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A Escola de Mileto Tales, Anaximandro e Anaxímenes

Por:   •  4/3/2020  •  Artigo  •  5.281 Palavras (22 Páginas)  •  440 Visualizações

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Escola de Mileto.

Tales, Anaximandro e Anaxímenes.

Escola de Mileto ou Milésia foi uma escola de pensamento fundada no século VI a.C. As ideias associadas a ela são exemplificadas por três filósofos da cidade jônia de Mileto, na costa do Mar Egeu da Anatólia: Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes. Convém distingui-la da Escola Jônica, que inclui estes e outros jônios como Heráclito (de Éfeso) ou Diógenes de Apolônia (que viveu em Creta).

Esses pensadores introduziram novas opiniões contrárias ao ponto de vista que prevalecia sobre a forma como o mundo foi organizado, em que os fenômenos naturais eram explicados unicamente como a vontade de deuses antropomorfizados. Os Milesianos apresentaram uma visão da natureza em termos de entidades metodologicamente observáveis, e como tal foi uma das primeiras filosofias verdadeiramente científicas defendendo a teoria do hilozoísmo que afirma que matéria e vida são inseparáveis.

Antropomorfismo.

É uma forma de pensamento que atribui características ou aspectos humanos a animais, deuses, elementos da natureza e constituintes da realidade em geral. Nesse sentido, toda a mitologia grega, por exemplo, é antropomórfica. Por outro lado, ao dar nome próprio ao elemento “inefável”, após o período Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) e sua consolidação no que fora denominado na História da Filosofia de tomismo (o conhecimento que veio depois dos escritos de Tomás de Aquino), houve uma eternização deste antropomorfismo no hemisfério ocidental e sua doutrina mestra, o cristianismo.

Interessante observar que em momento algum há referência de uso do antropomorfismo nas civilizações indígenas, onde é um elemento que está muito presente na cultura e religião indígena, como exemplo, as sociedades indígenas da Amazônia. Atribuir o uso mais longínquo do antropomorfismo ao ano de 1893 ou ao tomismo, é um erro crasso e uma borracha abissal na história de milhares de indivíduos.

Hilozoísmo.

Do grego hyle, matéria, e zoe, vida, é um termo que designa uma concepção da matéria e, por extensão, de toda a natureza. Os hilozoístas consideram que toda a realidade, inclusive a inerte, está dotada de sensibilidade e, portanto, animada por um princípio ativo.

Todos os filósofos da escola Milesiana concordaram em discordar. Elegeram, sem exceção, um elemento principiador de todo o universo. Entretanto, cada um fez a escolha por um elemento diferente do outro. Tales, a água. Anaximandro, o apeiron. Anaxímenes, o ar.

Tales de Mileto.

(Cerca de 625/4-558 a.C.)

DADOS BIOGRÁFICOS

Tales, de ascendência fenícia, era natural da Jônia, na Ásia Menor, cidade famosa pelo florescente comércio marítimo, pátria também de Anaximandro e Anaxímenes. Segundo a tradição, é o primeiro físico grego ou investigador das coisas da natureza como um todo. Floresceu pelo ano de 582 a.C. – florescimento (florescer) -vida), a flor (da idade) em grego, acmé: literalmente, ponta; sentido figurado, o ponto mais alto (da é o período) de máxima atividade de um filósofo.

A – DOXOGRAFIA

1. ARISTÓTELES, Metafísica, I, 3. 983 b 6 (DK 11 A 12).

A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. Para Tales, é a água. Por ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive.

2. SIMPLÍCIO, Física, 23, 22 (DK 11 A 13).

Donde é cada coisa, disto se alimenta naturalmente: água é o princípio da natureza úmida e é continente de todas as coisas; os que supõem um só elemento o afirmam ilimitado em extensão, como Tales diz da água.

3. ARISTÓTELES, Da Alma, 5, 422 a 7 (DK 11 A 22).

E afirmam alguns que ela (a alma) está misturada com o todo. É por isso que, talvez, também Tales pensou que todas as coisas estão cheias de deuses.

Isso no que diz respeito ao ressaltado no início sobre o elemento gerador, talvez considerado o elemento primeiro que constitui, a si mesmo e o seu desdobramento, substancialmente, todo o resto. Nesse caso de Aristóteles, a alma. Já para ele é a água.

B – Crítica Moderna.

1. Georg W. F. Hegel.

Trad. De Ernildo Stein.

A PROPOSIÇÃO DE Tales de que a água é o absoluto ou, como diziam os antigos, o princípio, é filosófica; com ela, a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Este universal está, ao mesmo tempo, em relação com o singular, com a aparição, com a existência do mundo. O primeiro estado de coisas que reside no que foi dito é o fato de que a existência singular não possui autonomia alguma, não é nada de verdadeiro em si e para si, apenas algo acidental, uma modificação. Isto é o elemento filosófico, que o um seja verdadeiro. Aquela separação do absoluto do finito é, portanto, enfrentada: mas ela não deve ser tomada assim que o um se situe do lado de lá e aqui o mundo finito — como ocorre muitas vezes na representação comum de Deus, representação em que se atribui ao mundo uma constância, em que muitas vezes se representem dois tipos de uma realidade, um mundo sensível e um supra-sensível da mesma dignidade. O ponto de vista filosófico é que somente o um é a realidade verdadeiramente efetiva: real deve ser tomado aqui em sua alta significação — na vida cotidiana chamamos tudo de real.

O segundo aspecto a considerar é que o princípio entre os filósofos antigos possui, primeiro, uma forma física determinada. Uma forma singular, sendo a água uma entre todas as formas singulares; elementos. Aqui está a falha; aquilo que deve ser verdadeiro princípio não precisa ter uma forma unilateral e singular, mas a diferença mesma deve ser de natureza universal. A forma deve ser totalidade da forma; isto é, a atividade e a autoconsciência mais alta do princípio espiritual, que a forma se tenha elevado pelo esforço para a forma absoluta — o princípio do espiritual. Isto é o mais profundo e, assim, o que vem por último. Aqueles princípios são figuras singulares, e isto é, por conseguinte, o aspecto falho.

(Preleções sobre a História da Filosofia, pp. 203-205)

2. Friedrich Wilhelm Nietzsche.

A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: "Tudo é um". A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego. Se tivesse dito: "Da água provém a terra", teríamos apenas uma hipótese científica, falsa, mas dificilmente refutável. Mas ele foi além do científico. Ao expor essa representação de unidade através da hipótese da água, Tales não superou o estágio inferior das noções físicas da época, mas, no máximo, saltou por sobre ele. As parcas e desordenadas observações da natureza empírica que Tales havia feito sobre a presença e as transformações da água ou, mais exatamente, do úmido, seriam o que menos permitiria ou mesmo aconselharia tão monstruosa generalização; o que o impeliu a esta foi um postulado metafísico, uma crença que tem sua origem em uma intuição mística e que encontramos em todos os filósofos, ao lado dos esforços sempre renovados para exprimi-la melhor — a proposição: "Tudo é um".

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