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AS VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS E O PRECONCEITO LINGÜÍSTICO

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Por:   •  10/10/2013  •  Tese  •  3.813 Palavras (16 Páginas)  •  652 Visualizações

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AS VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS E O PRECONCEITO LINGÜÍSTICO

Graziela Souza Tavares ¹

RESUMO

A variação lingüística é um tema de grande importância no estudo da língua portuguesa. O presente artigo tem objetivo conscientizar a sociedade de que não há fala certa ou errada, mas sim variações lingüísticas. Cada indivíduo fala de acordo com sua cultura e o meio onde vive. Para maior clareza do trabalho, iniciei o mesmo esboçando o que é variação lingüística e quais seus tipos, após tratar da variação, falarei do preconceito lingüístico que afeta os falantes das variantes ditas não-padrão, incorretas, fazendo com que eles mesmo desprestigiem sua maneira de falar, envergonhando-se de sua cultura, mostrando que a escola pode mudar essa realidade.

Palavras Chave: Preconceito lingüístico. Variação. Língua. Linguagem.

Introdução

Quando nos referimos à “ Língua Portuguesa” estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja apenas uma língua nacional, notam-se diferenças na pronúncia, no vocabulário, na maneira de organizar as palavras na frase. O mesmo português falado em Portugal não é o mesmo que se fala no Brasil, tampouco se fala da mesma maneira em todas as regiões brasileiras. Um jovem não fala como faziam seus avós; não escrevemos exatamente como falamos. Uma pessoa não se dirige ao seu chefe da mesma forma que se dirige a um amigo...

A língua como o tempo, varia de acordo como o espaço em que é falada...Temos ainda outros tipos de variedades: socioeconômicas, de nível de instrução, urbanas, rurais etc.

Podemos observar no artigo que embora todas as variedades de uma língua tenham seu recursos suficientes para desempenhar sua função de comunicação entre as pessoas, algumas são menos valorizadas que as outras, gerando o preconceito lingüístico.

A partir do momento em que se elege uma forma de se expressar como padrão, as pessoas mais desinformadas e preconceituosas começam a considerar as demais variedades como “erradas”, “inferiores” e não apenas diferentes.

O principal objetivo desse artigo é desmistificar essa forma errônea que as pessoas usam como forma de preconceito. Afinal, as pessoas não falam todas da mesma forma, mesmo morando num mesmo espaço, numa mesma época. O principal objetivo

¹ Graduada pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, aluna do curso de pós-graduação em Português da FINOM, atua como professora de Língua Portuguesa rede estadual de Santa Maria do Salto-Mg.

da língua é de estabelecer a comunicação entre os seus falantes.

Desenvolvimento

A linguagem é dinâmica, viva. Todo ato de comunicação envolve uma mensagem; toda mensagem tem uma finalidade: transmite um conteúdo intelectual, revela ou oculta emoções e desejos, incentiva ou inibe contatos etc. O importante é perceber que o ato de comunicação carrega muitos significados e nem todos são explícitos. Para compreendê-los, é preciso considerar em que contexto ele foi produzido, pois o sentido global de um texto não é a soma do sentido das palavras que o integram.

As variedades usadas pelo falante revelam sua história: sua origem, as experiências culturais que teve, sua inserção social. Elas marcam a identidade do falante, e por isso não podem ser desconsideradas. As pessoas utilizam sua variedade lingüística para opinar, defender seus pontos de vista, relatar suas experiências, comentar o que os outros dizem ou escrevem. Nesse processo, ajustam o registro à situação de comunicação, ou seja, ao grau de intimidade que tem com o interlocutor, aos propósitos do ato comunicativo e de acordo com seu domínio das peculiaridades de cada gênero.

Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente.

No Brasil falamos português, isso todos sabemos. Mas por algum motivo, convencionou-se que o português falado deve ser o mesmo que o português escrito. Isso quer dizer que, ao longo dos anos, a gramática normativa e a língua foram tratadas como uma coisa só.

Para Marcos Bagno (2002, p.16):

Embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país — que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito –, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo. São essas graves diferenças de status social que explicam a existência, em nosso país, de um verdadeiro abismo lingüístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro — que são a maioria da nossa população — e os falantes da (suposta) variedade culta, em geral mal definida, que é a língua ensinada na escola.

A variação lingüística é uma temática para estudos e pesquisas que buscam mostrar a verdadeira identidade sócio-cultural do falante. A análise da variação de uma língua é feita sem valores pejorativos, pois o objetivo é tão somente descrever o uso da língua pela sociedade. Diferentemente como pensa a Gramática Tradicional, que pressupõe uma homogeneidade da língua, uma unificação da fala – pura falácia normativa – pois, nunca vai existir uma língua falada unívoca; como não há um só nível de escolaridade, uma única classe social nem uma única vivência cultural. As pessoas falam diferentemente porque elas são diferentes! Isso nunca vai mudar.

A variação histórica acontece ao longo de um determinado período de tempo, pode ser identificada ao se comparar dois estados de uma língua. Ao lermos alguns textos, na íntegra, do século XVII e XVIII nos deparamos com registros lingüísticos que diferem com os de hoje. Alguns termos se tornaram obsoletos, outros permaneceram, mas com algumas alterações. Como exemplo, citamos o desuso de expressões com mesóclise: constatamos sua estranheza quando alguém lê trechos bíblicos com uma linguagem mais antiga. Os ouvintes tendem a demonstrar falta de familiaridade com esses termos, porém, apesar disto , muitas vezes concebem o teor de entendimento; uma vez que incoerências locais não destituem

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