Movimentos Sociais

MOVIMENTOS SOCIAIS

1. Inconfidência Mineira

1.1 Qual a conjuntura histórica de surgimento do movimento? Quais interesses estavam em disputa?

A inconfidência mineira foi uma conspiração que ocorreu em 1789, gerada pela insatisfação de uma elite mineira, da cidade de Vila Rica, contra a intensificação de impostos por parte do governo português.

Portugal criou medidas rigorosas de controle fiscal sobre o Brasil, proibindo a colônia de exercer atividades artesanais, de criar indústrias e estipulando altas taxas de impostos, principalmente sobre a extração de metais preciosos, como o ouro, que eram encontrados em larga escala no Brasil, especialmente na região de Minas Gerais.

Um dos impostos existentes era o quinto, que consistia na cobrança de um quinto da quantidade de ouro extraído anualmente. Qualquer um que fosse descoberto com ouro ilegal, ou seja, que não tivesse pago o quinto, poderia sofrer penas rigorosas.

Mesmo assim, os valores do quinto não eram totalmente pagos, não sendo atingida a meta estipulada pela metrópole, assim os valores atrasados eram acumulados.

Com a intensa exploração, as reservas de ouro foram diminuindo e, como as metas de impostos não eram alcançadas, Portugal decidiu criar um novo imposto, a derrama, que era uma taxação obrigatória a todos os homens bons que deveriam pagar, mesmo à força e através do confisco de bens, a quantia faltante da meta de arrecadação de ouro imposta, cerca de 1500 Kg por ano.

Insatisfeitos com as cobranças e influenciados pelos ideais iluministas e pela independência dos Estados Unidos, foi então formada a conjuração mineira, com a intenção de acabar com o domínio português na região de Minas Gerais, com interesses principalmente econômicos, pois isso impediria a cobrança de impostos sobre o ouro extraído.

1.2 Qual era o sujeito social do movimento?

A conjuração mineira era formada por intelectuais mineiros e pela elite de Vila Rica, que viram seu patrimônio ameaçado com a cobrança da derrama. Assim, o grupo se constituía de escritores, como os poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, coronéis, padres, mineradores e membros do exercito, como o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que tinha o apelido de Tiradentes.

A revolta estava prevista para o dia da cobrança da derrama, pois os membros da conjuração esperavam ganhar o apoio da população.

Porém, com a traição de um dos membros do movimento, os demais foram presos pela Coroa Portuguesa. A maioria dos inconfidentes foi degredada para a África, menos Tiradentes, que assumiu as acusações sendo enforcado e esquartejado; as partes de seu corpo foram espalhadas por cidades vizinhas para inibir a formação de outros movimentos semelhantes à inconfidência mineira.

1.3 Qual sua visão de mundo/ideologia?

A ideologia dos inconfidentes estava centrada a principio na independência, não só política como econômica, da região de Minas Gerais, para que fosse possível usufruir plenamente dos recursos minerais extraídos na região. Havia também uma ideia de igualdade social, provinda do iluminismo, porém essa igualdade não incluiria a abolição da escravidão, pois muitos dos conjurados utilizavam esse tipo de mão de obra.

1.4 Havia um projeto político? De conservação ou de transformação?

Pretendia-se, com o fim do domínio português na região, a criação de um país livre, porém limitando-se a principio a Minas Gerais, pois na época ainda não se havia formado a ideia de uma identidade nacional.

A forma de governo que seria instaurada seria uma Republica, com a criação de uma constituição, como a criada nos Estados Unidos e vários parlamentos, de forma a dividir o governo no território mineiro, que teria como capital São João D’El Rei.

1.5 Quais foram as consequências da sua ação?

A princípio não houve consequências reais, visto que com a traição cometida por um dos membros do grupo, Joaquim Silvério dos Reis, a revolta planejada não chegou a ocorrer.

Os inconfidentes foram presos e negaram todas as acusações, sendo a maior parte deles exilados na África ou perdoados, exceto por Tiradentes, que não negou as acusações e foi executado.

Com o passar do tempo e a necessidade de criação de uma identidade nacional, o movimento da conjuração mineira foi retomado e exaltado, transformando-se assim em referência na resistência à dominação e luta por independência. Com essa valorização do movimento, Tiradentes foi transformado em herói e mártir da inconfidência, sendo todo esse movimento considerado como precursor da independência do Brasil, tanto é que a bandeira do movimento foi utilizada na criação da bandeira atual do estado de Minas Gerais.

2. Revolução Farroupilha

2.1 Qual a conjuntura histórica de surgimento do movimento? Quais interesses estavam em disputa?

A Revolução Farroupilha ocorreu no atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul, na época província de São Pedro do Rio Grande do Sul, durante o império de Dom Pedro I. O auge da revolução com a República Rio-Grandense compreender entre os anos de 1835 e 1846, porém deve seus primeiros sinais no início do século XIX e se estende com consequências até hoje.

O principal conflito gerador de tal revolta foi de caráter político, com a disputa entre liberais, que defendiam uma maior autonomia às províncias, e a constituição de Dom Pedro I, que era de caráter unitário.

Além do fatore descrito acima, outros fatores considerados relevantes para o estopim da revolta foram: a concorrência desleal entre o charque gaúcho e o internacional, sendo este último de menor valor pelos benefícios com relação a impostos de importação; e proximidade com o Estado Oriental, atual Uruguai, que possuía influência da Revolução Francesa.

Os interesses que se desejava eram um maior reconhecimento da região sul por parte do governo central, já que famílias da região ajudavam a defender as fronteiras do país; e monopólio do charque para o mercado interno, já que tal produto era o principal produzido na província e impedia um maior desenvolvimento econômico.

2.2 Qual era o sujeito social do movimento?

Os Farrapos, grupo que ia contra o governo central, foi composto tanto por grandes fazendeiros produtores de charque, como também pelo povo.