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O Ciclo Vital e o Stress Em Sociedade

Por:   •  30/7/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.810 Palavras (8 Páginas)  •  144 Visualizações

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        Todos os seres humanos ao longo de sua existência e de suas relações em sociedade, já tiveram contato pessoal com o stress, a forma no qual cada organismo reage aos estressores, submete-o a impactos direto quanto ao funcionamento do seu organismo, traduzindo a curto, médio ou longo prazo, em vários problemas de saúde, até mesmo na falência vital dos órgãos.

        De acordo com o dicionário Aurélio (2009) o termo stress pode ser definido como um estado gerado pela percepção de estímulos que provocam a excitação emocional e consequentemente perturbam a homeostasia do corpo, onde leva o organismo a disparar um processo de adaptação caracterizado pelo aumento da secreção de adrenalina, resultando em consequências sistêmicas.  

        Conforme Zaldívar (1996) o stress pode ser definido ainda como um estado vivencial desagradável sustentado pelo tempo, acompanhado de transtornos psicofisiológicos que surgem no ser humano como uma consequência em suas relações com o ambiente, em que impõe ao sujeito demandas ou exigências ameaçadoras no qual o sujeito se percebe com pouco ou nenhum controle.

        Desta forma, compreendemos que o stress está intrinsicamente ligado as respostas de adaptação do organismo frente as suas relações com o meio em que vive, em uma constância entre as reações perceptivas, psicológicas e fisiológicas.

        Com base no vídeo, Stress-retrato de um assassino, percebemos através de estudos que, os principais aspectos que provocam o stress, englobam os fatores psicológicos e os tumultos sociais, ou seja, o processo de hierarquia social afeta diretamente no modo de existência de cada ser humano e assim no nível de estressores diários, correlacionando-os com suas percepções de riscos/perigo.

        Ao pensarmos nos impactos primários e secundários da posição social começamos a refletir a vida em sociedade versus o bem-estar integral dos indivíduos que nela compõe. Quanto mais o organismo sente-se indefeso, maiores as preocupações (estressores). Nesta vertente, Robert Sapolsky, Neurobiólogo da Universidade de Stanford em suas pesquisas com babuínos, concluiu que a hierarquia juntamente com aspectos psicológicos internos de cada organismo são as principais fontes desencadeadora do stress.

        Sapolsky, através da coleta e análise sanguínea dos babuínos, percebeu que a posição hierárquica de cada membro era determinante ao seu nível de stress hormonal presente no seu sistema. Os machos, de acordo com sua posição hierárquica apresentavam baixo nível hormônio estressor. Por outro lado, os babuínos com posição mais baixa possuíam ritmos cardíacos mais elevados e maior pressão arterial.

        

        Uma descoberta importante realizada também por Sapolsky, foi quando houve uma transformação no bando devido alta taxa de mortalidade dos babuínos machos. Essa situação provou mudanças comportamentais nos machos sobreviventes, diminuindo os níveis de agressão, tornando o ambiente mais agradável e com maior relação social entre os membros.         Com base nestes resultados percebemos que os impactos com a ausência de stress foram benéficos não apenas para as fêmeas, mas para o bando todo. Desta forma, não é apenas a posição social, mas sim, seu significado para sociedade.

Embasado nos resultados dos estudos de Sapolsky, salienta-se que a química cerebral dos babuínos é muito semelhante à do ser humano, o que nos leva a refletir os mesmos impactos hierárquicos sob diferentes concepções ideológicas e vivenciais com manifestações do stress.

        Quanto maior o controle vivencial, maiores serão as condições de vida e longevidade.  Nesta concepção, as diferenças individuais, as características do estímulo, bem como, a personalidade de cada organismo definirá seus padrões de condutas e controle. Assim, a falta do controle emocional, favorecerá em uma maior vulnerabilidade e adoecimento.

        Pesquisas neuropsicoimunológicas afirmam os efeitos prejudiciais do estresse no funcionamento do sistema imunológico, assim como, outros estudos revelam alterações no funcionamento vital das células e órgãos.  Conforme afirmativas, é necessário modelos de enfrentamento e redução do stress para uma vida saudável.

        A reflexão individual do ser humano como ser singular frente suas necessidades e seus domínios, ajudarão o indivíduo, de acordo com suas características pessoais da personalidade, a encontrar mecanismos de como reagir aos estímulos estressores e de como buscar reforçadores que promovam prazer e relaxamento.

        Com base nas concepções psicológicas do estresse, o enfrentamento são esforços cognitivos e de comportamentos mutáveis desenvolvidos para melhorar as demandas internas e externas do indivíduo. Algumas formas de lidar com o stress, envolvem: o enfrentamento, o distanciamento, o autocontrole, a busca de apoio social, a aceitação da responsabilidade e fuga-evasão das situações de stress.

        Pesquisas longitudinais indicam ainda que o otimismo é percebido como um fator positivo a doenças cardiovasculares e que pessoas otimistas reagem de uma forma mais positiva aos eventos estressores do cotidiano.  Percebe-se assim, que a analise fatorial de cada organismo frente aos estímulos estressores se faz necessários para a redução do stress crônico, principalmente através de medidas que favoreçam o ser humano em todos seus parâmetros biopsicossociais.

Abaixo segue um levantamento das principais pesquisas e resultados que contemplam o stress de acordo com o vídeo: Stress, Retrato de um Assassino.

Pesquisador

Particularidades e objetivos gerais do experimento

Resultados Fundamentais

Impacto na explicação do stress

Robert Sapolsky

Neurobiólogo da Universidade de Stanford

Pesquisas realizadas com babuínos para identificar o porquê o stress crónico está a ameaçar as nossas vidas e como a nossa posição da hierarquia social influencia os nossos níveis de stress.

  • O stress está ligado a hierarquia social dos babuínos.
  • A posição social é determinante ao nível de stress hormonal no sistema.
  • Hierarquias mais baixas possuem ritmos cardíacos e pressão arterial mais elevadas.
  • Com a ausência de stress percebeu-se impactos positivos ao bando.
  • Reação do stress puramente psicológica, dificuldade de interromper a resposta ao stress.

O Stress é um fenômeno que está intrinsicamente ligado com a hierarquia social e com aspectos psicológicos individuais.

O contexto social e a posição social de cada ser humano impactarão na exposição de estímulos estressores.

A química cerebral destes animais com posição hierárquica baixa é semelhante com o que se observa em seres humanos clinicamente deprimidos.

Michael Marmot

Monitorou a saúde de mais de 28.000 pessoas ao longo de 40 anos com empregos estáveis

Quanto mais baixo se está hierarquicamente maiores os riscos de vir a sofrer de doenças cardíacas e outros tipos de doenças.

Comparando as situações, um ser humano com um estatuto inferior é subordinado por outro indivíduo com um estatuto superior, o mesmo acontece entre os machos alfa no grupo dos babuínos, que subordinam os machos do seu grupo.

Dra. Carol Shively

Verificou os efeitos do stress nas artérias dos macacos.

As artérias de um macaco dominante, com pequeno histórico de stress, estavam limpas, enquanto as de um macaco subordinado e sujeito a situações constantes de stress tinham muito mais arteriosclerose acumulada no interior.

O stress e o seu “banho” de hormonas aumentam a pressão arterial, danificando as paredes das artérias tornando-as um verdadeiro depósito de placas bacterianas, o que pode condenar a chegada do sangue ao coração, tendo como consequência um ataque cardíaco.

O efeito do stress não se fica apenas pelas doenças estomacais ou cardiovasculares, mas também pode afetar as células cerebrais.

Os níveis de Dopamina estão relacionados com o nosso estado de espírito, então, quanto maior for o nível de Dopamina, maior será a satisfação do indivíduo consigo e com os outros e em suas atividades.

O stress está também relacionado com o modo como acumulamos gordura no nosso corpo: os indivíduos com uma posição social mais baixa têm uma maior probabilidade de terem gordura nos abdómenes do que os indivíduos com uma posição social mais elevada.

Dr. Bruce McEwen

Experimento com ratos de laboratórios

Os ratos sujeitos a stress crónico possuíam menos ramificações das células cerebrais e células cerebrais mais pequenas do que ratos normais.

O stress pode ter dois efeitos na memória: O stress crónico pode alterar os circuitos cerebrais, o que pode resultar na perda de capacidade de nos lembrarmos de coisas que necessitamos e o stress agudo muito intenso pode resultar na impossibilidade de nos lembrarmos, durante curtos períodos de tempo, de coisas que sabemos perfeitamente.

Tessa Roseboom

Estudou os efeitos prolongados do “Inverno da fome Holandês”, marcado por um Inverno exigente e frio, pela guerra e principalmente pela fome.

Estudando mais precisamente os fetos das mulheres grávidas durante este período e a probabilidade de continuarem afetados pelo stress.

O nosso corpo reage à fome da mesma maneira que reage a várias situações de stress.

Bebés concebidos durante a fome correm maior risco de sofrerem doenças cardiovasculares, têm mais hipercolesterolemia, são mais sensíveis ao stress e têm uma saúde mais vulnerável que as pessoas nascidas antes da fome ou concebidas após esta.

Hormonas de stress na circulação sanguínea da mãe iniciaram uma mudança no sistema nervoso do feto enquanto lutava contra a fome.

Este primeiro stress pode deixar marcas negativas profundas e deixar cicatrizes que duram toda uma vida, causando problemas como uma menor capacidade de aprendizagem no futuro, menor capacidade de adaptação e resposta ao stress em adultos, uma facilidade maior para entrar em depressão, um maior grau de vulnerabilidade a distúrbios psiquiátricos, etc.

Dra. Elisabeth Blackburn

Estudou o núcleo das células de um grupo de mães afetadas por stress crónico e que possuíam crianças com deficiência,

O comprimento dos telómeros está diretamente ligado à quantidade de stress a que uma pessoa está sujeita e ao número de anos que já se vive sob esse stress.

Estas mulheres, por cada ano a tratar duma criança cronicamente doente, envelhece, grosso modo, seis anos.

Mães com crianças pequenas estão já sujeitas a um nível considerável de stress, mas acumulando então o facto de se tratar de uma criança com necessidades especiais, o efeito pode ser maior.

        

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