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O Ciclo Do Café

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Por:   •  10/5/2014  •  3.302 Palavras (14 Páginas)  •  515 Visualizações

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O CICLO DO CAFÉ (DO INÍCIO AO FIM DO SEGUNDO REINADO)

A ESTRUTURA FÍSICA DE UMA FAZENDA DE CAFÉ

DISCIPLINA: HISTÓRIA

São Paulo

1. O CICLO DO CAFÉ (DO INÍCIO AO FIM DO SEGUNDO REINADO)

1.1 O início

Chama-se ciclo do café o período histórico-econômico que o Brasil atravessou da segunda década do século XIX a meados do século XX, decorrente da economia cafeeira, com reflexos no mercado mundial.

No Brasil, as primeiras sementes do café chegaram no século XVIII, especificamente em 1727, e foram introduzidas no Pará por Francisco de Melo Palheta, então sargento-mor do Exército. Mas, até os primeiros anos do século XIX, o café tinha pouca expressão no balanço da economia brasileira. Sua cultura destinava-se mais ao consumo doméstico. Comercialmente, seu valor era quase nulo. Somente no decorrer do século XVIII ele adquire importância nos mercados internacionais, tornando-se, então, o principal alimento de luxo nos países do Ocidente, o que estimula sua cultura nas colônias tropicais da América e Ásia.

Além das excelentes condições naturais do Brasil, tanto em clima como em solos férteis, outro fator que estimulou a produção brasileira foi a libertação e desenvolvimento do mercado dos Estados Unidos. Grandes consumidores de café, eles se voltaram para novos produtores, mais livres da dominação britânica, em particular o Brasil.

1.2 As dificuldades do plantio

Ao contrário da produção de outros produtos agrícolas do Brasil, o café oferece particulares dificuldades, a saber:

1) os limites de temperatura dentro dos quais prospera variam entre 5 e 33°C;

2) é muito sensível tanto às geadas como ao calor e insolação excessivos;

3) é exigente quanto à qualidade dos solo;

4) é uma planta permanente e tem de atravessar todas as estações e anos sucessivos sem substituição;

5) a planta só começa a produzir após 4 ou 5 anos de crescimento, o que exige maiores investimentos.

1.3 A expansão cafeeira

Tudo isso contribuirá para o cafeeiro não se fixar na região amazônica, apesar de ter tido lá seu início. A cultura foi tentada depois no Nordeste brasileiro, mas também sem resultados satisfatórios.

A introdução do café no Rio de Janeiro, então capital do Brasil colonial, deu-se por volta de 1760, cujas mudas foram trazidas do Maranhão. Inicialmente plantado de forma quase artesanal, mudas e sementes de café espalharam-se pela província em duas direções: para o sudeste, de São João Marcos a Resende; e para o norte, onde formaram grandes plantações em Vassouras (que foi considerada a capital do café brasileiro), Valença e Paraíba do Sul. No Rio de Janeiro, o café encontrou uma infra-estrutura já montada, reaproveitando a mão-de-obra escrava disponível em virtude da desagregação da economia mineira. Além disso, favoreceram enormemente a nova cultura, a abundância de animais de transporte (mulas) e a proximidade do porto, que facilitava o seu escoamento para o exterior. Portanto, sem grandes dificuldades, com os próprios recursos existentes e disponíveis, deu-se o impulso inicial à economia cafeeira.

Mas tudo isso era apenas o começo. O primeiro grande cenário da lavoura cafeeira no Brasil é o vale do rio Paraíba. A fixação do café no Vale do Paraíba deveu-se às condições geográficas excepcionais: altitudes médias, clima temperado, regularidade das chuvas, relevo acidentado etc. Os cafeeiros penetraram em São José do Barreiro, Areias e Bananal entre 1790 e 1797, de onde se espalhou pelo vale, chegando a Lorena, Taubaté, Jacareí, Mogi das Cruzes e Jundiaí.

De 1830 a 1880, aproximadamente, toda a energia econômica da região voltou-se para o cultivo do café, que então era vendido, sem concorrência, ao mercado europeu em expansão. Tornou-se, por isso, o estabilizador da economia do Império, a ponto de se dizer, na época, que "o Brasil é o vale".

Entretanto, a economia cafeeira não alterou os quadros sociais herdados do passado colonial. Ao contrário, ela fortaleceu a escravidão, a grande propriedade, a monocultura e a produção voltada para o mercado externo. Como no passado, a cafeicultura caracterizou-se por ser uma cultura extensiva e predatória. Os terrenos de fortes declives onde se plantavam os cafezais não suportaram o efeito da derrubada das florestas e a exposição do solo desprotegido à ação das intempéries Em conseqüência disso, o solo esgotou-se rapidamente no vale do Paraíba e a cultura cafeeira ali entrou em declínio.

A estagnação e decadência do vale do Paraíba não significaram, contudo, a decadência da cafeicultura, que encontrou no Oeste paulista um novo alento. Seu núcleo inicial foi Campinas (Oeste velho), difundindo-se para Moji-Guaçu e chegando à região de Ribeirão Preto (Oeste novo) por volta de 1880. Em seguida, a cultura se expandiu para o extremo Oeste paulista e atingiu o Paraná já no início do século XX.

Em termos topográficos havia diferenças significativas entre o vale e o Oeste paulista. Devido ao terreno acidentado, o plantio do café no vale do Paraíba era descontínuo, realizado nas encostas dos montes. Já no Oeste paulista, o plantio ocupava ininterruptamente vários quilômetros quadrados de solo excepcionalmente fértil: a terra roxa, oriunda da decomposição das rochas vulcânicas. Assim, embora o sistema de cultivo fosse o mesmo, a regularidade do relevo favorecia a melhor conservação do solo no Oeste paulista, assegurando por mais tempo a qualidade do café. A isso, deve-se acrescentar que o escoamento do produto era beneficiado por um custo menor, graças às redes viárias disponíveis.

Com o deslocamento dos cafezais para o Oeste paulista, a exportação passou a ser realizada pelo porto de Santos, dividindo-se a centralização econômica do produto. Data de então, o surto de desenvolvimento paulista e o início da concorrência entre Rio de Janeiro e São Paulo.

Quanto ao sistema adotado na

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