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Congadas Catalão

Artigo: Congadas Catalão. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  13/3/2015  •  3.206 Palavras (13 Páginas)  •  306 Visualizações

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A origem da festa em Catalão conta hoje com várias versões. Entretanto, todas elas são unânimes ao afirmar a influência do congado de Minas Gerais. Robson Macedo, no livro As Congadas de Catalão (p. 86) faz referência a um texto publicado em 1985, em um jornal local, pelo escritor e poeta Cornélio Ramos:

"Pedro Netto Carneiro Leão imigrou-se de Araxá (MG) para Catalão, numa época em que isso constituía uma temerária aventura, com a intenção de tornar-se aqui um grande fazendeiro. Temeroso das consequências, fez uma promessa a Nossa Senhora do Rosário, santa de sua devoção, em troca de ajuda, se bem-sucedido que fosse faria realizar em Catalão uma grande festa em sua homenagem.

Tudo lhe correu bem: “tornou-se grande fazendeiro, senhor de terras, gado e muitos escravos. Todavia, quando se dispunha a cumprir a promessa foi acometido por grave moléstia. Receoso de morrer antes, recomendou ao filho, Augusto Netto Carneiro, para que no caso de faltar, pagar sua dívida para com a santa."

Augusto, então,

"organizou um pequeno grupo de negros e os mandou para Araxá a fim de aprender regras e técnicas das danças praticadas na terra de seu falecido pai. De volta, juntou-se a esse terno os demais grupos de pretos das fazendas da região. Quando se achava o pessoal treinado e preparado para a maior festa a se realizar em Catalão, surgiu um inesperado obstáculo: o vigário da cidade, padre Joaquim Manoel de Souza, não concordou com a festa por considerá-la de tendência pagã, brigou e discutiu com o coronel Augusto e por fim trancou a igreja e desapareceu com a chave...".

"...Augusto mandou chamar o rezador de terços, Antônio Romualdo Fernandes, um glutão, também conhecido por Antônio Guloso, para rezar novenas e cantar ladainhas. Arrombaram a porta do templo e deram início a maior festa até então realizada em Catalão".

Segundo o Presidente da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, Leonardo Costa Bueno, a tradição veio das fazendas do município de Ouvidor (GO). "Na época dos escravos, as congadas foram trazidas quando os senhores de engenho não davam liberdade aos negros. Elas passaram por Minas Gerais até chegar em nossa cidade. Os negros saíam dos seus trabalhos nas fazendas para fazer os seus festejos em louvor a Nossa Senhora do Rosário. Vinham trazendo seus mantimentos para vender às pessoas que moravam na comunidade para garantir o seu retorno, o seu alimento, o seu dia-a-dia".

De acordo com a Ms. Carmem Lúcia Costa, professora do curso de Geografia da Universidade Federal de Goiás, em seu artigo Festa e (Re) Produção do Urbano: um estudo sobre a festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário em Catalão - GO, publicado nos Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, realizado na Universidade de São Paulo:

"A Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário que teve seu início no campo, onde negros descendentes de escravos cantavam e dançavam para a santa, viu os seus brincadores migrarem para a cidade, expulsos do campo. Eles levaram consigo a Festa e construíram uma irmandade – a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário –, onde se reúnem e se ajudam na dura vida da cidade. Até hoje a Irmandade é um ponto de referência e união dos dançadores. Quando chegaram na cidade – ainda uma pequena vila -, eram poucos os ternos de congos – assim chamados os grupos de dançadores; ainda em 1975, de acordo com Brandão (1985) eram apenas cinco ternos que faziam a Festa".

Atualmente, quase metade dos moradores de Catalão participam da festa de Nossa Senhora do Rosário, seja como cristão ou como público, somando-se aos turistas que a região atrai na época dos festejos. A cidade apresenta hoje 21 ternos de congada divididos em 12 congos, dois moçambiques, um penacho, dois vilões e quatro catupés.

Entretanto, com seu crescimento, a festa se transformou, chegando a perder algumas de suas características originárias. No início do século passado, todos os ternos usavam fardas brancas e a maioria dos participantes eram negros. Aos brancos cabia a tarefa de organizar a parte religiosa e a alimentação.

Outra mudança ficou por conta do número de participantes em cada terno, antes não passava de 20. Alguns personagens desapareceram e outros foram criados, como as bandeirinhas. O tambor foi substituído pela caixa.

Os Ternos

Uma vez por ano, os ternos de congada de Catalão se reúnem para se preparar para a festa em devoção a Nossa Senhora do Rosário. Os ensaios são realizados durante os meses de agosto e setembro. Os dançadores são os responsáveis pelo levantamento do mastro, realizado no último sábado de festa. No domingo pela manhã, participam da missa campal e do cortejo em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. À tarde, todos os grupos se apresentam e às 19h é realizada uma missa campal, em frente à igreja. Na segunda-feira, os congadeiros fazem a entrega da coroa de Nossa Senhora do Rosário ao próximo festeiro, que será o responsável pela organização da festa no ano seguinte.

Terno de Congo

Em Catalão, os ternos de congo são maioria. Não existem apontamentos a respeito dos pioneiros. Os primeiros registros foram realizados na década de 1940. Hoje existem na cidade 12 ternos de congo. Sua principal característica é a batida forte das caixas, seu principal instrumento. Os ternos de congo também utilizam viola ou violão, sanfona, pandeiro, reco-reco e chocalho.

Cada terno de congo é formado por uma ala de abertura denominada guia e por duas fileiras laterais, uma de frente para outra, onde ficam dispostos os demais integrantes. Uma fileira canta o verso e a outra responde. Devido ao grande número de integrantes, alguns ternos se apresentam com mais duas filas no centro do grupo. Esse tipo de terno exige muita sagacidade do capitão, que inventa os versos na hora da apresentação.

Existem ainda os marinheiros e marujeiros que se assemelham ao congo, porém utilizam uma batida mais rápida nas caixas. O capitão, que nem sempre é o mais velho, conduz o grupo com um apito e um bastão, auxiliado pelo segundo-capitão, terceiro- capitão e assim por diante.

Catupé

De acordo com Robson Macedo, o catupé chegou a região com Antônio Miguel da Silva, em 1953, e recebeu o nome de Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercês, um dos principais grupos da cidade, em atividade até os dias de hoje, com mais de 350 integrantes. Atualmente, o grupo é conhecido como catupé amarelo devido

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