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O Anarquismo e Anarquia

Por:   •  19/11/2019  •  Resenha  •  1.797 Palavras (8 Páginas)  •  127 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

ICHS – INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DHRI - DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

DISCIPLINA: HISTORIA CONTEMPORÂNEA I

Resenha e análise da obra:

Anarquismo e Anarquia, por Errico Malatesta

Rodrigo Cabral Mattos do Espirito Santo[1]

Apresentação do Autor da Obra[2]

Errico Malatesta nasceu em Santa Maria Capua Vetere, no dia 14 de dezembro de 1853 e morreu em Roma, no dia 22 de julho de 1932. Foi um teórico e ativista anarquista italiano.

Nasceu em 1853 em uma família abastada do sul da Itália. De fato, os Malatesta dominaram a província de Rimini e, no período de maior expansão, os castelli do norte de San Marino, a província de Pesaro, parte de AnconaForlì e Ravena, entre 1295 e 1528). Desde muito jovem, Errico adere aos ideais republicanos de Giuseppe Mazzini. Aos catorze anos de idade, protesta contra uma injustiça local, enviando uma carta ao rei Vítor Emanuel II, considerada por Luigi Fabbri como “insolente e ameaçadora”. As autoridades levaram o fato a sério e ordenaram a sua prisão, em 25 de marçode 1868. Seu pai conseguiu libertá-lo recorrendo a amigos. Dois anos mais tarde foi novamente preso em Nápoles, por liderar uma manifestação, sendo suspenso por um ano da Universidade de Nápoles, onde estudava medicina

Malatesta passou os últimos anos de sua vida na Itália e, durante o regime fascista, correspondeu-se com Makhno e criticou duramente a Plataforma Organizacional dos Comunistas Libertários. Foi mantido em prisão domiciliar, morrendo em 22 de julho de 1932. Tal era o medo que inspirava às autoridades da época que, ao morrer, seu corpo foi jogado em uma vala anônima, para impedir que seu túmulo se transformasse em um símbolo e ponto de partida para as agitações dos dissidentes. 

Breve Síntese da Obra

O autor inicia o texto abordando a origem do anarquismo, sendo esta pautada não na filosofia, mas na revolta moral contra as injustiças sociais. Num primeiro instante o despertar, a consciência de estar sendo prejudicado por alguém que está se beneficiando. Segundo, a reflexão, a análise da causa dessas injustiças e a conclusão de que são frutos não da natureza humana, mas sim de realidades sociais que poderiam ser alteradas. Por último, o resultado final obtido através da análise dessas causas específicas, que apontam para o Estado e o capitalismo como principais responsáveis pelas injustiças sociais e a necessidade de aboli-los para alcançar uma sociedade justa. A partir disso, surge então o anarquismo.

A principal justificativa para o anarquismo consiste no inconformismo com a essência autoritária do Estado, segundo Malatesta “(...) a autoridade não somente não é necessária para a organização social, mas, mais ainda, longe de beneficiá-la vive dela como parasita, impede seu desenvolvimento e extrai vantagens desta organização em benefício especial de uma determinada classe que explora e oprime as demais. (MALATESTA, p.4)”. Sendo assim, numa anarquia não pode haver autoridade, tal como num governo autoritário não pode haver liberdade.

Um anarquista não pode ser a favor de qualquer tipo de autoridade – o ato de impor algo à alguém -, sem exceções. E é por isso que, na visão do autor, tanto o socialismo como o anarquismo não podem ser impostos por uma parcela da sociedade à outra. Para que a liberdade seja alcançada, é necessária a expropriação da riqueza e dos meios de produção de quem os detêm, colocando-os nas mãos de toda a sociedade.

Ao longo do texto o autor aborda características referentes a um anarquista e características incompatíveis com o mesmo, exemplo disso é a relação de opressão. Um real anarquista não deve buscar sair da condição de oprimido para se tornar um opressor, isso seria injusto e incompatível com os ideais libertários. Um verdadeiro anarquista reivindica sim a sua saída da condição de oprimido, mas para uma condição igualitária onde não há oprimido nem opressor, apenas indivíduos relacionando-se livremente.

O anarquismo possui uma base, pautada no sentimento de amor para com a humanidade. O inconformismo perante as coerções estatais não é o suficiente, é necessário se compadecer com a carência do próximo, sentir a dor que os outros sentem ao desejar algo e não poder ter, lamentar o desperdício de homens talentosos que exercem sua mão de obra em profissões que ignoram seus dons e não se satisfazer apenas com a alegria de um familiar ou amigo próximo, mas sim com o bem-estar social, onde todos compartilhem da mesma sensação de alegria. Esse sentimento é a razão de ser anarquista, é considerar a melhor forma de organização social, o sistema mais viável para uma sociedade justa e igualitária. Nesse contexto, o autor acrescenta que o anarquismo não é sobre uma verdade científica ou uma lei natural, todavia precisa se estruturar de forma que não se desvincule da natureza humana ou de qualquer lei natural.

Malatesta conclui listando os 7 principais objetivos do anarquismo:

  1. Abolição da propriedade privada, das matérias primas e dos instrumentos de trabalho, para assegurar liberdade e independência para todos.
  2. Abolição do Estado e de qualquer instituição coercitiva.
  3. Organização social através da livre associação de indivíduos.
  4. Garantia das necessidades básicas para todos.
  5. Incentivo à ciência, combate às religiões e pseudociência.
  6. Abolição das fronteiras, fim do patriotismo.
  7. Reconstrução da família, visando a prática do amor.

Crítica do Resenhista

Durante a leitura do texto, é possível perceber que Malatesta não limita a romantização de suas palavras, a própria justificativa do anarquismo segundo o autor é pautada no amor. O ideal anarquista do autor abusa de belas palavras e boas intenções, o que não dá garantia alguma de que a prática coincide com a teoria. Aliás, ao partir para o campo da ação, torna-se perceptível algumas possíveis contradições com o sentimento complacente e benevolente que embasa a teoria em questão.

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