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A Dissertação.

Por:   •  25/9/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  687 Palavras (3 Páginas)  •  295 Visualizações

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GULLAR E SIMONAL: EXILADOS

Por Ivo Dourado Marques de Carvalho

A experiência de Ferreira Gullar em meados da década de 1960 e o fatídico episódio vivenciado por Wilson Simonal em 1971 constituem situações marcadas pelo regime militar instaurado na época. Todavia, antes de colocar em voga as diferenças de ambos enquanto exilados, lancemos luz sobre a conjuntura histórica do período em questão. Os anos 60 foram ricamente influenciados por transformações em nível global. A sociedade se encontrava perante diversas mudanças políticas, sociais e morais. Nosso país, diante de novos ideais, de uma economia em expansão da repressão da ditadura em vários segmentos, gerou uma indústria cultural controlada, cuja produção era voltada à grande massa.

No tocante ao poeta Ferreira Gullar, vale ressaltar que o autor deu seus primeiros passos como militante esquerdista face o golpe de 1964, em relação ao qual o Partido Comunista demonstrou forte resistência. Membro do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gullar entrou para o Partido Comunista a fim de posicionar-se em relação à ditadura militar. Por conta de assumir a posição de militante do CPC e da UNE, Gullar foi visto pelos ditadores como uma forte ameaça e, alvo de uma tenaz perseguição, conduzido à clandestinidade e ao exílio[1]. Encurralado pela vida, o autor foi exposto à condição de nômade, perambulando por diferentes países e experimentado situações que serviram de bagagem, por exemplo, para a escrita de Poema Sujo.

Conforme mencionado anteriormente, o período da ditadura implicou em severas mudanças no Brasil, inclusive na cultura. Nesse cenário, surgiu Wilson Simonal, artista exímio em exercer domínio sobre o público. Simonal assumiu, naquela época, uma postura de protesto ao preconceito sofrido pelos negros, além de realçar temas voltados à apreciação das belezas nacionais em suas músicas. Entretanto, após desentendimentos com patrocinadores, acusações de tortura e de conivência em relação ao regime militar[2], o cantor foi execrado pelo meio artístico, bem como pela imprensa. Simonal não mais tinha espaço na mídia e teve sua carreira musical completamente ignorada em função da veiculação de notícias. O cantor, ao final de sua vida, empenhou-se em limpar seu nome, varrido por uma overdose de ostracismo indestrutível. Entretanto, a repercussão advinda de seus argumentos não correspondeu às expectativas do artista, cuja figura foi vinculada ao regime ditatorial.

Nessa perspectiva, é possível traçar um panorama que contempla as diferenças entre as circunstâncias vivenciadas por Ferreira Gullar e Wilson Simonal, ambos exilados. Enquanto Gullar precisou se submeter às condições de clandestino no Brasil e, posteriormente, exilado fora do país por conta da ditadura vigente[3], Simonal foi rechaçado pela população e por seus colegas de profissão, permanecendo em solo brasileiro. Gullar enfrentou a distância da família[4] e dos amigos, tal qual a saudade de sua terra natal, São Luís, e mesmo distante de um círculo social sólido, era bem quisto e apreciado pelo movimento esquerdista e por escritores como Vinicius de Moraes. É possível ratificar essa afirmação ao mencionar, por exemplo, o evento de lançamento de Poema Sujo, no qual o próprio autor estava ausente.

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