutivo, os vínculos sociais são fortes e o volume populacional é alto.

Sociedade Simples – desfruta da solidariedade mecânica, revela fraca consciência coletiva, apresenta autonomia na divisão do trabalho, tem o predomínio do direito repressivo, os vínculos sociais são fracos e o volume populacional é baixo.

Solidariedade – forma como as sociedades se estruturam; laço social que une os membros de um grupo social e estabelece uma relação de interdependência entre eles.

Solidariedade Mecânica – solidariedade fundamentada na autonomia entre os indivíduos.

Solidariedade Orgânica – solidariedade fundamentada na dependência entre os indivíduos.

Referência

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