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A Distanásia

Por:   •  14/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  5.485 Palavras (22 Páginas)  •  465 Visualizações

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1.INTRODUÇÃO

        O presente trabalho é sobre a prática da Distanásia, um termo pouco conhecido e frequentemente utilizado há muito tempo. Mais concretamente, serão abordados a definição, uma breve história para a compreensão significativa deste termo e suas considerações gerais, relacionando a tecnologia e a medicina, e ressaltando questões éticas e da legislação brasileira. Quais os cuidados e responsabilidades dos profissionais da área da saúde quanto à essa prática? Todos esses subtemas serão abordados, com o objetivo de responder a todos esses questionamentos existentes que tornam a Distanásia uma prática inconsciente.  

        A metodologia utilizada para o desenvolvimento desse trabalho, foi a pesquisa bibliográfica de artigos.  

2.DEFINIÇÃO

Oriundo do grego, o prefixo dis significa “afastamento”, portanto a palavra distanásia (termo ainda pouco aplicado na área da saúde, mas inconscientemente muito praticado) pode ser definida como o prolongamento da morte, tratamento inútil, obstinação terapêutica, futilidade médica ou, segundo o dicionário Aurélio, uma morte, lenta, penosa, ansiosa e com muito sofrimento.

Na prática, a distanásia é o investimento de tempo, recursos e equipamentos para manter a vida artificialmente em um paciente que está no processo de morte sem prognóstico nenhum de recuperação ou cura (FELIX, et al, 2013). É por exemplo a reanimação cardiopulmonar de um paciente crítico em cuidados paliativos. É prolongar, por meios de aparelhos, a vida de alguém privando a ele e sua família de uma morte digna e estendendo assim o sofrimento de todos.

Porém esta prática é muito polêmica pois pode ser vista como negligência a assistência do paciente tanto por profissionais de saúde quanto por familiares. Enquanto um grupo entende que o quadro do paciente é angustiante, doloroso e irreversível, e que ele deve apenas ficar confortável para o processo natural da morte outro grupo acredita que todos os recursos devem ser esgotados em vida e após a morte ele seja reanimado até que mais nada possa ser feito para mantê-lo mesmo que isso prolongue o sofrimento.

Quando se identifica que a morte é iminente a assistência à saúde passa da etapa de curar para a etapa de cuidar exigindo os mesmos esforços e atenção que a fase curativa para agora trazer o maior conforto possível, alívio da dor e uma morte digna ao paciente. Nesta fase é importante esclarecer o paciente (quando consciente) e a família para que a distanásia seja evitada (FELIX, et al, 2013).

3.BREVE HISTÓRIA

        Em 1904, Morache propôs o termo Distanásia, que tem sido empregado para definir a morte prolongada e acompanhada de sofrimento, associando-se à ideia da manutenção da vida através de processos terapêuticos desproporcionais, a ”obstinação terapêutica”.  

        Num artigo publicado no Washington Post, em maio de 1991, intitulado "Escolhendo morte ou mamba em UTI", o Dr. John Hansen conta uma interessante história, cujo conteúdo foi comentado pelo Dr. César Zilling, numa matéria intitulada "A sina dos pacientes NTBR", publicada no jornal do Conselho Federal de Medicina , que resumidamente apresentamos a seguir.

        Três missionários foram aprisionados por uma tribo de canibais, cujo chefe lhes ofereceu escolherem entre morte ou mamba (mamba é uma serpente africana peçonhenta. Sua picada inflige grande sofrimento antes da morte certa ou quase certa). Dois deles, sem saber do que se tratava, escolheram mamba e aprenderam da maneira mais cruel que mamba significava uma longa e torturante agonia, para só então morrer. Diante disso o terceiro missionário rogou pela morte logo, ao que o chefe respondeu-lhe: "Morte você terá, mas primeiro um pouquinho de mamba".

        Não seria isso o que vem ocorrendo nos hospitais atualmente? Como o missionário não sabia o que era mamba, por sua vez o público em geral e os profissionais da área de saúde em particular, não conhecem a existência e o significado do termo distanásia, utilizado nos hospitais de hoje. 

 

4.CONSIDERAÇÕES GERAIS

A distanásia é um procedimento médico que visa prolongar a vida de pacientes em estado terminal. Trata-se do prolongamento da morte além do ideal, do ponto de vista qualitativo. Pois não visa prolongar a vida, mas sim, o processo de morte. De maneira simplista, pode se dizer que é o comportamento médico que faz o uso dos meios terapêuticos e clínicos cujo efeito é mais danoso do que o próprio mal a se curar, pois a cura é impossível e o benefício esperado é menor do que os malefícios e efeitos negativos previstos.

Trata-se de um tema pouco discutido na mídia, pois temas como clonagem, células tronco e a eutanásia despertam mais interesse nesse público. O que diminui a visibilidade acerca da realização de distanásia, que tem mais chances de vir a ocorrer, visto que os avanços tecnológicos na área da saúde são tamanhos a ponto de sustentar vida em um corpo sem atividade cerebral por exemplo. À primeira vista, o avanço tecnológico traria menos sofrimento no processo de morte, mais rápido e menos doloroso, na prática, vemos o contrário.

Diante do tema, temos um enorme impasse e duas maneiras de olharmos através do mesmo problema. Por um lado, a religiosa e de outro a ciência.

O discurso e visão religiosa não busca explicar o conteúdo, mas sim, a eficácia de sua concretização. A ética religiosa visa a sacralidade da vida, que está, é propriedade de deus e é apenas dada ao homem para administrá-la, então somente deus teria o poder e autoridade suficiente para retirá-la ou dá-la se assim o desejasse. O princípio fundamental é a inviolabilidade da vida diante de qualquer circunstância.

Ao que se diz ao discurso científico, por outro lado, visa explicar e buscar justificativas aos conteúdos não claros, assim como seus conteúdos e justificativas que uma vez já encontradas, podem ser, e constantemente são alteradas sempre que novas experiências são adquiridas. Ao contrário da visão religiosa, a vida é vista como um dom, pertencente àquele que a recebe, com o poder e a tarefa de trazer valor qualitativo para si. O ser humano é dono de sua vida e o que deve prevalecer é a sua vontade, seja ela voltada para a visão religiosa ou científica, que visa primeiramente a qualidade de vida antes mesmo da própria vida em alguns casos.

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