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A INVENÇÃO DA ÁFRICA

Por:   •  24/2/2018  •  Relatório de pesquisa  •  1.445 Palavras (6 Páginas)  •  137 Visualizações

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A INVENÇÃO DA ÁFRICA

 Discurso do poder e conhecimento da alteridade

Pretende-se fazer uma abordagem no que concerne ao 1º capítulo da obra de Mudimbe que fala do discurso do poder e conhecimento da alteridade. Os colonialistas nunca souberam valorizar o conhecimento do africano, tendo interpretado a sua epistemologia a maneira ocidental e não lhe reconhecendo a sua alteridade.

No que concerne à disputa e colonização da África pode-se afirmar de que este processo durou menos de um século, isto é, entre o século XIX e meados do século XX. A história africana de colonização significou a negação de dois mitos: o quadro hobbesiano de uma pré-europeu África e a imagem rousseauniana de uma idade de ouro africana de perfeita liberdade, igualdade e fraternidade. Os colonialistas pretendiam organizar e transformar os espaços africanos em construções fundamentalmente europeus. E para concretizar esse processo de organização e transformação, eles criaram três hipóteses que foram: a dominação do espaço físico, a reforma das mentes dos nativos e a integração das histórias económicas locais para a perspectiva ocidental; essas hipóteses constituíam a estrutura colonizadora em vista a regeneração do espaço africano e de seus habitantes.

Na perspectiva de Cesaire, a grande tragédia histórica de África foi de que a Europa havia começado a se propagar em um momento que tinha caído nas mãos dos financistas mas sem escrúpulos e capitães da indústria.

Para Fieldhouse, o colonialismo foi um histórico acidente, pelo facto de que grande parte daquilo que foi feito pelos colonos não ter sido planeado e esse acidente não era a pior coisa que poderia ter acontecido com o continente africano. Para Schumpeter, o colonialismo não obedeceu a lógica, foi irracional e Clark vem acrescentar ainda dizendo que para além de ser irracional também foi ruinoso.

Em contrapartida das ideias acima expostas, Baran, Gunder-Frank e Wallerstein defendem que o colonialismo foi bastante coerente com seus próprios interesses e objectivos económicos. Por isso, houve a implementação de quatro propostas políticas principais: a prioridade dada para a revolução industrial através da revolução agrícola, promoção simultânea de todos ramos da indústria, ênfase no terciário e actividades de serviço e a preferência às explorações em detrimento do total sistema económico. A partir dessas propostas politicas, pode-se afirmar de que no sistema capitalista mundial existem certas partes do sistema que se desenvolvem a custa de outras, o subdesenvolvimento das dependência não é apenas uma ausência de desenvolvimento, mas também de uma estrutura organizacional e a falta de dependências da capacidade estrutural para a autonomia e sustentado crescimento.

Bairoch defende que a estrutura colonizadora foi responsável pela produção de sociedades marginais, culturas e seres humanos.

Esta dicotomia criada pela estrutura colonizadora é um sinal de eurocentrismo, que é um modelo que domina nosso pensamento e dada sua projecção em escala mundial pela expansão do capitalismo e fenómeno colonial e esta dicotomia fez com que surgisse um grande número de oposições paradigmáticas, tradicional contra moderna; oral versus escrito e impresso; comunidades agrárias e tradicionais contra a civilização urbana e industrializada; economia de subsistência contra economias altamente produtivas.

Nos níveis cultural e religioso, houve uma quebra cultural e religiosa no esquema da maioria das tradições africanas através de escolas, igrejas, imprensa e meios audiovisuais que defendiam novas atitudes que eram contraditórias e modelos complexos em termos de cultura e valores espirituais. Duma maneira mais específica, pode-se dizer que as formas e formulações da cultura colonial e os seus objectivos foram de alguma forma os meios de banalizar todo modo de vida tradicional e espiritual do africano.

Diante dessa confusão, encontra-se o marginality que é o espaço intermediário entre a tradição africana e a modernidade projectada pelo colonialismo e revela uma forte tensão entre uma modernidade que muitas das vezes é uma ilusão de desenvolvimento e uma tradição que às vezes reflecte uma má imagem de um passado mítico.

Formações discursivas e alteridade

Burgkmair, através da leitura da descrição de Springer de sua viagem, tentou criar uma imagem dos negros usando um modelo branco, olhando o corpo pálido, imaginou esquemas para transformar em uma entidade preta. O modelo tinha como intuito avaliar como as normas de similitude e sua própria criatividade iria conferir tanto uma identidade humana e uma diferença racial a sua tela. Se for bem sucedido, a pintura seria na sua originalidade uma celebração e um lembrete da ligação natural conectando seres humanos e, ao mesmo tempo, uma indicação de origem racial ou cultural diferente. E da análise entre figuras brancas e pretas nas pinturas, pode-se procurar uma visão que se refere a explicações convencionais, tais como o sentido das características e a ideia de design. Este complexo jogo de cores em harmonia e da oposição entre o branco e o preto são referências intelectuais e conscientes.

A pintura final de Burgkmair foi de três figuras pretas: um menino, um homem e uma mulher sentada com um bebé pressionado contra o peito e todos estão nus e têm ou pulseiras ao redor de seus braços ou quatro cordas em volta do pescoço e são sinais claros de que eles pertencem a um universo selvagem que expressa uma ordem discursiva. Em suma, na pintura de Burgkmair há duas actividades de representação, por um lado, sinais de uma epistemológica ordenação que indica os processo de integração e diferenciando figuras dentro da mesma normativa e, por outro lado, a excelência de uma imagem exótica que cria uma distancia cultural através da nudez, escuridão, cabelo crespo, pulseiras e colares de pérolas.

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