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Por:   •  20/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.408 Palavras (10 Páginas)  •  421 Visualizações

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Teoria Psicanalítica – 3º Semestre Manhã

Análise Fundamentada na Teoria Psicanalítica do Filme “O Conde de Monte Cristo”

Elika de Freitas Valle

Ingrid de Sousa Lima Silva

Larissa Nascimento Mesquita

Roteiro para análise do filme “O Conde de Monte Cristo” 

 

  1. Analise a relação de Mondego e Dantes a partir do conceito de complexo de Édipo? 
  1. Cite alguns momentos em que é evidenciada a presença da pulsão de vida e de morte nas atitudes de Dantes. 
  1. Cite e explique a presença da pulsão de morte em Mondego. 
  1. Analise, psicanaliticamente, a influência do Padre nas construções afetivas de Dantes. 
  1. Cite um trecho do filme em que, você, como psicólogo, tenha se sentido impactado. Procure explica-lo sob o ponto de vista da psicanálise (correlacionando com algum conceito aprendido ou pensamento interpretativo na linha psicanalítica). 

  1. Ao longo do filme parece que Mondego revive o complexo de Édipo com Dantes e Mercedes. No qual ele é apaixonado por Mercedes, porém ela deixa claro que ama o Dantes. Então a forma que ele vê de conquistá-la é por identificação com Dantes, se Mercedes o visse como um cara nobre e bom como Dantes, ela poderia se apaixonar por ele. Então ele elabora um plano para “eliminar” o sujeito (Dantes) que o impedia de ter seu objeto de amor (Mercedes) e após sua “eliminação” ele mostra para Mercedes como ele era nobre e um bom amigo tentando fazer de tudo para conseguir salvar o amigo.

Um aspecto interessante na amizade de Dantes e Mondego é a troca da peça de xadrez rei quando algum tinha “sucesso”. Que ao longo do filme mais parece uma luta por poder, entregar a peça para o outro é uma vitória e uma sensação de ser poderoso. O que parece se repetir ao longo do filme na relação entre eles, principalmente da parte de Mondego. Ele quer ter tudo que ele acha que torna o Dantes poderoso, pois ele acha que assim ele pode se tornar poderoso.

Ao longo do filme não da para saber exatamente como ocorreu o complexo de Édipo de Mondego com seus pais, porém é possível perceber que ele nutre uma relação de ódio e inveja com o pai, pois o fato do pai dele estar vivo o impedia de ter o titulo de Conde. Relação similar que ele nutria com o Dantes, pois a existência dele o impedia também de ter algo que ele queria ter.

  1. No começo do filme mostra o Dante desobedecendo às ordens dos seus superiores para poder conseguir salvar a vida do comandante que era seu amigo, essa sua ação mostra a presença da pulsão de vida, pois no lugar de apenas ficar parado e simplesmente aceitar a morte de seu amigo, ele sai desta situação de “comodismo” e corre os riscos para poder conseguir salvar o amigo.

Após passar alguns anos desde que ele foi preso, nota-se a presença da pulsão de morte na cena em que ele tenta cometer suicídio, porém ele não consegue êxito na tentativa. O padre tem um papel chave para que a pulsão de vida de Dante volte a se sobressair quanto à pulsão de morte, quando ele pede a ajuda de Dante para conseguir fugir do castelo. Movido pela vontade de sair daquele lugar, o Dante recupera a vontade de viver.

Outro momento em que a pulsão de vida está presente em Dante é quando ele ainda está preso e a vontade de vingança dele serve como uma força para viver. Pois a vontade de se vingar é tão grande que não o permite que desista e aceite estar derrotado, ou seja, essa vingança impulsiona a ele a continuar vivo e conseguir escapar do castelo.  Porém após ele sair da prisão aquela vontade de vingança dele não ajuda mais a construir algo de bom e nem impulsiona mais a pulsão de vida, ela se transforma em pulsão de morte, pois ela traz apenas a destruição dele mesmo. Ele fica preso em uma memória do passado que foi desagradável e tenta destruir a vida de todas as pessoas que ele julga culpadas de terem destruído a sua vida, por consequência deixando de viver a sua vida no presente em função de destruir a vida dos outros. Um exemplo disso é após ele ter encontrado o tesouro da ilha de Monte Cristo no lugar de usa-lo para começar uma vida nova, ele resolve usa-lo para concretizar sua vingança. A vingança dele o imobiliza de poder continuar a viver a sua vida, de poder construir algo novo. Apenas no final após a morte de Mondego é que ele consegue prometer ao falecido amigo “que tudo o que foi usado para a vingança, agora será usado para o bem”, e finalmente se desenlaça da vingança e a pulsão de vida volta a ser predominante.

  1. Mondego apresenta ao longo do filme atitudes negativas, suas ações são sempre destrutivas, seja a si mesmo ou quanto aos outros com os quais convive, porém estas ações estão associadas ao seu desejo ter poder. O que ele não enxerga é que a maneira como ele tenta obter o poder é o que o destrói. Mondego não consegue manter nenhuma relação boa de convivência, seja esta afetiva ou profissional, com nenhum dos personagens. Primeiro fez com que seu amigo Dantes fosse preso, com a intenção de conquistar Mercedes, parceira de seu amigo, porém, quando ele firmou sua relação com esta não a valorizava, passou anos destruindo o que antes era seu objeto de desejo. Mondego teve a oportunidade de ser feliz com sua possível amada, mas sua pulsão de morte tinha mais força, ele a humilhava e em momento algum valorizou Mercedes, suas ações apenas destruíram uma relação que poderia ter sido bem sucedida e faria bem pra si. Com os homens com os quais fazia negócios também não havia uma relação de confiança ou, simplesmente, uma boa convivência, ele sempre era agressivo e agia de maneira prepotente o que gerou sua falência. O até então seu filho parecia admirar o pai, mas este não recebia o tratamento esperado de um pai para um filho. Quando necessário Mondego não estava presente, menosprezava a importância de certos momentos para seu filho e aparentava não haver qualquer tipo de proteção com o garoto, enfraquecendo esta relação. Os filhos são considerados nossa continuação na Terra, por este motivo é esperado que se deposite expectativas boas nele, mas Mondego apenas ignorava a vida de seu filho.  Todas as relações de Mondego foram destruídas, até quando no final do filme ele tem a oportunidade de fugir, permanecer vivo e não ser preso, ele volta para duelar com Dantes dizendo que não conseguiria viver num mundo onde Dantes tem tudo e ele não tem nada. Ele não se permitiu viver, voltou porque preferia morrer, destruiu a si mesmo. Sua vida foi inteira impulsionada pelas pulsões de morte e este foi seu fim.

  1.  Com objetivo de interpretação pessoal, tentarei seguir a linha psicanalítica, e descrever a cena do filme que ocorre aproximadamente a 1:05h. Nesta sequência de cenas, há um avanço no tempo de 3 meses, após Dante como um integrante do grupo de piratas segue-os  até Marselha. Ao chegar a Marselha, o Capitão surpreende Dante com uma pergunta: “Você tem olhos nas costas?!” – Interpreto como: Você conhece a ti mesmo por completo?! -, Dante então responde: “Marselha, minha cidade!” – o que para mim soa como: ora, mas que pergunta! Conheço a mim mesmo perfeitamente! O capitão então questiona: “Você não desceu com os outros?” – uma indagação que seria: se conhece a si mesmo, manifeste-se! Saia da posição de pulsão de morte! Encare o conteúdo que esta a sua inconsciência.  Dante olha para o horizonte como se estivesse de fato refletindo a indagação. O capitão então, o provoca mais uma vez: “Não importa o que houve você não vai consertar ficando abordo desse navio, Vá!” – o Navio poderia afigurar uma zona de conforto do consciente. “aqui estou seguro”. O sair do navio, representaria trazer a tona conteúdos do inconsciente que causam conflitos internos, a ponto do sujeito ficar imóvel em sua zona de conforto, somente empurrando com auxilio da resistência, esses sentimentos agressivos e inexplicáveis que afligiram Dante todo o tempo. Aquela resistência a sair do barco traria então certo desconforto mental. Logo após a frase do Capitão, o mesmo complementa: “Você é quem sabe”. – ou seja, permita-se conhecer então, ainda que com ressalvas, o conhecer a si mesmo é preciso. Assim que Dante então aceita sair ele diz para o Capitão: “Somos Reis ou peões” – o que pude interpretar:  somos reis e peões, somos pulsão de morte e de vida, logo, sou capaz de mobilizar a minha vontade de conhecer a verdade sobre mim, saindo deste navio.                                                           Ao descer do Navio e colocar os pés na cidade, Dante veste uma espécie de capa de modo que cubra somente a cabeça, um capuz – que supostamente para mim, simbolizaria um movimento de esconder-se, uma desconexão com a realidade, um pé aqui pronto para saber a verdade sobre si, sobre seu inconsciente, e o outro pé estava em sua zona de conforto ainda. Cobrir a cabeça o tornaria um pouco imune às coisas que ouviria uma proteção imediata ao sentir-se que esta prestes a saber um pouco do conteúdo de seu inconsciente. O capuz a fim de ser mais abstrata ainda, pode ser uma tampa (recalque) a fim de não permitir que esses sentimentos instintivos se aflorem de modo abrupto.                                                                     A primeira pessoa que ele encontra é um senhor que seria um gancho, uma conexão, para aos poucos desvendar aquilo que aconteceu quando ele estava fora de Marselha - quando ele estava “fora” do contato mínimo que seja com o inconsciente. - esse senhor numa relação terapêutica, poderia ser o psicólogo que capta o que o paciente tenta expressar e o ajuda a entrar em contato aos poucos com aquele conteúdo de forma harmoniosa.                          Na medida em que o senhor descreve os acontecimentos daquela cidade nos últimos anos – ou na minha interpretação, começa a pinçar alguns sentimentos que Dante lutou para reprimir-, Dante tira o capuz- o que o deixa visivelmente mais acessível para a escuta do senhor. Tirar o capuz poderia ser diminuir a resistência. Logo ele começa a roer a unha, olhar para os lados, sentar de maneira que leva a crer um ansiosidade, ou até mesmo medo de entrar no desconhecido. Ele fala poucas palavras, mas a frase que me chamou mais atenção foi: “O senhor também parece estar passando por momentos de dificuldades...” – como que de modo sutil jogasse aquela condição de ansiosidade para o senhor à sua frente, como um mecanismo de defesa de projeção no outro para que equilibre aquele momento de conflito que esta vivendo. No final da cena o senhor diz: “É uma pena não poder ajudar mais”.  Dante responde: “Não! Contou-me o que eu precisava saber!” – tento então concluir e constatar a interpretação daquela frase “conhecer a ti mesmo, mas com ressalvas”.  
  2. Dante na prisão com o passar dos dias, parece viver numa condição que leva a um comportamento assim de modo peculiar, uma aparição do Id, que concentra os instintos mais selvagens e animais. Naquela fase de Dante, seus movimentos são visivelmente conectados ao id, é como se estivesse nascendo, tentando sobreviver e adaptar-se aquela situação que está. Há momentos que pode-se ver a semelhança com um animal, (anda de quatro , apesar do pé direito alto, come como um cão com a cabeça na tigela. Ele está como um primórdio que a única motivação dele é sobreviver atendendo suas necessidades ligadas ao id como um bebê.

A invasão do padre, a forma que ele surpreendentemente aparece, por conta até das pedras e  cimento, da a alusão a uma construção. Construção de algo que não se esperava que terá por objetivo trabalhar com Dante respeitando seus limites, regulando e ‘mantendo os pés’ do id (Dante) no chão. Esse agente que entrará com essa função é o ego. O padre é o ego.  Que aos poucos reconstitui e fortalece o ego de Dante na medida em que o Id de Dante  vai tentando encontrar uma saída para aqueles sentimentos que vem se cristalizando antes da chegada do ego. O ego (padre) deverá exercer o papel de mediador de Dante o colocando sempre na realidade, tentando aliciar suas frustrações e sentimentos de ódio em algo que vá manter sua vida num equilíbrio de satisfação e aceitação ao que passou.

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