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Platão

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Por:   •  7/5/2013  •  4.281 Palavras (18 Páginas)  •  594 Visualizações

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Platão

Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., e morreu em 348 ou 347 a.C. A vida de Platão transcorreu, portanto, numa época em que a liberdade política dera à Grécia – em particular a Atenas – excepcionais condições de desenvolvimento econômico e cultural. Atenas atingira o apogeu em todos os setores, nessa cidade-Estado (pólis) firmara-se o regime democrático, embora perdurassem tensões e lutas entre facções políticas: democratas, oligarcas, aristocratas.

De família tradicional e aristocrata, Platão descendia do grande legislador Sólon e era parente de Cármides e Crítias, dois dos “30 tiranos” que assumiram o poder, por algum tempo, em Atenas. Desse modo conhecia bem os bastidores da cena política e era natural que dela pretendesse participar. Ele mesmo o confessa, numa carta que escreveu a amigos, já no final da vida:

Outrora, em minha mocidade, tive a mesma ambição que muitos jovens. Prometi a mim mesmo que desde o dia em que fosse senhor de minhas ações, entraria imediatamente na carreira política.

(Carta VII – Platão aos parentes e amigos de Dion)

Jovem ainda, Platão interessou-se também pela filosofia. Primeiro, por intermédio de Crátilo, pensador que adotava, de forma certamente empobrecida, a tese de Heráclito de Éfeso sobre o movimento universal que transforma incessantemente todas as coisas. Mas o grande acontecimento da mocidade de Platão foi encontrar Sócrates, o conversador insaciável, o perguntador implacável, espécie de vagabundo loquaz. Sócrates afirmava saber apenas que nada sabia. E por isso perguntava. Atribuía-se uma missão, que lhe teria sido confiada pelo deus que se manifestava através do oráculo de Delfos: a missão de se conhecer a si mesmo e de levar também os outros ao autoconhecimento, à conquista da própria alma. Platão via Sócrates realizar esse trabalho de ajudar as pessoas a se libertarem de opiniões sem fundamento e a reconhecerem que pensavam que pensavam, quando na verdade não sabia claramente o que se estariam pensando. Platão é então levado a reformular seu projeto juvenil de participação da política. Compreender que o desejo de atuar politicamente deve passar primeiro por um processo iluminador e purificador do tipo socrático. Platão reconhece que não basta realizar uma política qualquer, insegura e oportunista. É necessário estabelecer primeiro as bases para a política, a justa política. Fazer política pressupõe, assim, conhecimento e preparação. A política correta não pode ser feita sem uma ciência, uma ética, uma pedagogia.

Em 399 a.C., Sócrates é acusado de corromper a juventude, levando-a a descrer dos deuses tradicionais da cidade. Julgado, acaba condenado a morrer bebendo veneno. A condenação a morte de Sócrates selam definitivamente o destino intelectual e político de Platão. Ele aprende outra lição, dolorosa lição:aquela cidade, sua cidade, apesar de democrática, estava longe de ser um cidade ideal,já que nela um justo como Sócrates não pudera continuar vivendo e fora por ela assassinado. Fazer política torna-se, assim, para Platão, projetar e tentar construir a cidade ideal, digna de Sócrates. E a filosofia passa a ser, justamente, a procura dos fundamentos teóricos desse projeto político.

Após a morte de Sócrates, Platão viaja. Vai ao Norte da África (Egito, Cirene), à Magna Grécia (Sul da Itália). Nessas viagens, liga-se a matemáticos e políticos pitagóricos, que viam na matemática o caminho de ordenação da alma e da sociedade. Em Siracusa, na Sicília, frequenta a corte do tirano Dionísio, o Velho e se vincula por profundo afeto a Dion cunhado do tirano. Platão retornará outras vezes a Siracusa, não só para tentar interferir, a pedido de Dion, na política local, mas também preocupado com os cartagineses, que já ocupava parte da Magna Grécia. Parece que ele sonhava estabelecer uma confederação de cidades gregas da região (como Siracusa e Tarento), para impedir o avanço da Cartago.

A academia

De volta da primeira viagem a siracusa, Platão funda, em aproximadamente 387 a.C., a Academia. É a primeira instituição permanente de pesquisa e ensino superior do Ocidente, primeiro modelo de universalidade. O objetivo da academia platônica não é apenas realizar investigações científicas e filosóficas; pretende ser também um centro de preparação para atuação política baseada na busca da verdade e da justiça.

A filosofia de Platão é a primeira grande síntese do pensamento antigo. Nela estão confrontados e integrados os pensamentos de todos os grandes filósofos anteriores. Em particular, Platão procura reformular e conciliar duas grandes tendências filosóficas: o imobilismo eleático (de Parmênides de Eléia) e a filosofia do mobilismo universal (de Heráclito de Éfeso). A matemática é, para Platão, a base do pensamento filosófico. Filosofar é procurar ir além da matemática, é fazer metamatemática. No pórtico da Academia estava escrito: “Aqui não entre quem não sabe geometria.” E, de fato, é frequentemente com recursos inspirados na matemática que Platão procura ir além das posições assumidas por Sócrates, para poder dar combate mais efetivo ao realismo dos sofistas, os quais afirmavam que não há verdade, mas apenas opiniões circunstancias e relativas.

Até o final da vida, Platão dividiu-se entre as atividades de magistério e pesquisas na Academia, as tentativas de interferir na política (sobretudo em Siracusa) e a realização de suas obras – seus famosos Diálogos.

Através dos Diálogos, conseguimos adivinhar o método de ensino de Platão. Estes os mostram um mestre hábil no manejo da dialética que, longe de inculcar nos seus discípulos o resultado obtido pelo seu esforço, os fazia trabalhar, levando-os a descobrir, por si mesmos, as dificuldades e, posteriormente, a encontrar, à custa de aprofundamentos progressivos, o meio de superá-las.

Na sociedade que Platão idealizou existem três classes: a classe dos artífices e comerciantes, cuja virtude é a temperança; a classe dos guerreiros, cuja virtude é a coragem e a classe dos filósofos cuja virtude é a sabedoria. Se a classe dos filósofos governar, se a classe dos guerreiros se encarregar da defesa e a classe dos artífices e comerciantes mantiver as duas outras classes, existirá harmonia e equilíbrio e a justiça poderá ser alcançada. Segundo Platão, Atenas negligenciava a educação da juventude, desinteressava-se e deixava-a nas mãos dos particulares. O estado deveria preocupar com a formação daqueles que seriam os futuros cidadãos.

Em suma, todo o sistema educativo de Platão se baseia na

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