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Carta Documental do Descobrimento do Brasil

Por:   •  18/9/2019  •  Resenha  •  2.939 Palavras (12 Páginas)  •  171 Visualizações

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UNASP – CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS ENGENHEIRO COELHO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

TRABALHO E CULTURA NO BRASIL COLONIAL: Análise de documento, “A Relação do Piloto Anônimo”

Professora: Dayana O. Formiga

Alunos: Arthur Müller Gomes da Silva

Camila Chede Amaral Lucena

Sergio Henrique Micael Santos

Turma: 2° ano | 3º semestre

ENGENHEIRO COELHO

2019

Introdução

        

É função do historiador utilizar várias fontes para buscar a compreensão do passado. Tendo em vista que o objeto de estudo da história é o homem no tempo (HUNT, 2006), tudo que será produzido ou deixado pelo homem poderá ser considerado como ferramenta para entender os processos pertinentes à época estudada (FUNARI; SILVA, 2008). Os documentos serão o meio pelo qual a produção historiográfica irá ocorrer, nesse contexto cabe ao historiador selecionar, interpretar e buscar relações das fontes com o objeto de estudo.

        As diversas fontes, tanto escritos como os não escritos, tem hoje a função de preservar a memória. Estes são desenvolvidos por pessoas influenciadas pelos ideais e pensamentos de sua própria época. Nesse sentido, torna-se necessário compreender a intencionalidade, o meio social e os motivos que levaram a produção do documento (GOFF, 2003). Certeau (1988), afirma ser impossível fazer história ou compreender a operação historiográfica sem se compreender plenamente o seu "lugar de produção".

Não se trata apenas de fazer falar estes "imensos setores adormecidos da documentação" e dar voz a um silêncio, ou efetividade a um possível. Significa transformar alguma coisa, que tinha sua posição e seu papel, em alguma outra coisa que funciona diferentemente (CERTEAU, 1988, p. 75).

Este lugar de produção consiste sobre a vida e posição social do autor, sociedade, época e espaço geográfico e outros textos que podem ter sido utilizados conscientemente ou não, em sintonia com Certeau, Le Goff (2003, p. 547) apresenta a importância do historiador em analisar o documento, e perceber as questões envolvidas, “O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver” (LE GOFF, 2003, p. 547). Assim como o historiador deve utilizar os diversos documentos para uma compreensão do passado, o professor em sala de aula deve proporcionar aos alunos a experiência de entrar em contato com o documento primário, o meio pelo qual irá discorrer sobre o tempo, o ensino tornaria significativo e desenvolveria nos discentes uma consciência histórica. “alguns documentos, [...] aparecem com certa frequência nos materiais didáticos e, através do professor, na prática de sala de aula, podem ser utilizados como uma mediação na aprendizagem da História” (XAVIER, 2010).

Com isso em mente, a análise do Relato do Piloto Anônimo objetiva entender o diálogo historiográfico utilizado, as intenções expressas pelo autor e o espírito do seu tempo, como determinantes para compreensão do documento.

Figura 1 - Pero Vaz de Caminha lê para o comandante Pedro Álvares de Cabrall, o Frei Henrique de Coimbra e o mestre João a carta que será enviada ao rei D. Manuel I.

[pic 1]

Fonte: ttp://www.ebc.com.br/cultura/2013/04/tres-cartas-documentam-o-descobrimento-do-brasil-e-revelam-detalhes-da-viagem-de>.

Identificação

A natureza do documento é um relato de viagem que se assemelha a um diário, uma carta enviada ao Rei de Portugal. Há em sua escrita uma linguagem simples, possuindo pouca riqueza de detalhes, se comparado à Carta de Caminha. A carta apresenta a rota realizada pela frota de Cabral, e sobre o “descobrimento” do Brasil, mostrando as percepções de quem escreveu, nota-se o estilo de literatura da época nas palavras do autor.

Sobre a autoria da carta, ainda hoje, não há uma certeza, o autor do relato não se identifica, mas sabemos que foi um dos participantes da expedição para as terras brasileiras guiada por Pedro Álvares Cabral. Ela conta os principais acontecimentos da viagem dos portugueses às Índias, desde a partida até o regresso a Portugal. Esse relato teve sua primeira impressão em 1507, na coleção de Fracanzano da Montalboddo, sem conter nenhuma referência sobre o autor da carta, mesmo após diversas reedições. Em publicações posteriores, a carta recebeu o título Navigation del capitano Pedro Alvares scritta per un pilotto portoghese & tradotta de lingua Portoghesa in la Italiana, publicado em 1550, por Giovambattista Ramusio (MAKINO, 1967). Foi a partir daí que se obteve a informação de que o autor era um piloto português. Ainda assim, há divisões dentro do âmbito acadêmico; alguns acreditam que a carta teria sido escrita por um italiano chamado Giovanni Matteo Cretico e, de outro, o de ser um português, cujo nome se ignora (MAKINO, 1967).

Análise do Documento

O relato do piloto anônimo foi uma carta que buscou descrever a viagem dos portugueses até às Índias, desde a saída até o regresso a Portugal. Ele mostra o primeiro contato dos portugueses com os nativos da terra de Vera Cruz, que seria chamada posteriormente de Brasil. Através das descrições do escritor, podemos notar as diferenças do estilo de vida dos nativos em relação ao modo europeu da época.

Maestri (1997) sugere que a viagem empreendida por Pedro Álvares Cabral tenha sido uma expedição secreta ao Atlântico Sul, promovida pela Coroa portuguesa a fim de descobrir e tomar posse oficial das terras pertencentes, por tratado, a Portugal.

O Piloto Anônimo, diferentemente de das cartas de Pero Vaz de Caminha, relata não somente os detalhes da chegada, mas também diversos detalhes do percurso até a América, retratando até mesmo cenas inteiramente diferentes das relatadas na carta de Caminha durante a estadia na terra de Vera Cruz.

Como já citado na identificação do documento, a autoria da carta ainda é muito discutida, porém é normalmente atribuída a um piloto português. No entanto, a forma de escrita da carta parece indicar que foi feita por um escrivão:

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