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Mendon's

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Por:   •  6/9/2014  •  Resenha  •  940 Palavras (4 Páginas)  •  159 Visualizações

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fhfghficardo Mendonça, editor-assistente de “Poder” da Folha, escreveu um dos textos mais estúpidos que li nos últimos tempos. Não! Não é estúpido porque eu discorde dele. Eu já discordei de muita coisa que achei inteligente e bem pensada, embora recusasse o mérito. É estúpido porque afronta os fatos.

Segundo o Datafolha, a rejeição a Serra em São Paulo é de 52%, número de que duvido. Mas vá lá. Mendonça tenta especular sobre os motivos. Segundo diz, não seria só a renúncia à Prefeitura porque, ao deixar o cargo, o tucano se elegeu governador com votação consagradora. Fato! Também não seria só a reprovação ao governo Kassab, uma vez que 42% consideram sua gestão ruim ou péssima — índice inferior ao daquela suposta rejeição.

Então Mendonça resolveu ter uma ideia, a saber:

“Serra sempre associou sua imagem a temas libertários. Era o ex-líder da UNE, o intelectual caçado por Pinochet, o ministro que combateu a Aids. Desde 2010, porém, sua figura, suas campanhas e seus neoaliados aparecem majoritariamente ligados a outras pautas. Repúdio visceral ao aborto, supervalorização de alianças evangélicas, escandalização de um kit contra o preconceito. Por que o eleitor não haveria de desconfiar?”

Não sei quem é Mendonça, que idade tem ou o que pensa da vida. Não me interessa! Aí está um parágrafo intelectualmente delinquente, que tem de entrar para a história dessa campanha eleitoral como exemplo da adesão envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa de setores da imprensa a uma candidatura — no caso, a de Haddad.

Trata-se de uma adesão envergonhada porque, obviamente, o “analista” não declara seu voto — embora os mais atentos possam presumir. É oblíqua porque o autor trata suas próprias escolhas como ponto de equilíbrio e de bom senso, desprezando os fatos. E é eticamente dolosa porque faz com que sua militância pareça apenas uma análise isenta.

A linguagem é um vírus, o que Mendonça ainda não descobriu. A escolha do adjetivo “visceral” para qualificar o repúdio ao aborto é dessas piadas involuntárias que atropelam o pensador… Eu desafio esse rapaz a encontrar uma só declaração de Serra sobre o tema que apele ao discurso rancoroso. Assim como Dilma se declarou favorável à legalização, Serra se disse contrário em 2010 porque indagado a respeito. Com muito mais ênfase do que ele, quem se pronunciou no mesmo sentido foi a evangélica Marina Silva — figura que Mendonça certamente não se atreveria a atacar. Ele pode ser irresponsável quando escreve, mas não é bobo.

Lembro que foi Serra, quando ministro da Saúde, quem cuidou da portaria que regulamentou o aborto legal no SUS — o que era uma obrigação funcional sua. Sim, era preciso disciplinar a prática autorizada pela Justiça. Quem se mobilizou em 2010 contra a legalização do aborto foram cristãos católicos e evangélicos. Quem correu para mudar de opinião e foi à Igreja rezar — embora tivesse declarado acreditar em Deus só quando ao avião balança — foi Dilma Rousseff. Tudo normal para Mendonça.

O rapaz sugere que o suposto “repúdio visceral ao aborto” — ainda que Serra fosse notável por ser um prosélito da causa, o que é mentira — tire votos. Segundo pesquisa Datafolha de novembro de 2010, que pertence ao mesmo grupo que assina a carteira de trabalho do “analista”, 71% dos brasileiros são contrários à ampliação das possibilidades de aborto legal. Apenas 7% pensam com Dilma Rousseff. Se Mendonça visitasse a lógica de vez em quando, seria obrigado

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