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Territorialismo

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Por:   •  6/2/2014  •  Seminário  •  881 Palavras (4 Páginas)  •  149 Visualizações

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Tempo e espaço são dimensões fundamentais na imaginação humana, e guardam especial significado no Ocidente. Na obra de Giovani Arrighi, pode-se localizar uma visão dos homens da modernidade central a respeito desses temas. Em seu O Longo Século XX (Arrighi, 1996), o capitalismo é investigado a partir de sua longa duração histórica e identificado a movimentos sistêmicos de acumulação que implicam a formação de extensos ciclos temporais que marcam o mundo. Nesse registro tributário da tradição marxista, a dinâmica do capital é associada à compressão do tempo e à possibilidade de instituir uma ordem social assentada na equação D-D’ (fórmula econômica usada por Marx para representar a transformação de dinheiro em capital). Para Arrighi, o capitalismo operaria com uma lógica distinta do territorialismo, já que este localizaria na multiplicação de espaços controlados a fonte primordial de poder estatal. O caso ibérico seria exemplar dessa última tradição, refratária ao movimento temporal constante e ciosa da distribuição de territórios como mecanismo principal de manutenção de uma ordem social hierarquicamente constituída.

A identificação do espaço com a permanência é traçada a partir da delimitação da relação de desajuste entre o ritmo temporal da modernidade européia – marcada pela dinâmica do capital – e a persistência, nas sociedades periféricas, de formas de vida e de poder espacializadas. Isto é, a dimensão fundamental associada ao projeto central dos modernos seria o tempo, traduzido na sociologia clássica por uma constelação de conceitos hoje consagrados: revolução, carisma, mudança etc. Esse desajuste encontrou inúmeras formulações na imaginação brasileira, assombrada pelo desafio de ajustar um vasto continente de lugares e personagens ao relógio do Ocidente e aos códigos do liberalismo. Uma versão radical dessa malaise que acometia parte de nossa inteligência está nos escritos de Paulo Prado, refinado aristocrata paulista. Em Retrato do Brasil, Prado (1981) elenca inúmeros relatos de viajantes para compor um painel desencantado diante da inexistência de um código moral harmônico que organizasse nossa aventura civilizatória. Interpretações recentes (Lima, 1999) destacam o dualismo que marcaria a imaginação brasileira, cindida entre a celebração da autenticidade de nossos sertões e a percepção da ausência de integração social desses mesmos espaços. De um modo geral, a alteridade é percebida sempre como um atributo problemático dos nossos espaços, pensados como lugares estranhos aos ritmos e tempos da modernidade.

Este artigo pretende rediscutir essa questão a partir de um lugar intelectual no qual o espaço pode conhecer outras versões, implicando variantes modernizadoras que se valem da mobilização de imagens espaciais que não são identificadas com a permanência e com a resistência, mas com a inovação. Esse lugar é a periferia, entendida aqui como a geografia de formações sociais estranhas aos códigos hegemônicos da modernidade central1. Para tanto, optei por reabrir o chamado pensamento social brasileiro, fonte rica de indagações e sugestões a respeito das características singulares do processo civilizador nacional. É nessa forma de imaginação teórica que acredito ser possível recolher as pistas para a delimitação de uma visão da relação entre espaço e modernização que aponte para um ajuste entre esses termos. Assim, tomo por objeto o problema da terra nos escritos de dois personagens dessa forma de reflexão – Euclides da Cunha (1866-1909) e Vicente Licínio

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