ATENDIMENTO NUTRICIONAL DE IDOSOS EM AMBULATÓRIO: AVALIAÇÃO LABORATORIAL

	ATENDIMENTO NUTRICIONAL DE IDOSOS EM AMBULATÓRIO: AVALIAÇÃO LABORATORIAL
		FABIANE APARECIDA CANAAN REZENDE SARAH APARECIDA VIEIRA RIBEIRO ALINE SIQUEIRA FOGAL LUCIENE FÁTIMA FERNANDES ALMEIDA MARY ANNE NASCIMENTO SOUZA ANDRÉIA QUEIROZ RIBEIRO SYLVIA DO CARMO CASTRO FRANCESCHINI

• INTRODUÇÃO

A avaliação do estado nutricional do idoso é complexa, já que vários fatores dificultam uma análise precisa, como as mudanças fisiológicas referentes à idade, as alterações da composição corporal e os processos patológicos crônicos. Dessa forma, há a necessidade de uma investigação minuciosa e individualizada, visando a diagnosticar, de forma precoce, riscos nutricionais, reverter alterações do estado nutricional e, em consequência, proporcionar ao paciente idoso a melhora de seu estado de saúde, assim como de sua qualidade de vida.1

O nutricionista é habilitado para solicitar exames laboratoriais que tenham relação com a alimentação e a nutrição, seja em condutas para prevenção dos excessos e das carências nutricionais, ou para avaliar o tratamento nutricional implementado.1 Esses exames trazem informações fundamentais para a avaliação do estado nutricional e o ajuste dietoterápico, pois complementam a anamnese, a antropometria e o exame clínico-nutricional. Neste artigo, serão descritos os exames laboratoriais mais comumente utilizados no acompanhamento ambulatorial do idoso.

• OBJETIVOS

Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

 

• revisar a legislação que regulamenta e orienta a solicitação de exames laboratoriais pelo nutricionista;
• identificar os exames laboratoriais comumente avaliados durante o atendimento ambulatorial de idosos;
• identificar as condições ideais para avaliação dos exames laboratoriais;
• reconhecer os valores de referência para os principais exames laboratoriais utilizados na avaliação ambulatorial do idoso;
• interpretar os resultados de exames laboratoriais, relacionando-os com a anamnese clínica e nutricional do idoso, a fim de estabelecer a conduta nutricional e monitorar a efetividade da intervenção.

• ESQUEMA CONCEITUAL

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• SOLICITAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS PELO NUTRICIONISTA

A avaliação nutricional minuciosa de um paciente é composta pelos seguintes parâmetros:

 

• antropométricos;
• dietéticos;
• clínicos;
• laboratoriais.

A solicitação de exames laboratoriais pelo nutricionista é relevante tanto para a adoção de ações preventivas, uma vez que as doenças crônicas podem se desenvolver de forma latente no indivíduo, quanto para a detecção de alterações subclínicas e o monitoramento laboratorial de idosos que seguem em tratamento clínico-nutricional.

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É imprescindível que o nutricionista, ao realizar qualquer ação em seu ambiente de trabalho, certifique-se de que a solicitação de exames seja garantida por leis ou resoluções. Para isso, deve consultar a legislação instituída pelo Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), órgão que orienta, disciplina e fiscaliza o exercício dessa profissão.

A Lei nº 8.234, de 17 de setembro de 1991,2 que regulamenta a profissão de nutricionista e dá outras providências, garante a esse profissional a solicitação de exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietoterápico, desde que relacionada com alimentação e nutrição humanas (art. 4º, inciso VIII).

Em março de 2003, entrou em vigor a Resolução CFN nº 306,3 que dispõe sobre a solicitação de exames laboratoriais na área de nutrição clínica, dá outras providências, bem como revoga a Resolução CFN nº 236/2000, que também tratava do mesmo tema. De acordo com a Resolução CFN nº 306/2003, o nutricionista clínico, no momento da solicitação de exames laboratoriais, deve:

 

• avaliar adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes;
• considerar o cliente-paciente globalmente, respeitando suas condições clínicas, individuais, socioeconômicas e religiosas, desenvolvendo a assistência integrada junto à equipe multiprofissional;
• considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que pertinente, outros exames laboratoriais;
• atuar considerando o cliente-paciente globalmente, desenvolvendo a assistência integrada à equipe multidisciplinar;
• respeitar os princípios da bioética;
• solicitar exames laboratoriais cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente.

Na Resolução CFN nº 306/2003, não consta uma listagem dos exames laboratoriais específicos que podem ser solicitados pelo nutricionista. Dessa forma, cabe a esse profissional avaliar se há justificativas plausíveis indicando que o exame está diretamente relacionado com alimentação e nutrição e, consequentemente, com sua conduta dietoterápica.

• EXAMES LABORATORIAIS

Os exames laboratoriais indicadores da condição nutricional e metabólica de idosos abordados neste artigo incluem:

 

• testes hematológicos;
• dosagens de vitaminas, minerais, eletrólitos, proteínas e hormônios;
• indicadores do perfil glicêmico e lipídico;
• indicadores de função hepática e renal.

HEMOGRAMA

O hemograma é composto por três determinações básicas, que incluem as avaliações de:

 

• eritrócitos (ou série vermelha);
• leucócitos (ou série branca);
• plaquetas (ou série plaquetária).

Serão descritos, a seguir, os índices com foco na anemia, principalmente a que ocorre por deficiência de ferro, causa mais comum da doença. Além da série vermelha, as alterações dos leucócitos e das plaquetas auxiliam no diagnóstico causal da anemia.4

Eritrograma

O eritrograma é a parte do exame hematológico que avalia, especificamente, a série vermelha, por meio dos seguintes parâmetros:

 

• número de eritrócitos;
• dosagens de hemoglobina (Hb) e hematócrito;
• índices hematimétricos.

[pic 3]

O eritrograma permite o diagnóstico e o acompanhamento das anemias e poliglobulias (produção exagerada de eritrócitos).4,5