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O uso de pronomes de primeira pessoa em artigos acadêmicos: Uma abordagem baseada em corpus

Por:   •  8/8/2021  •  Artigo  •  6.070 Palavras (25 Páginas)  •  337 Visualizações

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O uso de pronomes de primeira pessoa em artigos acadêmicos:

Uma abordagem baseada em corpus

Janaína Rabelo Cunha Ferreira de Almeida1

(UFMG)

Maíra Avelar Miranda2

(PUC Minas)

RESUMO: O presente trabalho propõe uma análise quantitativa das estratégias de pessoalização no gênero

“artigo científico”. Isso é feito por meio da investigação da freqüência de ocorrência dos pronomes pessoais de

primeira pessoa em um corpus formado por artigos científicos publicados em duas revistas brasileiras: uma de

Lingüística Teórica e Descritiva, outra de Lingüística Aplicada. Pretende-se, assim, observar a influência da

filiação às diferentes áreas da Lingüística nas estratégias de pessoalização, procurando definir as características

que marcam o discurso de cada uma das orientações. Adota-se, neste trabalho, uma abordagem baseada em

corpus. Objetiva-se, assim, comparar o que é prescrito nos manuais e o que de fato se observa nas revistas

científicas.

Palavras-chave: Discurso científico; Artigo acadêmico; Pronome pessoal; Lingüística de Corpus

1. Introdução

Os trabalhos que se concentram na análise do discurso acadêmico variam bastante quanto à

abordagem: enfocam, de maneira geral, a variação entre diferentes gêneros, culturas e áreas

disciplinares. Há, contudo, poucos trabalhos que se voltam para a análise dos textos

produzidos pelos pesquisadores da própria Lingüística, conforme indicado por Moraes (2005),

que abordou o metadiscurso em artigos de pesquisa. Bernardino (2007), por sua vez, estudou

mais especificamente os operadores metadiscursivos interpessoais em artigos acadêmicos.

Não foram encontrados, no entanto, trabalhos que se concentrassem nas diferenças de

estratégias de pessoalização entre diferentes ramos da Lingüística.

1 Mestranda em Estudos Lingüísticos (UFMG) e bolsista CAPES.

2 Doutoranda em Lingüística e Língua Portuguesa (PUC Minas) e professora substituta de Língua Portuguesa

(CEFET-MG)

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VEREDAS ON-LINE – LINGUÍSTICA DE CORPUS E COMPUTACIONAL – 2/2009, P. 68-83 – PPG LINGUÍSTICA/UFJF – JUIZ DE

FOR A – ISSN 1982-2243

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Tendo em vista esta lacuna, este trabalho objetiva estudar a pessoalização do discurso no

gênero “artigo científico” por meio da observação do emprego dos pronomes pessoais num

corpus do Português Brasileiro. Serão analisados textos publicados em revistas científicas das

áreas de Lingüística Teórica e Descritiva e de Lingüística Aplicada. É apresentado,

inicialmente, o gênero aqui em foco, o artigo científico. Procede-se, então, a uma definição do

conceito de “pessoalização” na Teoria da Enunciação (BENVENISTE, 1966), seguido de uma

apresentação de trabalhos que tratam, nesta perspectiva, do discurso científico. A seção

seguinte é dedicada à Lingüística de Corpus: são indicados, brevemente, seus princípios

básicos e suas contribuições para a Lingüística, especialmente no tocante aos corpora

especializados, como os utilizados neste trabalho. Por fim, a última seção deste trabalho é

dedicada ao estudo das estratégias de pessoalização do artigo científico.

2. Considerações iniciais sobre o gênero “artigo científico”

O artigo científico é um gênero3

do discurso científico. Segundo Massarani e Moreira (2005),

podem-se apontar duas orientações básicas no discurso científico: os discursos primários, de

pesquisador para pesquisador, equivalentes ao artigo científico; e os discursos secundários,

que consistem nos discursos didáticos, como os manuais utilizados no ensino da ciência, e os

de divulgação científica. Os artigos científicos, objeto deste estudo, podem, por sua vez, ser

divididos em artigos experimentais e artigos teóricos. Os primeiros, focos deste trabalho,

objetivam apresentar resultados de experimentos ou levantamentos; os segundos, a

proposição, defesa ou questionamento de um modelo ou teoria, sem recorrer a dados

empíricos (MASSARANI; MOREIRA, 2005).

Um artigo científico de pesquisa corresponderia, segundo Swales (1990, p.93) , a:

“(…) um texto escrito (embora frequentemente contenha elementos não-verbais),

nomalmente limitados a poucos milhares de palavras, que relata alguma

investigacao levada a cabo por seu autor ou autores. Além disso, o AP [artigo de

pesquisa] usualmente relaciona as suas descobertas às de outros, e pode também

examiner questões ligadas a teoria e/ou metodologia.

O artigo de pesquisa foi publicado, ou está para ser, em um jornal de pesquisas ou,

menos tipicamente, em uma coletânea de artigos reunidos em um livro4

(tradução

livre)

...

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