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Cane Corso

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Por:   •  9/11/2014  •  3.805 Palavras (16 Páginas)  •  337 Visualizações

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1 HISTÓRIA DO CANE CORSO

O Cane Corso é um antiquíssimo molosso italiano, descendente direto do 'canis pugnax' romano, ou seja, sua história retrocede a mais de 2000 anos. Mesmo excluindo a priori que o nome indique a origem geográfica da raça, a etimologia da expressão 'corso' é controversa. Alguns afirmam que a palavra venha do latim 'cohors' que significa protetor, guarda (por exemplo 'praetoria cohors' é a guarda do corpo do general e ainda hoje no vaticano existe a Cohors Elvetica, ou guarda suiça).

É muito interessante também a hipótese que indica a raiz de Corso na palavra grega Kortòs, que indica o quintal, o recinto e da qual deriva a palavra cohors, que indicaria portanto o cão colocado como guarda do recinto. Esta hipótese, se verdadeira, nos leva à Magna Grecia (região que compreendia o sul da Itália, sob o império grego) e à sugestiva origem oriental dos molossos.

Outros buscam a origem de 'Corso' em uma antiga expressão céltico-provençal que indicava força, potência. Esta última hipótese é igualmente plausível, visto que ainda hoje se encontra em algumas palavras como 'corsiero' (cavalo robusto de batalha usado na idade média), no inglês 'coarse' (rústico) e finalmente em alguns dialetos do sul da Itália onde 'Corso' ou 'Còrs' significa robusto ou altivo. Permanece o fato que, desde que começou a se estabelecer a lingua italiana, o molosso sempre foi chamado de Corso. Expressão mais adequada dificilmente poderia ser criada para descrever este cão, mistura de potência e distinção.

O uso mais clássico do Cane Corso foi aquele da caça aos animais selvagens perigosos, especialmente o javali. Os sabujos e os bracos tinham que achar o animal e em seguida, após uma perseguição, obrigá-lo a parar, permitindo aos caçadores alcançá-los. Finalmente eram soltos os Corsos que tinham que saltar sobre o javali e imobilizá-lo agarrando-lhe as orelhas e o grifo. Isto permitia aos caçadores aproximarem-se sem serem atacados e matar a grande presa com um golpe bem colocado. Era esta confusão final, este epílogo sanguinário, que exaltava os homens e que levou-os a celebrar a cena em uma longa série de representações artísticas.

De forma parecida era a função do Cane Corso como boiadeiro, ou melhor, como cão de açougueiro. Até muitos anos atrás, os bovinos de carne eram criados em estado selvagem em regiões incultivadas e para chegar até o matadouro na cidade tinham que ser guiados por percursos de várias dezenas de quilometros. Nascidos e crescidos no estado selvagem, os rebanhos apresentavam todo o perigo de animais selvagens. Pressuposto indispensável para controlar os bovinos era separar o touro, usando para isto os cães corso que tinham que paralisá-lo, agarrando-o pelo focinho com forte mordida, visto que a dor, nesta parte sensível, imobilizava completamente o grande animal. Sempre como boiadeiro o Corso tinha que defender o gado dos grandes predadores, como o urso ou o lobo.

Um tipo de caça muito particular onde o Corso era especializado era aquela ao tasso (meles meles, parente da ariranha e da doninha). Este grande mustelídeo (chega a 1 metro de comprimento e 20 kg), de costumes noturnos, era muito apreciado tanto pela pele, como pelo sabor da carne e até pela gordura, que fundido, era usado como unguento curativo. A caça era realizada à noite e exigia cães particularmente adestrados, visto que o escuro impedia o uso de armas de fogo. O Corso tinha portanto que surpreender o tasso e matá-lo com uma mordida forte na nuca, antes que este pudesse levantar-se e defender-se com suas longas e afiadíssimas garras.

Uso muito positivo era aquele feito pelas 'guardas campestres'. Nas fazendas, terminada a colheita, o campo era abandonado por todos. Por vários meses, terminada a semeadura, restava somente o guardião: seu único companheiro era o cão, ajuda indispensável para defender-se de malfeitores que vagabundeavam por aquelas terras abandonadas.

Nos longos meses transcorridos junto, se estabelecia uma tal compreensão recíproca que o Cane Corso chegava a manifestar uma incrível inteligência.

Também os carreteiros que transportavam de dia e de noite, pelas estradas desertas em pleno campo, temiam continuamente os assaltos dos ladrões e para maior segurança viajavam em comboios e levavam de reserva os Cães Corso. A ecleticidade da raça foi muito apreciada também pelos grandes senhores feudais e renascentistas que a utilizaram, não só para a caça, mas também como guardas nas fortificações e como instrumento bélico. Para este propósito, os Corsos eram vestidos com faixas de couro endurecido que protegiam o peito e o dorso. Em alguns se colocavam faixas especiais que permitiam ao animal transportar sobre o dorso recipientes com substância resinosas acesas.

Desta maneira, este cães (chamados piriferos), eram de grande eficácia contra a cavalaria, pois, além de assustar os cavalos, asseguravam dolorosas queimaduras ao correr por entre eles.

Um passado assim rico e próximo à história do homem, não podia não deixar traços em testemunhos históricos e portanto sua bibliografia é abudante. Teofilo Folengo no 'Maccheronee' (1522), o famoso naturalista Konrad von Gesner no 'De Quadrupedibus' (1551), Erasmo di Valvasone no 'Della Caccia' (1591), Minà Palumbo nos 'Mamíferos da Sicilia' (1868) e Giovanni Verga no 'Malavoglia' (1881).

Quanto à iconografia, é tão vasta que é impossível catalogá-la. Para citar somente os testemunhos mais importantes, lembramos as pinturas da Reggia di Caserta, as estampas de Bartolomeo Pinelli até chegar aos afrescos do Palazzo The de Mantova.

História mais recente e menos gloriosa é aquela a partir do segundo pós-guerra, onde a velocidade das mudanças nas condições sócio-econômicas e o abandono da criação de bovinos selvagens conduziu ao descaso a seleção da raça, que reduzida a poucos exemplares beirou a extinção.

Aproximadamente vinte e cinco anos atrás, alguns cinófilos, entre os quais é necessário lembrar o Prof. Giovanni Bonatti, o Prof. Fernando Casolino, o Doutor Stefano Gandolfi, o Sr. Gianantonio Sereni e os irmãos Giancarlo e Luciano Malavasi, aceitaram o desafio de recuperar a raça e fundaram a S.A.C.C (Società Amatori Cane Corso).

Cane Corso utilizado para transporte de medicamentos e depois soldados feridos na campanha da Rússia

Um massaro acompanhado de seu cão

(Puglia, década de 20)

Sarcófago romano do IIº século, representando dois canes

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