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Anaximandro

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Por:   •  17/10/2013  •  Seminário  •  553 Palavras (3 Páginas)  •  377 Visualizações

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Imediatamente antes de Simplício nos legar aquela que valerá como sendo a sentença de Anaximandro, ele nos diz como esse pensador nomeia a arché, o Princípio: ápeiron, isto é, o sem limite. É a partir dessa palavra que Anaximandro dialoga com seu mestre Tales, cuja formulação de teor filosófico diz: tudo é água. É como se Anaximandro conversasse com ele assim: Ah, compreendo o que você quer dizer quando diz água: ápeiron!

Água é nenhuma determinação, nenhuma forma. Portanto, tudo, seja o que for, configura-se materialmente precisamente assim, sem ser uma forma, uma determinação acabada. Tudo consiste, pois, tão somente numa dinâmica, a dinâmica de um tornar-se: um vir a ser sempre outro, sendo sempre si mesmo. A água vem a ser sempre outra, sem jamais deixar de ser si mesma. Só por isso ela pode ser nomeada princípio de tudo, absolutamente tudo. Princípio uno. O salto qualitativo do primeiro pensador milesiano foi estar a argumentar acerca da origem una do ente enquanto tal, ou seja, de todo o aparecer, e de tal modo que aquilo para o que ele atenta e ao mesmo tempo aponta com o termo água não é, a rigor, este ou aquele ente, nem mesmo o conjunto de todos os entes, embora nos faça "olhar" para um elemento natural. É claro que a multiplicidade dos entes o intriga, mas justamente por provocar nele a entrevisão de uma unidade originária, uma unidade compreendida como princípio instaurador de tudo o que aparece, em seu aparecer, o que os gregos entenderam com o nome de phýsis. Há, porém, um problema. Ao mesmo tempo em que Tales evoca a água para indicar o que, enquanto princípio, não é absolutamente ente algum, ele não pode escapar de estar a "entificar", de algum modo, o que jamais pode ser um ente, pois água é inegavelmente um elemento material, visível. Anaximandro, pondo-se à altura da questão e bem compreendendo aquilo do que falava Tales, nomeia, então, o princípio de modo a evitar tal problema: ápeiron, o ilimitado, o sem determinação simplesmente.

Agora sim se alcançava uma maior clareza argumentativa para se poder dar conta do que é e de como se comporta a arché ou a phýsis. Mas o discípulo de Tales não se satisfez em só nomear o Princípio pela palavra ápeiron. Simplício, querendo explicitar o que Anaximandro queria dizer com isso, nos legou aquela argumentação que conhecemos como a sentença de Anaximandro. Nela se pode ler: (pois onde há a gênese para os entes (tà ónta), para lá surge também a destruição) segundo a necessidade; pois dão-se uns aos outros justiça (díke) e retribuição (tísin) por causa da injustiça (adikía) segundo a ordem do tempo.

A necessidade tem um papel estratégico em toda essa sentença. A partir dela, está decidido: tudo o que nasce (tà ónta) tem que morrer. Embora se fale aqui dos entes em seu fluxo de vir a ser e perecer, aquilo para o que interessa atentar não é o ente, este ou aquele ou mesmo a sua totalidade. Importa atentar para o a-peíron enquanto necessário "não-lugar".

Anaximandro, a fim de desenvolver como o "não-lugar" próprio ao princípio se realiza enquanto tal joga com termos do vocabulário jurídico da língua grega: díke, tísis e adikía. Nietzsche vê Anaximandro como um pessimista. Ele entende que nessa passagem final da sentença o pensador pré-socrático faz uma

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