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Por:   •  8/7/2013  •  4.631 Palavras (19 Páginas)  •  615 Visualizações

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O encontro com a Mata Atlântica tanto entusiasmou quanto intrigou os portugueses no começo do século 16. Do outro lado do oceano Atlântico, na mesma latitude, o litoral africano, já conhecido pelos exploradores, era marcado sobretudo por desertos cujas dunas chegavam até as praias na costa dos Esqueletos, no que é hoje a Namíbia. Além disso, na África, as águas eram geladas. Aqui, eram quentes. Por que esse contraste? Por que uma floresta tropical úmida apenas de um lado do Atlântico?Ao mesmo tempo que redesenhavam o mapa-múndi desbravando terras desconhecidas, os sábios navegadores lusitanos aos poucos perceberam que um mecanismo natural, agindo com base em um ciclo de correntes marinhas no hemisfério sul, é o maior responsável pelo surgimento de florestas chuvosas e biodiversas nos litorais orientais, entre as quais a Mata Atlântica é o exemplo mais cintilante. As correntes marinhas deixam a Antártica, girando sempre no sentido anti-horário, em todos os oceanos, até fluírem novamente para o sul. Ventos regulares garantem que a umidade se condense e vire chuva, fechando um ciclo.A Mata Atlântica abrangia integralmente ou parcialmente mais de 3.000 municípios em atuais 17 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo, atualmente, a Mata Atlântica está reduzida a 7,84% de sua área, com cerca de 102.000 km é o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção do mundo, perdendo apenas para as quase extintas florestas da ilha de Madagascar na costa da África. A Floresta Atlântica é o segundo conjunto de matas especialmente expressivas na América do Sul, perdendo apenas para a Floresta Amazônica, a maior do planeta. Denominada de Floresta Pluvial Atlântica, está localizada na Serra do Mar, que faz parte do Domínio Florestal Tropical Atlântico. A Serra do Mar, representada por uma cadeia de montanhas costeiras, apresenta uma série de interrupções, onde o cinturão das matas pluviais também se interrompe. Atualmente, as florestas atlânticas brasileiras encontram-se quase completamente devastadas, restando apenas cerca de 5% de matas preservadas de sua extensão original, da época do descobrimento do Brasil. A parcela mais representativa do que restou encontra-se nas regiões Sul e Sudeste, onde o relevo de escarpas íngremes dificulta o acesso e a devastação. É uma floresta de grande diversidade vegetal, com muitas samambaias, inclusive as arborescentes, além de orquídeas terrestres e palmeiras, entre as quais se encontra a Euterpes edulis, com cerca de 10 metros de altura e de cujo tronco se extrai o palmito. Além dos tapetes de musgos e inúmeros fungos, a Floresta Atlântica é muito rica em lianas e epífitas, entre as quais as samambaias, orquídeas e bromélias. Estas últimas, com suas folhas dispostas em roseta, retêm sempre uma certa quantidade de água, condicionando um habitat propício ao desenvolvimento de uma fauna particular, como por exemplo, a de larvas e adultos de várias espécies de artrópodes e de sapos.

De um modo geral, a fauna nesta floresta é predominantemente ombrófila, isto é, adaptada à sombra e pouco tolerante às variações de umidade, temperatura e insolação. Como conseqüência direta ou indireta da derrubada das matas, muitas espécies têm sido atingidas. Além da fauna terrestre, a Mata Atlântica tem também uma rica fauna de peixes que habitam os pequenos riachos que permeiam as áreas florestadas. Muitos destes peixes orientam-se pela visão para localizar alimento ou parceiros reprodutivos, bem como para seus comportamentos sociais, e são incapazes de sobreviver em águas turvas ou claras, sujeitas à luminosidade intensa, quando ocorre a remoção da floresta, a manutenção de temperaturas amenas nos riachos e no solo só é possível graças à intensa cobertura vegetal.

O desmatamento da Mata Atlântica, na verdade, é fenômeno do século 20. Entre 1985 e 1995, a floresta perdeu mais de 1 milhão de hectares, mais que toda a área desmatada no período da coroa portuguesa. De São Paulo a Santa Catarina, a marcha para o oeste trouxe grandes desmatamentos. É difícil imaginar que, em 1950, o Paraná ainda detivesse grandes extensões de mata preservada. As centenárias araucárias, um símbolo do estado, foram entregues pelos governos republicanos aos construtores de ferrovias anglo-americanos, junto com as terras adjacentes (de 15 a 30 quilômetros de cada lado). A cidade de Londrina lembra em seu nome essa entrega aos ingleses. Caboclos foram expulsos com violência; suas terras, loteadas e vendidas a estrangeiros. Isso deu origem a um dos episódios mais sangrentos dos governos militares da república, a Guerra do Contestado, ou dos Pelados, entre 1912 e 1916.

O pensamento e a crítica ambiental brasileira de hoje resultam de uma continuidade histórica de séculos, uma tradição intelectual única. A política florestal da coroa portuguesa e do império no Brasil logrou, por diversos e invejáveis mecanismos, manter a Mata Atlântica até o fim do século 19 com poucos locais alterados. Durante as glaciações e mudanças climáticas, as espécies adaptaram-se, deslocaram-se e participaram de verdadeiras migrações para o norte ou para o sul, quando o clima esfriava ou esquentava. Viveram as chamadas marés terrestres ou ecológicas, subindo e descendo encostas, explorando compensações entre latitude e altitude.

A exploração sempre marcou a Mata Atlântica, desde o início da colonização. A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do açúcar e café e o desmatamento para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma. A extração do palmito Juçara (Euterpe edulis) para consumo e o tráfico de animais silvestres são exemplos de problemas atuais que devem ser combatidos. Ainda assim, existem vitórias na preservação da Mata Atlântica. As taxas de desmatamento caíram nas últimas duas décadas e a área de florestas protegidas quintuplicou, além do estabelecimento oficial em 1992, pela UNESCO, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A sociedade, organizando-se com a ajuda de ONGs, é responsável em promover esforços para preservação desse importante bioma.

A importância do setor agrícola na conservação da Mata Atlântica, por exemplo, é fundamental quando se sabe que as propriedades rurais ocupam metade do território brasileiro e, na Mata Atlântica, a maior parte das terras estão nas mãos de particulares. Assim, alternativas sustentáveis como sistemas agroflorestais e práticas orgânicas, que reduzem o impacto no meio, devem prevalecer sobre o modelo agrícola tradicional que não leva em conta o ecossistema original. Em 2007,

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