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Sócrates

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Por:   •  4/7/2013  •  Resenha  •  811 Palavras (4 Páginas)  •  186 Visualizações

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No período que vimos estudando até agora foi pequeno o interesse por seres humanos, exceto como partes da natureza. Houve, é bem verdade, a ênfase pitagórica na transmigração de almas e as práticas que supostamente a facilitariam, o que indica que a vida seguinte talvez fosse superior à atual, além de preocupações semelhantes em Purificações, o poema de Empédocles. Heráclito criticou também costumes da sociedade em que viveu. Mas nada houve que realmente merecesse o nome de ética. Os atomistas, como mais tarde Epicuro, destacaram o papel do prazer como guia de conduta. Mas como foi Demócrito quem manifestou essa opinião e como, rigorosamente, não se pode incluí-lo entre os pré-socráticos, isto pode refletir os interesses de um período ligeiramente posterior – as influências dos sofistas e, quem sabe, de Sócrates.

A ética propriamente dita começou com Sócrates, embora os sofistas lhe tenham dado um estímulo importante. Isto a despeito do fato de que Sócrates, a julgar pelas indicações que nos dá Platão, se opunha a eles. Para seus contemporâneos, de qualquer maneira, eles provavelmente pareciam mais próximos a ele do que nos parece hoje. Os sofistas eram mestres ambulantes que davam cursos ou aulas individuais sobre vários assuntos e cobravam por esse privilégio. Alguns deles, pelo menos, parecem ter ganho bom dinheiro com essas atividades. É tentador atribuir a esse fato o desfavor em que são hoje tidos, embora seja duvidoso que cobrar honorários por serviços prestados tenha sido motivo de desaprovação para o ambiente ateniense típico de meados do século V a.C. Sócrates censurava-os porque achava que eles alegavam fornecer mais do que realmente davam. Em especial, alegava que eles diziam que podiam ensinar virtude ao homem e achava que não faziam nada disso.

De “sofista” deriva o termo “sofística” e é claro que, para seus contemporâneos, eles pareciam vivaldinos, mesmo trapaceiros, e usavam e abusavam de argumentos especiosos. Mais uma vez, contudo, se acreditarmos nos diálogos de Platão, os próprios argumentos de Sócrates, considerados puramente como tais, são amiúde pouco melhores do que os de seus adversários sofistas. Pouca dúvida pode haver de que os contemporâneos de Sócrates o teriam julgado tão chato a esse respeito como os sofistas. Por outro lado, muitos tributavam a todos eles uma análoga admiração prudente. Sócrates, no entanto, exercia um fascínio todo seu, como dá notícia Alcibíades no O Banquete, de Platão, e era o caráter do homem e a profundidade de sua consciência moral que o tornavam sem igual.

No período em que os sofistas ascenderam a primeiro plano, ocorria também uma mudança social de vulto, em que os gregos tornaram-se mais conscientes dos costumes e práticas de outros povos do mundo. O historiador Heródoto deu a volta pela bacia do Mediterrâneo e voltou contando, entre outras coisas, a variedade dos costumes seguidos pelos não-gregos. Tudo isto concentrou a atenção no quanto do mundo é, por assim dizer, obra do homem e não apenas parte da natureza. Surgiu, em conseqüência, ênfase no contraste entre o que é, neste sentido, produto humano, e o que é natural e não-humano, entre nomos (convenção) e phisis (natureza). Não está claro se os sofistas eram unânimes a respeito de tal contraste, mas notava-se certa tendência de parte deles de atribuir mais peso ao nomos em relação à phisis, se ou não por “natureza” era entendida a natureza em geral ou a natureza humana. Estabelecemos esta distinção porque, embora alguns sofistas se preocupassem simplesmente em depreciar a extensão em que o que sabemos sobre o mundo é um fato da natureza, outros, talvez entre eles Antifonte, interessavam-se pelo contraste entre o que os homens são em si, como fatos da natureza, e o que eles naturalmente desejam e se esforçam por conseguir e o que lhes é imposto pela sociedade. Neste último aspecto, despontam como os primeiros sociólogos e, com toda certeza, como os primeiros relativistas sociais. Mas os que viemos a considerar como os mais importantes entre os sofistas, Protágoras e Górgias, por exemplo, pareciam mais preocupados com a distinção entre natureza e convenção, de uma forma geral. Por essa razão, tinham como um de seus principais objetivos depreciar o estudo da natureza e, desta maneira, toda a linha filosófica existente até essa época.

Supostamente, Protágoras alegou que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das coisas que são o que são como das coisas que não são o que não são. A julgar pelo Teeteto de Platão, onde se encontram estas palavras, isto significa que tudo é como parece ao homem – não apenas aos homens em geral mas a cada indivíduo em particular. Esta tese leva a um relativismo total, sem possibilidade alguma de verdade absoluta. Somos informados também do cepticismo de Protágoras no tocante aos deuses e de sua tendência de enfatizar a possibilidade de se produzirem argumentos opostos para qualquer dos lados em que fosse dividida uma questão. (Trata-se de tendência qu

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