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Psicologia Científica E Senso Comum

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Por:   •  29/9/2013  •  1.763 Palavras (8 Páginas)  •  1.761 Visualizações

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Semana 1

Psicologia científica e senso comum

Objetos de estudo da psicologia

Fenômenos psicológicos

 Ciência e senso comum

Usamos o termo psicologia no nosso cotidiano com vários sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de “psicologia” para vender seu produto; e quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos problemas, dizemos que tem “psicologia” para entender as pessoas.

Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico.

 O senso comum: conhecimento da realidade

A dona de casa, quando usa a garrafa

térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecendo completamente as leis da termodinâmica. Quando alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de boldo, que é uma planta medicinal já usada pelos avós de nossos avós, sem, no entanto, conhecer o princípio ativo de suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. E nós mesmos, quando precisamos atravessar uma avenida movimentada, com tráfego de veículos em alta velocidade, sabemos perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem em nossa direção. Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso comum.

Leva certo tempo para que o conhecimento mais sofisticado e especializado seja absorvido pelo senso comum, e nunca o é totalmente. Quando utilizamos termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”, “ficar neurótico”, estamos usando termos definidos pela psicologia científica. Não nos preocupamos em definir palavras usadas e nem por isso deixamos de ser entendidos pelo outro. Podemos estar muito próximos do conceito científico, mas, na maioria das vezes, nem sabemos. Esses são exemplos da apropriação que o senso comum faz da ciência.

 A psicologia científica

A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira, sistemática e controlados, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido.

A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. Suas conclusões devem ser passíveis de verificação isentas de emoção, para, assim, tornaram-se válidas para todos.

Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo cumulativo de conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científico um conjunto de conhecimentos.

Objeto de estudo da psicologia

Como dissemos anteriormente, um conhecimento, para ser considerado científico, requer um objeto específico de estudo. O objeto da astronomia são os astros, e o objeto da biologia são os seres vivos. Essa classificação bem geral demonstra que é possível tratar o objeto dessas ciências com uma certa distância, ou seja, é possível isolar o objeto de estudo. No caso da astronomia o cientista-observador está, por exemplo, num observatório e, o astro observado, a anos-luz de distância de seu telescópio. Esse cientista não corre o mínimo risco de confundir-se com o fenômeno que está estudando.

A subjetividade como objeto de estudo da psicologia

A identidade da psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida consideram-se que cada um desses ramos enfoca o homem de maneira particular. Assim, cada especialidade – a Economia, a Política, a História, etc. – trabalha essa matéria-prima de maneira particular, construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana.

Nossa matéria-prima, portanto, é o homem em todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singularidades (porque somos o que somos) e as genéricas (porque somos todos assim) – é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-ação e tudo isso está sintetizado no campo da subjetividade.

A subjetividade é o mundo das idéias, significados e emoções construídos internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais.

A subjetividade é amaneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o que constitui o nosso modo de ser: sou filho de japonês e militante de um grupo ecológico, detesto matemática, adoro samba e black music, pratico ioga, tenho vontade, mas não consigo ter uma namorada. Meu melhor amigo é filho de descendentes de italianos, primeiro aluno da classe em matemática, trabalha e estuda, adora comer sushi e navegar pela internet. Ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade.

A psicologia enquanto ciência e suas interfaces com o Direito. Primórdios da psicologia aplicada ao Direito

Início da relação entre a psicologia e o Direito

• Psicologia do testemunho

Avaliação da veracidade de relatos de acusados e de testemunhas, fundamentando-se em estudos e experimentais sobre memória e percepção.

- Metodologia: uso de instrumentos de medida considerados objetivos, que possibilitavam comprovação matemática. Utilizavam-se sobretudo, testes psicológicos.

• Psicologia jurídica no Brasil

1945 – Manual de psicologia jurídica, de Emílio Mira y Lopez: psicologia como ferramenta para avaliação e diagnóstico de criminosos e infratores.

• Contribuições da psicologia

-Detectar a mentira

-descobrir causas subjetivas

-Indicar técnicas para alteração do comportamento anormal

-Classificar as pessoas (conforme hereditariedade, caráter e constituição física e psíquica)

-Avaliar condições de discernimento ou sanidade mental das partes

-Determinar a periculosidade dos indivíduos

• Perícia

Avaliação de condições psicológicas com a finalidade de responder a quesitos formulados por operadores do Direito – atividade avaliativa e de subsídio às decisões judiciais.

• Positivismo

Busca de leis de funcionamento da natureza por meio de instrumentos de medidas objetivos que as comprovassem matematicamente – valorização da razão e da observação sistemática do real, rejeitando-se explicações religiosas sobre os fenômenos da realidade.

- A ciência moderna é:

= Positivista (fundamentada no observável)

= Racionalista (enfatiza a razão, o conhecimento construído sem interferência de crenças e valores)

= Mecanicista ( pautada na idéia de funcionamento regular, guiado por leis universais)

= Atomista ( concebe que o todo é resultado da organização das partes)

= Determinista ( pensa o mundo como um conjunto de fenômenos causados, podendo a relação causa-efeito ser descoberta pela razão humana)

• Ciências sociais devem usar os mesmos

métodos das ciências da natureza, considerando seus objetos como sendo naturais.

- Considera-se que a psicologia foi fundada como ciência autônoma por Wundt, fisiologista, o qual inaugurou na Alemanha, em 1875, o laboratório de psicologia experimental, visando a descobrir, por meio de métodos das ciências biológicas, o funcionamento e a organização dos processos mentais que compõem a consciência.

Por meio de instrumentos quantitativos, identificavam-se as condições normais de funcionamento de processos psicológicos (não observáveis, tais como percepção, memória, inteligência, pensamento, motivação) e aquelas que determinavam o desenvolvimento diferenciado de tais funções.

• Direito positivo

Opõe-se ao Direito clássico, segundo o qual o crime é decorrente do livre-arbítrio do indivíduo.

• Psiquiatrização do crime

Crimes podem ser justificados pelo fato de o criminoso ser portador de algum distúrbio orgânico e/ou moral – as diferenças entre os indivíduos são patologizadas e criminalizadas.

Contribuição para a decisão acerca dos dispositivos de correção a serem aplicados.

• Sociedade disciplinar

Rede de controle social, cujas finalidades são a vigilância e a normalização fundamentada em valores de grupos dominantes.

• Exame

Estudo baseado na observação, análise, comparação e classificação dos indivíduos, contribuindo, assim, para o controle social.

DEMANDA ATUAL DA PSICOLOGIA LIGADA AO DIREITO

1- Assessora na formulação, revisão e execução de leis.

2- Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos.

3- Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do Direito.

4- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos em conexão processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos.

5- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos.

6- Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz, durante a execução da perícia.

7- Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico(juízes, curadores e advogados).

8- Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação da personalidade destes e fornecendo subsídios ao processo judicial quando solicitado por uma autoridade competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico.

9- Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de questões.

10- Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares.

11- Participa da elaboração e execução de programas sócios educativos destinados a criança de rua, abandonadas ou infratoras.

12- Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista psicológico, quanto as tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais.

13- Assessora autoridades judiciais no encaminhamento à terapias psicológicas, quando necessário.

14- Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a administração dos estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá-la.

15- Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.

Referência

BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T.. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1993.

JACÓ-VILELA, Ana Maria. Os primórdios da psicologia jurídica.

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