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Compostos Orgânicos e Biofertilizantes

Por:   •  15/8/2022  •  Trabalho acadêmico  •  3.594 Palavras (15 Páginas)  •  92 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a sociedade se depara com um sistema consumista, de recursos naturais limitados e de crescimento acelerado, o que afeta diretamente a qualidade de vida da população. Portanto, a preocupação com o meio ambiente na atualidade tornou-se inevitável, uma vez que os recursos naturais, como combustíveis fósseis e adubos minerais, estão propensos a escassez, abrindo assim um grande desafio para a sociedade atual. Consequentemente, a racionalização do uso de fontes de energia, no Brasil e no mundo, se revela necessária, visando a busca de novas alternativas de reciclagem e reutilização.

Desta forma, o grande desafio de uma agricultura sustentável é o desenvolvimento de tecnologias que promovam o aproveitamento adequado dos resíduos, voltadas à redução de custos de produção, redução da poluição ambiental e do consumo de insumos externos à unidade de produção. Como resposta a esse panorama mundial e nacional, existem processos que tornam viáveis o reúso de resíduos pelo produtor, tais como a compostagem. Esta técnica consiste, basicamente, na decomposição da matéria orgânica por meio de um processo natural, envolvendo microorganismos que transformam o resíduo em fertilizante orgânico.

Assim, um dos maiores obstáculos para a agricultura moderna é aproveitar este enorme potencial de nutrientes do composto orgânico no desenvolvimento da fertilidade dos solos. Por isso, este trabalho tem como objetivo discorrer e elucidar a capacidade do composto orgânico, como subproduto da compostagem, em fornecer benefícios químicos, físicos e biológicos aos solos.

Além disso, é evidente que temos uma grande geração de resíduos orgânicos no Brasil, que corresponde a mais da metade do total de resíduos sólidos urbanos gerados, e há indicadores de que estes resíduos, juntamente com os resíduos orgânicos agropecuários e industriais, geram em torno de 800 milhões de toneladas ao ano. No entanto, muito pouco é destinado a compostagem (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2017). Portanto, é necessário que incentivemos tanto a indústria alimentícia quanto o produtor rural a explorarem mais esse recurso para a melhoria da estrutura física, química e biológica do solo. E, além disso, mitiguem o impacto ambiental e a diminuição da disposição desse material em aterros sanitários e em depósitos irregulares. Pois, além de colaborar com a manutenção da natureza, gera-se um biofertilizante que possibilitará o aumento do lucro na propriedade rural ao mitigar os custos do produtor com

a adubação mineral. Já a indústria alimentícia, a qual possui um gasto significativo com o transporte de resíduos ao aterro sanitário, ao reutilizar estes resíduos através da compostagem, também passa a ter uma outra fonte de renda com o composto orgânico, através de parcerias com empresas de compostagem.

2 POTENCIAL DO COMPOSTO ORGÂNICO

2.1 PROCESSO DE COMPOSTAGEM

Segundo Inácio e Miller (2009), a compostagem pode ser definida como o processo de biodecomposição intenso do material orgânico, com a dependência de oxigênio e geração de calor, dentro da faixa de temperatura entre 45 a 75°C, variando de acordo com os microorganismos envolvidos no processo, que transforma o material rico em carbono, energia e água, em um produto homogêneo e com maior estabilidade, com menor carbono, energia e umidade, maior substancias húmicas e ampla gama de macro e micronutrientes. Sendo que neste processo haverá uma redução de volume que poderá chegar a 50% em relação ao volume inicial.

A compostagem, ainda que seja considerada por muitos autores como um processo aeróbio, ela também pode ser concebida através de um processo biológico de decomposição aeróbia e anaeróbia, com a maioria de seus processos sendo aeróbios (CERRI, 2008).

Este processo é complexo por envolver vários grupos de organismos em sucessão que transformam o substrato e difere da decomposição natural por esta predominar a ação de microorganismos termófilos e ocorrer em temperaturas em torno de 60°C. Desta forma, como indicado na Figura 01 abaixo, há dois grupos principais de microorganismos que agem na compostagem, os mesofilos que possuem atividade ótima até 45°C, e os termófilos que atuam numa faixa acima de 45°C até 75°C (INÁCIO; MILLER, 2009).

[pic 1]

Figura 01: Perfil de temperatura no processo de compostagem

Fonte: MASON; MILKE, 2005.

Sendo assim, as temperaturas termófilicas são importantes e, portanto, desejáveis, pois exterminam patógenos, daninhas e larvas de moscas. Além disso, temperaturas a partir de 55°C são capazes destruir patógenos humanos e de plantas, e maiores que 63°C inviabilizam sementes de daninhas (RYNK, 1992). Segundo Valente et al (2009),a temperatura é apontada como o mais importante parâmetro para garantir a eficiência da compostagem, considerando que a temperatura é influenciada por diversos fatores, tais como: umidade do substrato, disponibilidade de nutrientes, aeração, relação C/N e tamanho das leiras. E, por meio da interação destes fatores, a temperatura pode indicar um equilíbrio microbiológico no interior da biomassa, dependendo da fase em que a compostagem se encontra.

A partir da visão de Inácio e Miller (2009), a compostagem pode ser dividida em 4 fases. A fase inicial, na qual há a ocorrência de crescimento de microorganismos mesófilos, que potencializam a ação da decomposição, ocorrendo a liberação de calor e a elevação rápida da temperatura, esta fase pode durar até 24 horas, ao atingir a temperatura de 45ºC, porém isso pode variar de acordo com o seu método e a composição da matéria orgânica. Na fase posterior, chamada de fase termófila, onde as temperaturas ficam entre 50 a 65ºC, há a ocorrência completa de microorganismos termófilos, que intensificam a degradação do material, gerando água metabólica e a manutenção de produção de calor e vapor d’água. Nesta parte, haverá um colapso do substrato orgânico, dificultando o suprimento de ar. Por isso, o revolvimento da leira de compostagem é de extrema importância para o fluxo de ar.

Já na terceira parte – a fase mesófila – há a ocorrência da decomposição das substâncias orgânicas existentes. Desta forma, como é possível ver no Figura 02 abaixo, a última fase, chamada de maturação, compreende a formação de substâncias húmicas, a queda da atividade microbiológica e a perda da capacidade de autoaquecimento, ou seja, as atividades decompositoras ficarão em baixa (INÁCIO; MILLER, 2009).

[pic 2]

Figura 02: Fases da compostagem

Fonte: D´ALMEIDA & VILHENA, 2000.

Desta forma, é possível constatar que o processo de compostagem se resume a oferecer condições ideais e acomodar, em um espaço adequado, materiais ricos em organominerais, principalmente os que contêm uma relação C:N benéfica aos microorganismos que agem na sua biodigestão (PEIXOTO, 1981).

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