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Reino Dos Animais Vegetais

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Por:   •  28/11/2013  •  2.503 Palavras (11 Páginas)  •  348 Visualizações

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Antes de 58 o Brasil já havia encantado o Mundo com seus craques. Depois, mais ainda, com Garrincha, Nílton Santos, Djalma Santos, Didi, Pelé, Carlos Alberto Torres, Tostão, Gerson, Rivelino. Ganhamos 3 Copas do Mundo. Em 82 o mundo babava na seleção de Sócrates, Zico, Falcão. E ai o tetra, o vice na Copa da França, o penta. O futebol brasileiro é respeitadíssimo no Mundo inteiro, a camisa é pesada. Não cabe aqui discutir como o Brasil chegou a ser potência no futebol, o texto ficaria gigante. Mas o que inverteu essa polaridade?

Algumas coisas complicam esse cenário: primeiro, o futebol passou por um processo de “modernização”, que no fim das contas significa monetarização. O avanço neoliberal na década de 80, com Reagan e Margaret Thatcher, transformou tudo em negócio, em investimento e lucro – e nós temos o direito de achar isso bom ou ruim, não vou entrar nesse mérito. Desde cinema até religião, tudo virou negócio, dinheiro. Como é comum a esses processos, não há lugar para todos.

O Brasil ficou de fora da brincadeira, acabou virando fornecedor de matéria prima, quero dizer, de jogadores. Tanto é, que desde os anos 80 (Careca no Napoli, Zico na Udinese), passando pelos anos 90 (Ronaldo no PSV, Roberto Carlos no Madrid, Rivaldo e Giovanni no Barcelona, Cafú no Zaragoza), até os anos 2000 (Pato no Milan, Gaúcho no PSG, Robinho no Madrid, Diego no Porto, Nilmar no Lyon, Adriano no Barcelona, Rafael no Manchester), cada vez os nossos jogadores saiam do país e maior número e mais jovens. A seleção ia bem, ia mal, mas cada vez com mais convocados entre times europeus e menos entre times brasileiros. As últimas Copas foram um festival de exportados, em oposição a uma seleção de 70 ou 82, esmagadoramente caseiras.

A segunda coisa é consequência: com jogadores sendo vendidos cada vez mais cedo, não havia preocupação em formar um elenco desde a categoria de base. Para que se preocupar com meninos entrosados desde os 10 anos? O fulano logo vai para a Alemanha com 19 anos, o beltrano vai pra Espanha com 18, o ciclano vai para a Itália com 17. Isso sem contar as baciadas de jogadores que saem do Brasil sem ter jogado nenhuma partida profissional no país onde nasceram.

A terceira é a consequência final: sem essa preocupação com as categorias de base formando bons jogadores e elencos entrosados, muito menos uma categoria de base decente na CBF para reunir os melhores desde cedo, o nível dos times brasileiros cai vertiginosamente, enquanto nossos jogadores bons, ótimos, excelentes, craques ou gênios enchem os clubes europeus (e eles mesmos) de títulos, fama e dinheiro. Ao mesmo tempo, essa venda de jogadores, mesmo os precariamente preparados nas categorias de base, é muito lucrativa para uma nova figura que apareceu no futebol: o empresário. O óbvio acontece: se uma atividade é muito lucrativa, quem lucra está disposto a gastar muito dinheiro para nunca parar de ganhar dinheiro. É a lógica dos traficantes e policiais corruptos que são contra a legalização das drogas. Empresários e dirigentes corruptos estão satisfeitos com o estado das coisas. Estão todos arrotando de satisfação, com um charuto entre os dedos da mão que segura o copo de whisky enquanto a outra assina um contrato milionário, de onde sairão de dez a vinte por cento para mais arrotos, charutos e bebidas.

Os últimos atos

Podem me dizer: Seedorf joga pelo Botafogo, Gaúcho pelo Galo, Neymar ficou um tempão aqui e o Corinthians comprou o Pato. Não se enganem. Ainda importamos ou repatriamos atletas em fim de carreira, ou então atletas queimados pelas lesões como Pato. Quando o Vasco comprar um Falcão García, enquanto Palmeiras e Flamengo disputam a contratação de um Cristiano Ronaldo, para fazer frente ao Internacional, que acabara de comprar um Ibrahimovic…ao mesmo tempo em que Corinthians, Santos e Cruzeiro revelam Ronaldos, Rivaldos, Messis, Neymares, mantendo todos no futebol brasileiro…bom, ai nós voltamos a conversar.

Enquanto isso não acontece, o cenário é esse: as últimas grandes revelações do futebol brasileiro foram Neymar e Ganso. Um deles ficou no país até 21 anos (é pouco, minha gente) e isso foi uma vitória. O outro está estragando sua carreira porque teve a ânsia de sair do país. De novo, a vira-latice do nosso futebol estragou mais um craque. Esses dois jogavam juntos, ganharam Paulistas, Copa do Brasil, Libertadores. Enquanto comandados por um dos maiores técnicos do país, Muricy Ramalho, foram jogar contra o Barcelona. Goleada humilhante. 4 a 0. Claro, esse mesmo time goleou o Real Madrid por 5 a 0, o Arsenal por 4 a 1, o Bayern por 4 a 0…mas não da forma como dominou e massacrou o Santos. Com Neymar do lado de lá e o lado de cá todo desmantelado – por falta de planejamento e competência – o jogo se repetiu e a goleada foi 8 a 0. Poderia ter sido mais.

É urgente lembrarmos o Corinthians: campeão invicto da Libertadores, chegou no mundial contra o Chelsea e foi campeão com propriedade. Também é indispensável lembrar que o Chelsea foi uma surpresa na Champions League, não era o melhor time da Europa, e chegou no mundial em reformulação – o que não arranha em nada o grande título do Timão, claro. Mas ainda assim, precisamos lembrar que o Corinthians é um time que soube enriquecer, fez da torcida uma grande clientela, deu estabilidade ao técnico e montou seu time com ótimas contratações, uma exceção no futebol brasileiro. Fora isso, usou poucos revelados pela base e, em geral, contou com atletas mais experientes, que podem dar títulos ao time, mas já passaram da época de fazer parte de uma reformulação do futebol nacional. E é dessa reformulação que falamos aqui, então, o Corinthians é um ótimo exemplo do que é possível fazer por um clube, mas não um exemplo do que se pode fazer pelo esporte no país como um todo.

Já sabemos como chegamos até aqui: o futebol foi impregnado com a lógica empresarial, as relações esportivas tornaram-se relações financeiras, o Brasil acabou ficando de fora do topo e, consequentemente, virou exportador. Assim, paramos de montar times e jogadores desde cedo e a confiança no talento inato, que funcionava muito bem até uns quarenta anos atrás, deixou de ser suficiente. Os resultados da seleção, quase toda formada por jogadores que atuavam na Europa, mascarou o problema, enquanto esse mesmo problema enriquece empresários e dirigentes corruptos com transferências cada vez mais caras e mais prematuras. Essas transferências deram uma freada por conta da crise, mas só graças a ela, assim que a economia se estabilizar, podemos contar com novas jóias perdidas.

1. PIB e capacidade de arrecadação

Futebol

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