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Relação Pai E Filho Na Obra Sobrados E Mucambos De Gilbeto Freyre

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Por:   •  8/1/2015  •  639 Palavras (3 Páginas)  •  720 Visualizações

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O PAI E O FILHO

Towner lembra que nas sociedades primitivas o menino e o homem são quase iguais. Dentro do sistema patriarcal, não: há uma distância social imensa entre os dois. Morto nessa idade Angélica, o menino era adorado. Essa espécie de volúpia talvez se derivasse dos Jesuítas: do seu afã de neutralizar o rancor dos índios contra os brancos e particularmente contra eles, padres, diante da grande mortalidade de culuminzinhos que se seguiu aos primeiros contatos dos dominadores europeus com a população nativa. Dos seis ou sete anos aos dez, ele passava a menino-diabo.O menino branco também apanhava. Castigado por uma sociedade de adultos em que o domínio sobre o escravo desenvolvia, junto com as responsabilidades de mando absoluto, o gosto de judiar também com o menino. O regime das casas-grandes continua a imperar, um tanto atenuado, nos sobrados. Dos seis aos dez ou aos doze anos, idade teologicamente imunda, durante a qual o indivíduo apenas se fazia tolerar pelas maneiras servis, pelos modos acanhados, pelo respeito quase babugento aos mais velhos. Pelo colégio, como pelo confessionário e até pelo teatro, o Jesuíta procurou subordinar à Igreja os elementos passivos da casa-grande: a mulher, o menino, o escravo. Mas a educação do Jesuíta foi a mesma que a doméstica e patriarcal nos seus métodos de dominação, embora visando fins diversos dos patriarcais.Os colégios dos padres foram talvez as massas mais imponentes de edificação urbana no Brasil dos primeiros séculos coloniais.O gosto pelo diplomata de bacharel, pelo título de mestre, criaram-no bem cedo os Jesuítas no rapaz brasileiro.Esses alunos de colégios de padres foram, uma vez formados, elementos de urbanização e de universalização, num meio influenciado poderosamente pelos autocratas das casas-grandes e até dos sobrados mais patriarcais das cidades ou vilas do interior.

Mas nos colégios de padre é que principalmente se educaram, em maior número, as grandes figuras da política, das letras e das ciências brasileiras dos tempos coloniais e do Primeiro Império. Deve-se ainda salientar a ação disciplinadora dos colégios de padre, no sentido de conter os excessos de diferenciação da língua portuguesa no Brasil. Naturalmente o padre-mestre era quase um purista, desejando uma língua de casa-grande ou de sobrado que não tivesse mancha de fala de negro. O vício de falar arrastado veio caracterizar não matutos sem importância, mas grandes famílias rurais. No Seminário de Olinda, alunos que se destinavam não só às ordens sacras, mas a outras carreiras: rapazinhos desejosos de fazer os estudos de Humanidades; e estudando não só latim e Filosofia, mas Matemáticas, Física, Desenho. Era a orientação de Azevedo Coutinho que assim rompia com os restos da tradição jesuítica de ensino colonial. Já outra era a fisionomia dos colégios que pela mesma época – fins do século XVIII, princípios do XIX. Um dos aspectos que mais o impressionaram foi o atraso com relação às ciências: o ensino era ainda todo literário e eclesiástico. Mas foi com Pedro II que essa tendência se acentuou; e que os moços começaram a ascender quase sistematicamente a cargos, outrora só confiados a velhos de longa experiência da vida. O bacharelismo, ou seja, a educação acadêmica e livresca desenvolveu-se entre nós com sacrifício do desenvolvimento harmonioso do indivíduo. Chegara a

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