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Biagrafia

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Por:   •  21/5/2013  •  Tese  •  1.373 Palavras (6 Páginas)  •  291 Visualizações

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Biagrafia

De origem judaica, Clarice foi a terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Nasceu na cidade de Tchetchelnik enquanto seus pais percorriam várias aldeias da Ucrânia fugindo à perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Chegou ao Brasil quando tinha 1 ano e dois meses de idade1 , e sempre que questionada de sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.2

A família chega a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai todos mudaram de nome, exceto Tânia, sua irmã. O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haia, por fim, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.1 Com dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro decide mudar-se para Recife, então a cidade mais importante do Nordeste.

Durante toda sua vida Clarice teve diversos amigos de destaque como Fernando Sabino, Lúcio Cardoso, Rubem Braga, San Tiago Dantas e Samuel Wainer, entre diversos outros literários e personalidades.

Enredo

Seis meses após a demissão da empregada doméstica, G.H. resolve fazer uma arrumação no antigo quarto da funcionária, ao entrar ali ela emerge em seu próprio vazio interior. Tomada pela aflição ela procura algo para fazer, mas não há nada. Até que surge uma barata saindo do guarda-roupa; nesse instante a personagem é tomada por uma consciência de solidão.

A protagonista é tomada pelo nojo da barata, mas precisa enfrentá-la, tocá-la e provar o seu sabor. A náusea que a toma violentamente representa a angústia que antecede a epifania e resulta na dolorosa sensação de fragilidade da condição humana.

Com o intuito de retomar seus instintos primitivos, G.H. deve enfrentar a experiência de provar o gosto do inseto. O provar simboliza uma reviravolta em seu mundo alienado, imune e condicionado. Após o ocorrido é que a personagem se dá conta do seu verdadeiro estar no mundo. É tanto que depois ela tem dificuldades em narrar a sua impotência de descrever os fatos.

Só à ideia, fechei os olhos com a força de quem tranca os dentes, e tanto apertei os dentes que mais um pouco eles se quebrariam dentro da boa. Minhas entranhas diziam não, minha massa rejeitava a da barata.

Eu parara de suar, de novo eu toda havia secado. Procurei raciocinar com o meu nojo. Por que teria eu nojo da massa que saía da barata? não bebera eu do branco leite que é líquida massa materna? e ao beber a coisa de que era feita a minha mãe, não havia eu chamado, sem nome, de amor?

[...]

Sabia que teria que comer a massa da barata, mas eu toda comer, e também o meu próprio medo comê-la. Só assim teria o que de repente me pareceu que seria o antipecado: comer a massa da barata é o antipecado, pecado seria a minha fácil.

O antipecado. Mas a que preço.

Ao preço de atravessar uma sensação de morte.

[...]

LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998

O livro pode ser entendido como uma alusão ao sofrimento da Paixão de Cristo, relatada por Mateus, Marcos, Lucas e João.

A paixão segundo G.H. é uma obra que ecoa existencialismo, portanto, é considerada como uma luz sobre o entendimento da condição humana.

Personagem

Sem nome, G.H. identifica-se com todos os seres. Entre suas vias possíveis está a mística, aberta a múltiplos temas, como a linguagem e a arte, que se fundem na busca espiritual.

Personagens

Além de G.H., a narradora, existem como receptores in off tu, meu amor,

doutor, minha mãe. Não são personagens, pois não agem dentro da

história, são apenas invocados. A barata tem um papel importante nesta

narrativa, mas um papel passiva, do meramente existente. Ela está e sua

existência é perturbadora.

Tempo

Às dez horas da manhã (?) é o início. Um minuto, um dia, toda a existência? O tempo metafísico não se mede pelo relógio.

Espaço

Tudo acontece dentro de um apartamento de classe média alta, no Rio de

Janeiro. Mais exatamente, dentro de um pequeno quarto de empregada.

Mas sendo assim tão exíguo o espaço em que se desenrola a "história",

pode-se afirmar ao mesmo tempo que seu espaço é o universo ilimitado,

uma vez que o pensamento livre de G.H. não conhece barreiras físicas.

Foco narrativo

Esta forma de narrativa torna difícil caracterizar o texto como um romance, ou como uma novela. No entanto, ele mesmo assim é uma narrativa, um tipo de romance introspectivo. Por outro lado, há momentos profundamente poéticos no texto. O uso das palavras parece apontar para uma linguagem sempre simbólica. A abundância de metáforas mostra isso. De modo que se tratade um tipo de romance lírico.

Além disso, os oxímoros são a figura de linguagem mais presente no texto. Parece que se abusa deles para

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