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O Forró Universalisado

Por:   •  27/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.157 Palavras (9 Páginas)  •  172 Visualizações

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Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais

Introdução à Sociologia – Alexandre Werneck

Rio de janeiro, dezembro de 2014.

Guilherme Celestino Souza Santos | DRE: 111496126 (Licenciatura em Filosofia)

paradigma_x@hotmail.com

FORRÓ UNIVERSALIZADO – A presença do Forró no Divertimento Noturno dos Universitários

Introdução

O forró é um ritmo musical brasileiro surgido no nordeste e se tornou popular em todo país na era do rádio, em especial com o estrondoso sucesso de figuras como Luís Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. Um ritmo muito propício à dança de casal e por isso muito popular, um divertimento popular que basta alguns instrumentos e chão disponível para se formar verdadeiros bailes. Sua popularização se deu também muito pelo aproveitamento dado por alguns artistas Pop, como Moraes Moreira, Raul Seixas, Alceu Valença que elaborando fusão com outros ritmos, como Rock, o Afoxé e o Samba, mostram a pertinência do Forró não apenas na cultura popular, mas também na cultura Pop.

Desde a década de 1990, o forró e seus congêneres, baião, xaxado, pé de serra, xote, se tornou o estilo musical pivô de um tipo de festa voltada para um público universitário, de classe média morador dos centros urbanos no Sudeste. Um fenômeno que os jornalistas na época apelidaram de “Forró Universitário”, e que vem até hoje sendo central a shows e festas de entretenimento em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Nosso objetivo aqui é investigar essa presença do Forró em um grupo social tão distante do que aquele que foi o da sua origem. Nossa investigação é tentar entender qual o sentido do Forró hoje em tais eventos, porque esse ritmo musical é buscado, e o que há em torno dele que o faz ser objeto de interesse privilegiado.

Para isso iremos analisar uma festa bastante conhecida na cidade do Rio de Janeiro, o "Forró da Lapa" que ocorre semanalmente na Estudantina Musical na Praça Tiradentes do Rio de Janeiro, há alguns anos. Foi elaborado um questionário a partir do qual são investigadas pelo menos três pessoas, em cada um dos grupos que dividimos em: artistas, produtores, e frequentadores. Em cada um tratamos de tentar perceber e analisar os significados possíveis do Forró, as diversas atribuições conferidas ao Forró em relação ao evento noturno.

  1. considerações metodológicas prévias

Iremos aqui esboçar a compreensão desse fenômeno da universalização do Forró, a partir da observação das intenções envolvidas segundo os "tipos médios" que a sustentam. Nossa inspiração aqui é claramente Weberiana, e nossa divisão em três grupos de interesse o toma como base.

Artistas – encontramos nesse campo todos os que trabalham diretamente com a criação, interpretação e execução musical. Que tem um envolvimento profissional com o evento na medida em que a música se tornou uma atividade remunerada na sua vida, mas que lida com a música muitas vezes com objetivos estéticos que transcendem o profissional. Muitos artistas ligados ao Forró são militantes do estilo musical nordestino, e fazem da música veículo ideológico da sua militância.

Produtores – São todos que concebem comercialmente o evento, são os prestadores de serviço que tomam o evento do Forró como um empreendimento e visam oferecer um bom entretenimento aos frequentadores, com o objetivo de remunerarem suas atividades e dos demais envolvidos na produção. Não é incomum alguns envolvidos na produção terem engajamento estético tal como o que encontramos nos artistas.

Frequentadores – São todos os que visitam a festa do Forró, com seus próprios interesses, que em geral estão ligados ao entretenimento e apreciação musical. No ponto de vista da cadeia produtiva, são os consumidores, mas existe toda uma vida cultural dos frequentadores que é acionada com sua estadia na casa de show do forró.

Nossa investigação pretende ir a campo municiado dessas categorias, mas aberto para o que pode vir da investigação que possa modificar e questionar tais conceitos. Tentaremos no campo enxergar o que leva cada um ir para uma festa de Forró, e qual o papel específico deles nessa estadia lá. Nossa estratégia será a aplicação de um questionário a pessoas intuitivamente selecionadas como representantes significativos.

  1. Questionário

Nome:

Sexo:

Escolaridade:

Grupo investigado:

1)Qual a frequência mensal com que você costuma sair a noite?

2) Quantas vezes nessa frequência você prefere uma festa ou show de Forró?

3) Qual a importância do Forró para você?

4) Na sua opinião quais são os três maiores interesses de quem visita o Forró da Lapa?

  1. Ida a Campo

A ida ao Campo se deu em 9/12/14, noite de verão bastante quente, mas certamente  uma noite agradável para a dança e para o divertimento com os amigos. O local encheu bastante especialmente depois da meia-noite. Na calçada da entrada se aglomeravam as pessoas de maneira farta e espaçosa, pois lá é bastante amplo, um setor que foi beneficiado com as recentes melhorias na Praça Tiradentes. Lá se acumulavam frequentadores que saiam para tomar um ar, fumar, pessoas que ali estacionavam e ficavam, pequenos comerciantes que vendiam doces, artesanato, cerveja, água, etc.

Quando cheguei a banda já estava tocando seu primeiro set. Consegui no intervalo falar com alguns dos integrantes da banda. A banda que tocava se chama “Fulano de Quê”, e faz arranjos forrozeiros bem orquestrados, tocam canções em geral bastante conhecidas pelo público. A entrada dá para uma escada, no topo se chega ao salão, que ao fundo dispõe de dois caixas, bar e banheiros para ambos os sexos. O salão é espaçoso, mas ao longo da noite se tornou bem cheio, a impressão é que quase todos que lá estão dançam, muitos saem bastante suados. No andar superior há um mezanino onde fica a chapelaria e em um espaço isolado o DJ e os técnicos da mesa de áudio.

A animação na parte exterior era tanta que certa hora surge um sax, um pandeiro e uma zabumba tocando em paralelo um forró, e muitos dançam lá fora mesmo. Aliás, embora na parte externa, as pessoas parecem mais tímidas para dançar, alguns dançam livremente na calçada da Praça Tiradentes que faz porta com a Estudantina.

As entrevistas foram na maior parte na calçada externa de fronte à Estudantina, no Mezanino e no Bar. Não houve entrevista no salão de dança porque seria algo inexequível devido à movimentação da dança. As pessoas no geral foram muito receptivas às entrevistas. Conta o fato que eu frequento bastante esse local, já há algum tempo, muitos dos entrevistados são meus conhecidos e amigos, muito das referências que citaram, são referências que fazem parte do meu universo. No Forró da Lapa eu frequento há pelo menos três anos, chegando a ter épocas que praticamente fui toda semana. Mesmo assim já fazia pelo menos dois meses que eu não vinha a esse Forró específico.

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