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Alfabetização

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Por:   •  27/3/2015  •  3.464 Palavras (14 Páginas)  •  182 Visualizações

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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: REFLETINDO SOBRE AS ATUAIS

CONTROVÉRSIAS

Ao longo dos anos a alfabetização escolar tem sido alvo de inúmeras controvérsias

teóricas e metodológicas, exigindo que a escola e, sobretudo, aqueles profissionais que

lidam com o desafio de alfabetizar se posicionem em relação às mesmas, o que certamente

terá conseqüências para as práticas pedagógicas que irão adotar.

No Brasil, durante décadas predominou a discussão acerca da eficácia dos métodos

de alfabetização, gerando-se confrontos entre os chamados métodos sintéticos e analíticos

chegando-se a uma combinação de ambos nos chamados métodos analítico- sintéticos como

é o caso da palavração. Para prevenir as inevitáveis diferenças individuais na aprendizagem

inicial da leitura e da escrita e evitar os eventuais fracassos que os métodos em si não eram

capazes de contornar, elegeu-se um conjunto de pré-requisitos para uma alfabetização bem

sucedida, privilegiando-se principalmente uma maturidade dos aspectos perceptuais e

motores aliada a um domínio da linguagem oral.

Toda esta tradição estava vinculada a uma concepção de alfabetização segundo a

qual, a aprendizagem inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao

reconhecimento das palavras garantindo-lhe o domínio das correspondências fonográficas.

No máximo, buscou-se assegurar, de acordo com algumas abordagens, que este saber se

desenvolvesse num universo de palavras que fossem significativas para o aluno no seu meio

cultural, como nas famosas cartilhas regionais. Mas de uma maneira geral, tratava-se de

uma visão comportamental da aprendizagem que era considerada de natureza cumulativa,

baseada na cópia, na repetição e no reforço. A grande ênfase era nas associações e na

memorização das correspondências fonográficas, pois se desconhecia a importância de a

criança desenvolver a sua compreensão do funcionamento do sistema de escrita alfabética e

de saber usá-lo desde o início em situações reais de comunicação.

A partir de 1980 a alfabetização escolar no Brasil começou a passar por novos

questionamentos, porém desta feita o foco das discussões era a emergência de novas

concepções de alfabetização, baseadas em resultados de pesquisas na área da psicologia

cognitiva e da psicolingüística que apontavam para a necessidade de se compreender o

funcionamento dos sistemas alfabéticos de escrita e de se saber utilizá-lo em situações reais

de comunicação escrita, prevenindo-se desde o início da alfabetização o chamado

analfabetismo funcional.

Com a divulgação das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita (Ferreiro e

Teberosky 1986) o enfoque construtivista tornou-se, sem dúvida, um dos mais influentes na

elaboração de novas propostas de alfabetização, pois além de revelar a evolução conceitual

por que passam as crianças até compreenderem como funciona o nosso sistema de escrita,

incorporou a idéia defendida por Goodmann (1967) e Smith (1971) de que ler e escrever

são atividades comunicativas e que devem, portanto, ocorrer através de textos reais onde o

leitor ou escritor lança mão de seus conhecimentos da língua por se tratar de uma

estrutura integrada, na qual os aspectos sintáticos, semânticos e fonológicos interagem

para que se possa atribuir significado ao que está graficamente representado nos textos

escritos.

A importância das práticas sociais de leitura e escrita também teve o suporte dos

estudos que no âmbito da lingüística, da sociolingüística e da psicolingüística enfatizaram

as diferenças entre as modalidades língua oral e língua escrita e demonstraram como muitas

crianças se apropriavam da linguagem escrita através do contato com diferentes gêneros

textuais, explorando através de suas interações com adultos alfabetizados a leitura e a

produção de textos, mesmo antes de estarem alfabetizadas de forma convencional enquanto

que outras, apesar de alfabetizadas, apresentavam uma ausência de domínio da linguagem

utilizada nas formas escritas de comunicação. ( Rego 1986, 1988; Abaurre 1986; Kato

1987).

Um estudo longitudinal conduzido em Bristol (Wells 1986) mostrou, de forma

contundente, a importância das experiências com a leitura de histórias para crianças de pré-

escolar para o posterior sucesso escolar das crianças com a leitura e a escrita. Aquelas

crianças, cujos pais liam regularmente e exploravam conjuntamente com elas os textos

narrativos, não só aprenderam a ler com mais facilidade como revelaram-se excelentes

escritores no término do ensino fundamental. Os resultados obtidos neste estudo levaram o

autor a salientar aquelas variáveis que do ponto de vista sócio-cultural seriam mediadoras

das diferenças

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