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Rotifera

Relatório de pesquisa: Rotifera. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  14/2/2015  •  Relatório de pesquisa  •  1.940 Palavras (8 Páginas)  •  310 Visualizações

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Os Rotifera, com aproximadamente 2.000 espécies descritas, constituem um grupo eminentemente límnico, com cerca de 50 espécies marinhas apenas. São capazes de suportar condições ambientais extremas, tendo sido observados sobre neve e em águas termais (Schaden, 1985). Além disso, muitas espécies de água doce se aventuram em ambientes salinos e salobros (Schaden, 1985; Sterrer, 1986; Margulis & Schwartz, 1988).

A origem do filo pode ser datada do Eoceno, a partir de cistos fossilizados. Evolutivamente, alguns autores consideram os Rotifera como um grupo próximo aos Acanthocephala (Lee-Wallace et al., 1996).

O filo é dividido em três classes: Bdelloidea, Monogononta e Seisonidea. Esta última, com animais exclusivamente marinhos, possui somente uma família, Seisonidae; um gênero, Seison; e duas espécies (Nogrady, 1982; Nogrady et al., 1993).

A ordem Bdelloida, de sistemática confusa e difícil identificação, compreende quatro famílias, 18 gêneros e cerca de 360 espécies. A ampla classe Monogononta apresenta 24 famílias, 95 gêneros e cerca de 1.600 espécies, abrangendo formas livre-natantes, bentônicas, sésseis e algumas parasitas.

O filo é constituído por alguns dos menores animais que se conhece, medindo entre 0,04 e 2mm de comprimento, pouco maiores do que os protozoários ciliados. Quando adultos, são formados por um número fixo de células, entre 900 e 1.000, ou de núcleos, uma vez que muitos tecidos são sinciciais. São pseudocelomados, não segmentados, e bilateralmente simétricos. O corpo pode ser dividido em três regiões: cabeça, tronco e pé.

O nome do filo é derivado da corona, uma coroa ciliada, que atua na locomoção e na alimentação. O movimento dos cílios conferem à corona a aparência de uma roda girando rapidamente. A superfície externa do corpo é recoberta por uma cutícula que forma uma lórica em forma de taça, cuja extremidade aberta contém a boca e a corona. Na região posterior há um pé, com dois dedos terminais, utilizados para fixação. Estas estruturas podem estar ausentes ou reduzidas nas formas planctônicas.

Os Rotífera podem ser filtradores, parasitas ou predadores de protozoários e de organismos da meiofauna. O sistema digestivo é completo e o ânus localiza-se na região posterior do corpo. Em geral o corpo é transparente, mas, de acordo com o material contido no tubo digestivo, pode apresentar cor verde, alaranjada, vermelha ou marrom.

A maioria das espécies marinhas é de vida livre, e pode ser pelágica, meiobentônica, ou viver entre algas. Algumas espécies são epizóicas, como Seison, encontrado exclusivamente nas brânquias de Nebalia (Crustacea, Leptostraca); sobre as quais se arrasta, alimentando-se tanto dos ovos do hospedeiro como do alimento que retira da água. Zelinkiella vive sobre holotúrias, enquanto outras espécies podem ser encontradas sobre poliquetos e nos pés ambulacrais de alguns ofiuróides (Zelinka, 1888; Thane-Fenchel, 1968; Sterrer, 1986). Rotíferos parasitas podem infestar oligoquetos e hidróides (Sterrer, 1986).

Em São Sebastião (SP), Hadel (1997) observou a presença de grande quantidade de rotíferos da Ordem Bdelloida aderidos à holotúria Chiridota rotifera. A presença dos rotíferos verificou-se não só em holotúrias coletadas no ambiente, mas também naquelas mantidas em laboratório. Mesmo os jovens recém liberados apresentavam os rotíferos, o que levou a autora a suspeitar que sejam infestados na cavidade celomática dos adultos, onde são incubados. Não foram constatados prejuízos no crescimento e reprodução das holotúrias infestadas, sugerindo ser esta associação do tipo comensal. O confronto com a literatura descartou a possibilidade de tratar-se de Zelinkiella, mas não foi possível, até o momento, estabelecer a identidade do rotífero.

As formas pelágicas nadam continuamente, e, em geral, apresentam o corpo globoso. A parede do corpo é mais fina e flexível, o volume do pseudoceloma é maior e podem apresentar gotículas de óleo e espinhos longos para auxiliar na flutuação.

Os representantes da classe Seisonidea são grandes, com 2 a 3mm de comprimento, possuem a corona reduzida e mástax proeminente. Em geral, os machos são menores que as fêmeas e a cópula se dá por impregnação hipodérmica. Poucos ovos são produzidos e, em algumas espécies, ocorre incubação da ninhada. O desenvolvimento é direto e os jovens se parecem com a forma adulta. Os machos são sexualmente maduros ao nascer. O tempo de vida médio destes animais é de apenas algumas semanas (Sterrer, 1986).

Algumas espécies, como Brachionus plicatilis e B. rotundiformis, produzem ovos de resistência (Munuswamy et al., 1996).

Os rotíferos são conhecidos desde o século XVII, através das descrições de Leeuwenhoek (1687) e Harris (1696). Foram intensamente pesquisados na Europa desde as primeiras décadas do século XVIII (Nogrady et al., 1993). Contudo, no Brasil, o estudo deste grupo só tem início ao final do século XIX. Os primeiros trabalhos, da fase que antecedeu e preparou a institucionalização da ciência brasileira foram efetuados por pesquisadores estrangeiros que aqui estiveram ou que analisaram material proveniente de expedições científicas. Zelinka (1891, 1907), Murray (1913) e Spandl (1926) são as publicações mais antigas assinaladas por Neumann-Leitão (1986). Os estudos de Ahlstrom (1938, 1940), realizados em açudes da Paraíba, Pernambuco e Ceará, embora conduzidos na Universidade da Califórnia e em Los Angeles, já resultam de interesses brasileiros.

Ao final da década de 50, tem início o estudo nas instituições brasileiras. As pesquisas concentram-se, ainda hoje, nos ambientes límnicos, exceção feita para Pernambuco, onde os estuários são mais conhecidos.

O conhecimento dos rotíferos do Brasil permanece, em grande parte, dependente de pesquisadores estrangeiros. Estes geralmente se restringem às espécies límnicas das regiões que despertam maior interesse, como o Nordeste e, atualmente, a Amazônia.

Entre os estudos recentes, salientamos os trabalhos de Paranaguá & Neumann-Leitão (1980, 1981, 1982), Neumann-Leitão (1985/86a, b, 1986, 1990), Neumann-Leitão et al. (1992a, b, 1994/95), Odebrecht (1988); Lopes (1994), Arcifa et al. (1994) e Eskinazi-Sant'Anna & Tundisi (1996), realizados em ambientes estuarinos e em lagoas costeiras salinas.

No estado de São Paulo, Schaden (1970) realizou o primeiro levantamento devotado exclusivamente aos rotíferos límnicos paulistas. Seguiram-se diversos outros estudos, também, em águas interiores. Lopes (1994) estudou o zooplâncton de

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