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Movimentos Sociais

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Por:   •  21/3/2015  •  2.050 Palavras (9 Páginas)  •  307 Visualizações

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1. Introdução

Este trabalho pretendeu discutir questões pertinentes ao universo historiográfico referente aos movimentos sociais, enfatizando, sobretudo, pontos que versaram sobre as abordagens teóricas e metodológicas realizadas sobre o tema. Para tanto, adotou-se como objetivo precípuo o resgate de um debate acerca dos movimentos sociais, ressaltando, sobremaneira, aspectos conceituais e teóricos inerentes tanto às tradicionais quanto às novas formas de ação coletiva.

Pertencente à esfera de pesquisa da história social ou como lembrou Hobsbawm (1998), história da sociedade, por se tratar de um termo mais abrangente, os estudos sobre os movimentos sociais figuraram nos últimos dez ou quinze anos, entre as temáticas de trabalho mais estudadas, demonstrando, com isso, uma preocupação em desvendar e trazer para a superfície das discussões e interpretações acadêmicas a história do âmbito social matizada por unidades particulares de pessoas que se encontravam juntas. Obviamente, como pontuou Evers (1984), unidades específicas de indivíduos inseridos no contexto social e político dominante de seus respectivos países.

Visto por este viés, a valorização dos estudos centrados nos movimentos sociais tratou de expor, por seu turno, uma história de baixo para cima resgatando a imagem das pessoas comuns que se encontravam as margens dos centros das decisões políticas, uma vez que, significativa parte da história que era produzida no século XIX, principalmente, através do Positivismo, estava expressamente inclinada a ovacionar as realizações dos governantes.

2. Discutindo e conceituando os movimentos sociais

Levando em consideração as informações elencadas pelos textos dos autores: Melluci (1989), Gohn (1997), Evers (1984), Telles (1994), Touraine (1973), já foram elaborados uma série de conceitos sobre os movimentos sociais, cada qual abordando ou explicitando um determinado ponto em especial.

Como lembrou Melluci, ação coletiva podia ser vista e pensada de duas maneiras: ou ela seria o resultado de crises estruturais que se manifestariam na sociedade ou, ainda, ela poderia ser tratada, apenas, como uma expressão de valores e crenças compartilhados. Estes pontos de vista em relação a ação coletiva impediam que ela fosse concebida como um sistema de relações.

Touraine foi um dos autores que construiu seu arcabouço teórico sobre elementos vinculados a uma abordagem de aspecto estrutural que identificava os movimentos sociais como condutas coletivas agregadas às lutas por interesses, por assim dizer, a ação conflitante de agentes de classes sociais lutando pelo controle do sistema de ação histórica.

Contudo, pressupostos teóricos desta natureza abriram mão de explicar como os movimentos se constituíam e, além disso, como conseguiam manter em funcionamento a sua estrutura. As teorias estruturais minimizavam o nível de consideração sobre a ação coletiva concreta e os atores.

Obviamente, o caminho de análise traçado por Touraine não pode ser visto aqui como um equívoco absoluto, afinal de contas o seu trabalho foi considerado como um clássico dentro do campo de estudos dirigidos aos movimentos sociais, mas isso não impede que as suas análises sejam complementadas por outros pontos de vista. Neste caso, acredito que a orientação de pesquisa que foi proposta por Melluci apresentou um grau de coerência que não deve ser deixado para segundo plano, haja vista que o entendimento sobre a ação coletiva: tem de ser considerada como uma interação de objetivos, recursos e obstáculos, como uma orientação intencional que é estabelecida dentro de um sistema de oportunidades e coerções. Os movimentos são sistemas de ação que operam num campo sistêmico de possibilidades e limites. É por isso que a organização se torna um ponto crítico de observação, um nível analítico que não pode ser ignorado. O modo como os atores constituem sua ação é a conexão concreta entre orientações e oportunidades e coerções sistêmicas.

Desta forma, a explicação que se formaria sobre os movimentos sociais não ficaria reduzida apenas às condições socioeconômicas predominantes, frisando as lutas de classe em busca da tomada do poder por uma delas, em específico, a classe operária, mas procuraria ir além e destacar o campo de atuação destes e também de outros atores da sociedade, apresentando e discutindo as suas formas de organização, bem como as potencialidades e as limitações de suas atitudes.

Consoante ao campo de organização política das condutas coletivas, no qual se visualizaria as possibilidades de ação dos atores coletivos, este se erigiria, como mostrou Gohn (2001), em função dos conhecimentos adquiridos acerca dos direitos e dos deveres dos cidadãos na sociedade o que levaria, por sua vez, a estruturação de um grupo que por portar objetivos e interesses comuns entre seus integrantes acabaria construindo uma identidade. Além do mais, como lembraram os historiadores marxistas britânicos, segundo Kaye (1988), as lutas e os movimentos dos quais determinados grupos participariam, contribuiriam significativamente para o desenvolvimento histórico da sociedade, tendo em vista o acúmulo de experiência gerado e assimilado pelo imaginário coletivo do grupo fornecendo, com isso, elementos para a compreensão do presente.

Feito todas estas ponderações, o mais interessante a fazer neste instante é conceituar claramente o que são movimentos sociais. Neste sentido, pessoalmente comungo das ideias suscitadas por Gohn e também por Melluci. Para este autor, o sustentáculo de uma ação coletiva se caracterizaria pelo princípio da solidariedade, desenvolvendo um conflito e rompendo os limites do sistema em que ocorre a ação. Assim como Melluci, Gohn também enfatizou os ideais de solidariedade e de conflito. Para a autora: movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam a partir de repertórios criados sobre os temas e problemas em conflito, litígios e disputas vivenciados pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria uma identidade coletiva para o movimento, a partir dos interesses em comum. Esta identidade é amalgamada pela força do princípio da solidariedade e construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos compartilhados pelo grupo, em espaços coletivos não-institucionalizados. Os movimentos contribuem para o desenvolvimento e a transformação

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