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A História Dos Poços Offshore No Mundo

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Por:   •  23/9/2014  •  5.072 Palavras (21 Páginas)  •  1.121 Visualizações

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A HISTÓRIA DOS POÇOS OFFSHORE NO MUNDO

A INDÚSTRIA MUNDIAL DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL OFFSHORE

O petróleo e o gás natural produzidos em águas profundas deverão ocupar um lugar importante no abastecimento energético mundial. De fato, observa-se que a produção mundial de petróleo e de gás natural manteve-se em crescimento constante, desde 1985, acompanhando o consumo energético. Projeta-se que os hidrocarbonetos são e devem continuar sendo a principal fonte de energia usada no mundo no horizonte dos próximos 25 anos. A participação destes é estimada em 56% do abastecimento energético mundial para o ano 2020 (Alazard et Montardet, 1993). Nesse contexto, o offshore desempenhará um papel cada vez mais importante na determinação do montante das reservas e da produção mundial de petróleo e gás natural, embora os hidrocarbonetos provenientes destas jazidas sejam de maior custo. Hoje, 30% da produção de petróleo é proveniente das plataformas marítimas. Explica-se, em parte, o desenvolvimento da produção offshore pelo impacto que os dois choques do petróleo provocaram na organização e no nível tecnológico da indústria do petróleo. O desenvolvimento da produção offshore se deu fora do âmbito dos grandes exportadores da OPEP, como recurso dos países desenvolvidos importadores para reduzir sua dependência externa.

A indústria offshore nasce verdadeiramente nos anos 50 no Golfo do México. Desde então ela se expande para o Mar do Norte, que se torna a principal província petrolífera offshore. O desenvolvimento dessa indústria tem sido acompanhado pelo aumento da profundidade das lâminas d’água. O descobrimento de novas jazidas em offshore está ocorrendo em águas cada vez mais profundas, nas principais zonas produtoras do Golfo do México, Mar do Norte, África, América do Sul e Ásia. Portanto, o aumento do potencial de produção de petróleo requer que se desenvolvam tecnologias capazes de produzir a grandes profundidades (Boy de la Tour et alii, 1986).

O desafio tecnológico que é colocado para a indústria do petróleo offshore encontra-se principalmente do lado do desenvolvimento de sistemas de produção que sejam adequados à valorização de jazidas localizadas em águas profundas. De fato, a tecnologia para perfuração a grandes profundidades já existe desde a década de 60, podendo em princípio alcançar 5000 metros. A mesma observação se aplica à tecnologia de levantamento geofísicos submarinos.

O grande gargalo tecnológico consiste em instalar sistemas de extração, condicionamento e transporte de petróleo e gás natural que sejam confiáveis e tenham custos competitivos.

As condições desse desafio tecnológico variam de acordo com a região produtora. Mesmo o termo de águas profundas tem uma acepção variável dependendo da província geológica. No Mar do Norte, jazidas localizadas sob láminas d’água superiores a 200 metros são denominadas de águas profundas; já no Brasil e no Golfo do México, consideram-se profundidades superiores a 400 metros.

O avanço para essas áreas vem ocorrendo desde a década de 80. Entretanto, a evolução tecnológica na indústria do petróleo foi muito afetada pela evolução dos preços. Desde o início da década de 80, o volume de investimentos na exploração e desenvolvimento de petróleo sofreu uma queda substancial (Tabela 1). Esses investimentos retomaram a partir do final da década de 80, principalmente fora dos Estados-Unidos. O ambiente no qual ocorreram os investimentos desde a segunda metade da década de 80 esteve condicionado pela busca de custos de produção mais baixos. Entretanto, uma das características centrais da evolução tecnológica foi que a produção offshore continuou aumentando de 735 milhões de toneladas em 1985 para 900 milhões de toneladas, em 1992. Nesse quadro, o desenvolvimento da tecnologia em águas profundas tem prosseguido, embora outros projetos de fronteira como o xisto betuminoso ou as areias asfálticas foram praticamente paralisados (Boy de la Tour, 1994).

Os conceitos de sistemas de produção offshore

O desenvolvimento da produção offshore fez-se, em grande medida, a partir de plataformas fixas. Essa tecnologia foi desenvolvida entre as décadas de 30 e 50, primeiro na Venezuela e depois no Golfo do México. Ela consiste em grandes estruturas metálicas que repousam sobre o subsolo marinho. Nesse sistema, a árvore de natal (conjunto de válvulas que controla a produção do poço) e as unidades de processamento da produção estão posicionados sobre a plataforma: é a chamada completarão seca.

A tecnologia de perfuração seguiu uma evolução diferenciada. O desafio principal consistia na construção de sondas marítimas móveis. As primeiras sondas foram instaladas sobre barcaças no Golfo do México no final dos anos 30. Porém, sondas especificamente adaptadas para essa função foram desenvolvidas posteriormente. Os barcos sondas foram introduzidos nos anos 40, mas a verdadeira inovação consistiu nos jacks-ups ou plataformas auto-elevatórias, que datam da década de 50 (George, 1994). Na mesma época, foram lançadas sondas sobre as plataformas semi-submersíveis. Posteriormente, na década de 60 dentro do quadro do programa Mohole, patrocinado pela National Science Foundation, desenvolveu-se a tecnologia de perfuração de posicionamento dinâmico, para grandes profundidades

Várias outras tecnologias complementares foram desenvolvidas paralelamente para possibilitar a produção offshore: as mais importantes eram as de colocação e dutos de escoamento da produção e de sísmica em meio marítimo.

Esse conjunto de tecnologias permitiu a expansão contínua da produção offshore, inclusive para o Mar do Norte que, a partir da década de 70, passou a rivalizar com o Golfo do México em ordem de importância para o volume de investimentos. Todavia, no início da década de 80 ficou cada vez mais claro que embora existisse tecnologia e de perfuração para atuar em águas profundas, o mesmo não ocorria com a de produção. O sistema tecnológico de produção apoiado em plataformas fixas, constituído no golfo do México deveria de ser radicalmente reformulado para alcançar profundidades maiores.

Na verdade, a extensão das tecnologias já postas em funcionamento no Golfo do México, nas décadas de 50 e 60, para o Mar do Norte já demandara importantes aprimoramentos: as profundidades em que passara a se trabalhar excediam os 100 metros de lâmina d’água e as estruturas, que tiveram de ser fabricadas para explorar as jazidas localizadas no centro e ao norte dessa região, eram de gigantescas dimensões. Elas foram fabricadas para enfrentar condições climáticas extremamente adversas tais como enormes ondas que podiam alcançar 30 metros de altura. No caso das plataformas de concreto, essas estruturas eram capazes de estocar grandes volumes de produção e até mesmo de enfrentar o gelo.

As primeiras aplicações da tecnologia de completação molhada, a qual consiste em colocar a árvore de natal debaixo d’água, foram introduzidas no Mar do Norte. Mas elas foram consideradas marginais, por terem a finalidade de viabilizar a produção em regiões de difícil acesso e sem infra-estrutura de escoamento. Foi nessa região que se desenvolveram os primeiros sistemas de produção flutuante (SPF), durante a década de 70. Esses sistemas eram compostos de árvores de natal molhadas (ANM), template, risers e barco que efetuava o processamento e estocagem da produção. Esse sistema foi aplicado à Bacia de Campos, cujo desenvolvimento iniciou-se praticamente na mesma época. As vantagens eram as seguintes: permitir uma produção rápida; a utilização de poços de exploração; pôr em operação campos marginais a custos mais baixos; recuperar as instalações e reutiliza-las; melhorar o escoamento da jazida; pôr em funcionamento campos em águas profundas (Susbielles, 1980).

Mesmo assim, o SPF foi concebido inicialmente como sendo apenas um sistema de produção feito para operar provisoriamente ou em campos marginais. As plataformas fixas continuavam sendo o sistema de produção dominante. A necessidade de se pensar em novos conceitos surgiu apenas quando tornou-se imperioso valorizar reservas a grandes profundidades.

De fato, as plataformas fixas sejam elas de aço ou cimento não podem ser utilizadas em águas profundas, por uma questão de custos crescentes. Esses tendiam a aumentar exponencialmente de acordo com a profundidade. A plataforma da Shell Oil instalada em Bullwinkle no Golfo do México a uma profundidade de 411 metros é, até 1996, a plataforma fixa mais profunda do mundo. Sua instalação, ocorrida em 1988, constitui uma proeza em termos de engenharia dada a dimensão das jaquetas.

Em função dessa limitação técnica do sistema de produção dominante, a década de 80 presenciou a emergência de novos conceitos que deveriam substituir a plataforma fixa no desenvolvimento de campos em águas profundas. Eram soluções que deveriam permitir a exploração da jazida a partir de árvores de natal secas (instaladas sobre a superfície da água), mas que utilizavam novos tipos de plataformas capazes de ter uma certa flexibilidade de movimento entre a superfície do mar e o subsolo. Entre as soluções mais importantes tínhamos as plataformas de torre complacente, de torre articulada e de pernas atirantadas, esta última denominada em inglês de tension-leg (TLP).

Das duas primeiras soluções, apenas um projeto de torre complacente foi implantado no Golfo do México para a Exxon, a 305 metros de profundidade.

Em compensação, a TLP teve um maior sucesso, sendo desenvolvida para profundidades bem superiores a da torre complacente. Ela constituiu-se na tecnologia preferida das grandes companhias, que apostaram em seu desenvolvimento para solucionar o desafio da produção em águas profundas. Existem, na atualidade, seis TLP em funcionamento: três no Golfo do México (Jolliet a 536, Auger a 871 e Mars a 896 metros) e três no Mar do Norte (Hutton a 149, Snorre a 310 e Heidrun a 345 metros). A plataforma de Heidrun foi implantada em 1995 e é a primeira a ser construída em concreto. Em 1996 foi instalada a nova TLP pela Shell no campo de Mars, a mais profunda da atualidade.

Um outro conjunto de tecnologias que despertou grande interesse da parte das empresas líderes foi o do bombeio multifásico e da separação associada ao bombeio submarino. Essas tecnologias podem facilitar o aproveitamento de jazidas em águas profundas, trazendo os hidrocarbonetos para águas mais rasas onde eles seriam processados em plataformas tradicionais. Elas permitirão um melhor aproveitamento da energia dos poços, na medida em que o bombeio for realizado a partir do fundo do mar, melhorando o fator de recuperação dos reservatórios. Entretanto, essas tecnologias ainda estão hoje, uma década depois dos primeiros projetos haverem sido lançados, em estágio experimental à espera de uma aplicação em escala industrial. A Petrobrás junto com outras operadoras (Exxon, Shell, Total, BP, Texaco e AGIP), empresas de bens de capital (Aker, Kvaerner, Weir Pumps) e o Instituto Francês do Petróleo participam do seu desenvolvimento (Offshore, dezembro de 1994). Provavelmente, essas tecnologias que ainda se encontram em fase de teste para águas rasas, deverão tardar algum tempo até tornar-se operacional em águas profundas.

Para quem chega “agora” na indústria do petróleo, se assustaria com as plataformas usadas há 50, 60 anos atrás. As “unidades usadas no passado, todas quase sem exceção eram dos tipos que necessitavam “tocar” o fundo do mar para poder operar. Logo era o tempo das “jack up’s”, plataformas submersíveis, e as “palafitas” – este último tipo não chegou a existir no Brasil, porem foram largamente usadas na antiga URSS – Mar Cáspio, e nos primórdios da indústria offshore nos EUA. Inicialmente por volta de 1910 a “Union Oil” – uma companhia da Califórnia, usou estas “plataformas” que eram palafitas sobre o mar, para perfurar e produzir em águas muito raras no litoral da Califórnia. Imaginem o estrago ambiental causado por estas palafitas de madeira, as torres também de madeira, o sistema de perfuração era por percussão, ou seja eram cabos que subiam e desciam na torre como um bate estaca, depois para bombear o óleo encontrado, era usada a mesma torre. Não muito depois foi descoberto muito petróleo na Venezuela por grandes corporações americanas, que logo estariam transformando o “Lago Maracaibo “em uma grande “invasão” mas não por barracos de sem teto.

Summerland Oil Field, próximo a Santa Barbara – Califórnia por volta de 1920

Centenas de torres produzindo no Lago Maracaibo – Venezuela

Estas construções “offshore”, eram puro improviso, as mesmas eram montadas no próprio local, parafuso por parafuso, cantoneira por cantoneira, a perfuração era feita do mesmo modo que se fazia em terra firme, sem qualquer respeito com o “meio ambiente”, aliás esta palavra era desconhecida naqueles tempos, bem como segurança do trabalho, licenciamento ambiental e outras normas. Logo o lago ficou amontoado de torres como muitos canudos em um copo.

Não demorou e as reservas Norte Americanas dos estados sulistas apontavam numa só direção – o mar – e foi para lá que rumaram as empresas. Por volta do fim da Segunda Guerra Mundial, uma empresa Norte Americana chamada Kerr-McGee Oil, inicia a primeira operação de perfuração no “Golfo do México” realmente “offshore”. O primeiro poço perfurado há uma longa distância da costa, este poço ficava 10,5 milhas da costa da Louisiana, porem com a sofisticação de serem em “águas profundas” para época – 18 pés (5,48 m) de profundidade! Imaginem a dificuldade, sem linha telefônica, sem celulares, sem GPS, sem equipamentos modernos, tudo era na base da marreta. Um grande problema para este grupo de embarcações desajeitadas, e necessitando de reboque o tempo todo, era manter a posição em mares que de um minuto para outro se tornavam agressivos.

A façanha saiu caro para época, pois a Kerr-MacGee, encomendou 3 pequenas plataformas fixas ao custo de 1 milhão de dolares – isso em 1947 – e utilizaram uma pequena balsa jack up (auto elevável), para instalação das pequenas plataformas, eram batidas estacas em mar aberto, e com isto construíam uma pequena “plataforma”, nesta plataforma era erguida uma rudimentar torre, com todos os equipamentos para perfuração, incluindo peneiras, tanques para lama, oleo, agua, e ferramentas, e em outra balsa da qual é conhecida como “tender barge” – nesta ficavam acomodados o pessoal que trabalhava dia e noite, lá comiam e se alojavam nela, lá havia alguma geração de energia, água e ferramentas, landcrafts eram os supridores (embarcações pequenas adaptadas), tudo isso fora da visão da costa – daí o termo offshore – pois anteriormente algumas empresas como a Texaco, e Shell já perfuravam usando pequenas balsas bem rudimentares com conveses de madeira – conhecidas como “swamp barges” – porem no Delta do Rio Mississípi, bem perto da costa, estas primeiras balsas marcaram o início de uma era de rápido desenvolvimento. EPI estas coisas era artigo especial, usado somente por visitantes importantes, aliás como diziam os antigos EPI atrapalhava.

“Rig 16″ foi a primeira estrutura realmente offshore do mundo – 1947

Golfo do México – Kerr-McGee

A Kerr-McGee com sua associada a Phillips Petroleum, fizeram história desenvolvendo um novo conceito de exploração de óleo no mar, este primeiro campo com o nome de “Ship Shoal Block 28″, da qual ainda produziu muito óleo até o ano de 1996, tinha como plataforma estas três pequenas estruturas que foram chamadas de “Rig 16″, após o sucesso deste primeiro experimento, novos tipos de plataformas realmente autônomas surgiram.

A balsa “Frank Phillips” foi a primeira embarcação realmente offshore do mundo.

O pai da criança – Um marítimo

Seguindo o sucesso da Kerr-McGee que usava os restos de embarcações militares usadas na Segunda Guerra Mundial, como por exemplo a balsa “Frank Phillips” como tender (apoio e acomodação), mas estas balsas não executavam a perfuração em si, e sim elas apenas apoiavam a construção de estruturas fixas no mar, da qual era uma operação muito demorada, e por isso o deslocamento destas balsas era muito lento entre uma estrutura e outra, por isso outras empresas resolveram por conta própria desenvolver seus próprios projetos.

Naquela época muitas destas embarcações remanescentes da Guerra foram adaptadas, segundo nota da Kerr-McGee, a mesma chegou a operar 22 destas balsas de apoio. Mas estas “gambiarras” flutuantes não eram capazes de desenvolver este trabalho com eficiência. Logo surgiram as primeiras plataformas realmente capazes de operar com certa autonomia, e por serem “Submersíveis” – tocar o fundo.

Na verdade eram balsas também, porem com a diferença que nestas haviam acomodações, e equipamentos, geração de energia, e perfuração e além de produção numa só balsa apenas, com isto economizavam muito tempo e dinheiro, pois não havia mais necessidade de construir uma nova estrutura fixa sobre nova perfuração (esta estrutura consistia em pilares e uma plataforma com torre).

A primeira destas balsas de perfuração que surgiram se chamava “Brenton Rig 20″, na verdade era uma construção feita em 1949 por John T. Hayward, que era um maquinista marítimo, que trabalhava para a Barnsdall Oil & Gas, que teve a ideia de construir este tipo de sonda marítima móvel. A ideia genial de Hayward, consistia na combinação de uma sonda terrestre, sobre uma plataforma em pilares, e a mesma montada sobre uma grande balsa com vários c0mpartimentos estanques, e também tanques. Logo ela se chamaria Hayward-Barnsdall Rig, ou seja o pai da perfuração móvel offshore é um maquinista mercante. Esta nova plataforma, poderia ser rebocada com maior facilidade entre um poço e outro, agilizando assim todo o processo.

A primeira sonda realmente offshore – Breton Rig 20 – projetada por um maquinista marítimo

Apesar de a Barnsdall ser uma empresa de perfuração terrestre com alguma atividade marítima, ela ofertou sua nova sonda em cima de uma balsa para a Kerr-McGee que logo após adquiriu a mesma, e a operou por um bom tempo, juntamente com outras mais.

Nesta mesma época um “pull” de empresas já desenvolvia o primeiro navio sonda da história o CUSS I – p0r volta de 1955 – e mais tarde outros navios sonda iriam nascer, porem este é assunto para outro artigo, pois o CUSS I é o vovô dos navios sonda DP.

Empresas de perfuração marítima

A primeira sonda submersível logo apresentou alguns problemas com estabilidade, pois era necessário inundar quase completamente a balsa inferior, apoiando desta forma no leito marinho da qual é bem instável, logo problemas como adernação eram comuns pois um bordo podia afundar mais na lama enquanto o outro não.

Então o superintende marítimo da empresa, planeja um novo tipo de sonda mais estável, porem a Kerr-McGee rejeita a proposta, logo este homem resolve sair da Kerr-McGee, e montar seu próprio negócio de perfuração, juntamente com Hayward – esta nova empresa passa a chamar se ODECO – Ocean Drilling & Exploration Company – seu dirigente “Doc Laborde”*, que era o antigo superintende marítimo da Kerr-McGee. Em 1952 os dois logo desenvolvem uma nova plataforma submersível, que ficou pronta em 1954 da qual batizam com o nome de “Mr Charlie”. O que diferenciava a “Mr Charlie” das demais sondas, era sua robustez, e maior capacidade, esta sonda era para 40 pés de profundidade de lâmina d’água, e além de possuir 2 pontoons separados (cascos submersíveis), e afinal esta daí tem realmente o jeito de uma plataforma segura. A “Mr Charlie” logo no início é contratada pela Shell para perfurar diversos poços na boca do Rio Mississípi, a mesma sonda operou interruptamente por 30 anos, sendo depois convertida em sonda escola e finalmente museu da perfuração!

Segundo o próprio “Alden J. Laborde – ou Doc Laborde” –

“Estávamos com tudo apostado nesta plataforma, eu devia a metade do dinheiro para construção, mas conseguimos contrato com a Shell por incríveis 6 mil dólares dia. Quando o primeiro poço perfurado encontrou óleo, o presidente da Shell nos EUA disse: “Ahhh esta muito bom! Boa sonda esta. Construa mais duas ou três que nós contratamos” – Offshore Mag.

A Mr Charlie abriu o caminho para as modernas MODU – Mobile Offshore Drilling Unit – da qual evoluíram baseadas nesta sonda.

Mr Charlie com uma embarcação de fundo chato fornecendo equipamentos e provisões. Não haviam ainda os supplies.

Juntamente com a primeira sonda de uma empresa de perfuração independente, surgem logo os primeiros supply vessel, em substituição as antiquadas embarcações improvisadas que eram na verdade refugos da Guerra. Assim como a primeira plataforma móvel de petróleo móvel, o primeiro supply também não foi ideia de engenheiros navais, e sim de marítimos. O PSV “Ebb Tide”, logo iria se tornar o padrão de construção a ser seguido por esta indústria.

“Com um design radical, convés grande corrido a ré, acomodações a vante, e facilidade de manobra, o Ebb Tide, se tornou o padrão de embarcações desta indústria, com grande facilidade para carregamento e descarregamento no mar. Em 1955 ele começa a operar junto com a Mr Charlie, ambos idealizados pela dupla Doc Laborde – Hayward, logo nascia uma frota de novas embarcações do seu tipo, substituindo assim as embarcações improvisadas” – Rig Museum.

Novos tipos de sondas foram surgindo juntamente com diversas empresas especializadas apenas em perfuração, como a Sedco, Transocean, Zapata, Penrod, Seadrilling, Global Marine, Reading & Bates Drilling, entre outras operadoras, pois muito óleo ainda estava para ser descoberto naquela região, mas para isto era necessário plataformas mais robustas e com maior capacidade de operar em águas mais profundas, novamente a Kerr-McGee se debruça sobre o novo desafio, construir uma MODU com capacidade para 200 pés! Para isso foi desenhado um novo tipo de plataforma.

Empresas como a Zapata Drilling, ODECO (atual Diamond Offshore), Global Marine, Sedco (hoje pertence a Transocean), guiaram os rumos deste setor pelo mundo a fora, não demorou a ODECO, junto com a Zapata – família Bush – possuíam a maior frota de sondas de vários tipos, logo desbancado as empresas de petróleo do ramo da perfuração offshore, deixando assim estas empresas especializadas no ramo.

Pernas de Garrafa

Enfim um designe realmente dimensionado para maiores profundidades – column-stabilized submersible – ou simplesmente “pernas de garrafa” (Bottle legs). Tanques em formato de garrafas são usados para estabilização da mesma no leito marinho, e uma estrutura feita com robustez para enfrentar ondas e tempestades do mar aberto, este tipo de sonda foi amplamente usada com certo sucesso até os anos 80, porem muitas destas foram convertidas logo em seguida em semi-submersíveis. O conceito é o mesmo das outras “barges” como a Mr Charlie – já haviam construído em seguida outras 33 similares – as pernas são inundadas com água do mar, possibilitado um “afundamento” da sonda, da qual se apoia no fundo. A diferença deste novo tipo é o porte, e o uso de vigas cruzadas entre si, reforçando toda a estrutura, além de cada perna individual ter seu próprio “pontoon”. A primeira deles é batizada “Rig No. 46″, – em 1956 – e depois viriam muitas em seguida do mesmo tipo, culminando com a série “Sedco 135″, baseada no mesmo conceito da Rig No. 46, porem com apenas 3 pernas e formato triangular.

1963 – É lançada a série de submersíveis, as Sedco 135 – logo seriam todas convertidas em semissubmersíveis, estas foram parte da primeira geração de SS

Curiosidades

Ancoragem improvisada

Entre erros e acertos as inovações vão surgindo, assim foi quando a Kerr-McGee construiu a irmã da 46 – Rig No. 47 – que obteve o mesmo sucesso da primeira, porem quando o “líder de perfuração”, resolveu um dia improvisar. Ele sugeriu que lançarem ancoras para manter a sonda posicionada em determinado local à uma profundidade maior, e os tanques da mesma não foram completamente lastrados, assim ela submergiu parcialmente, e com as ancoras posicionando a mesma no local foi possível furar um poço.

Os voos offshore

Blue Water Rig No 1 – Classificação inventada

Blue Water Rig N0 1 – Esta é a primeira sonda realmente construída como semi-submersível, foi encomendada pela “Blue Water Drilling Company” em 1961, e colocada a serviço da Shell, porem o registro oficial dela junto a autoridade marítima ocorre de forma bem inusitada. A Shell quando foi requerer a licença para operação junto a Guarda Costeira – e evitando o registro como “navio” – a fim de não ter dificuldade com sindicatos e nem obrigação de contratar marítimos, teve que explicar ao Comandante local da USCG que se tratava de uma “submersível – plataforma que submerge parcialmente”, logo o oficial inventa uma nova classificação – Tipo de embarcação: Semi-submersível. Este pequeno detalhe proporcionou o definitivo estabelecimento do conceito MODU, liberando estas plataformas de serem tripuladas por marítimos profissionais.

Piscina de testes para sondas

Diz a lenda que Doc Laborde – sócio fundador da Odeco e a da Tide Water – testava os novos modelos de submersíveis e semi-submersíveis, na piscina de sua casa, ele o fez pessoalmente algumas vezes inclusive ele mesmo o fez com a “Ocean Driller” a famosa sonda em V.

Blue Water Rig No. 1 – Esta é a primeira sonda realmente semissubmersível – 1961

Blue Water Rig No 1 - Também com "pernas de garrafa" - Muito semelhante as Rig No. 46 e 47, com a diferença de usarem ancoras para posicionarem e flutuarem enquanto perfura

A febre das semissubmersíveis

Dois problemas precisavam de solução para perfuração em águas mais profundas – instalação dos equipamentos submarinos, e os efeitos das ondas do mar – porem tão logo foram resolvidos estes problemas, ambos foram resolvidos pela Shell e Odeco, daí em diante os passos foram bem curtos, para muitas das mais de mais 60 sondas submersíveis (mais de 20 apenas da Odeco) que estavam em operação na década de 50, serem convertidas em semissubmersíveis, porem a tecnologia para perfuração em águas profundas era detida pela Shell, que dividia estes conhecimentos por “módicos” 100 mil dólares de treinamento na “escolinha da Shell”. Mas o crédito cabe a “Bruce Collipp” da Shell, porem também não podemos nos esquecer do pessoal a bordo da Rig No. 47 que improvisou um sistema de ancoragem numa submersível. A ideia de usar cabos de aço como sistemas de ancoragem, possibilitava uma nova dimensão para atividade de perfuração offshore. Com isto poços em profundidades apenas sonhadas podiam agora ser atingidas facilmente, e mais tarde, plataformas fixas eram construídas no local, possibilitando assim a produção de poços em águas mais profundas. Com a chegada da nova classe “Friede & Goldman” com a sonda “Sedco 135″ mudanças rápidas ocorreram, pois novas fronteiras como na costa da Austrália, Indonésia, e Mar do Norte começaram a ser desbravadas com estas novas sondas com maior capacidade.

SS Ocean Driller – Um marco importante para as semissubmersíveis

Antes da série da Sedco entrar em operação – 1963 – a Odeco já estava com uma nova e estranha sonda a – Ocean Driller – com capacidade para perfurar em laminas d’água de até 300′ (aprox. 100 metros), esta sonda com arquitetura bem incomum, tinha formato em V e podia operar tanto como submersível, ou semissubmersível. A mesma foi logo contratada pela Texaco, e operou até os anos 80.

A sonda semi sub em V da Odeco – Ocean Driller – conhecida pelo seu estranho formato e por ser “multi proposito” - Photo courtesy of Diamond Offshore Inc.

Voltando a falar um pouco mais sobre a classe “Friede & Goldman” com a sonda “Sedco 135″, esta foi a primeira de muitas e construídas em diversos países, como Inglaterra (Sea Quest – depois comprada pela Sedco, tornado se a Sedco 135 C), Canadá, Japão e Noruega. Esta era 135, pois era a profundidade que a mesma podia operar 135 pés. Estas primeiras sondas proporcionaram descobertas de grandes reservas mundo à fora, inclusive no Brasil, onde a Sedco 135 D veio operar logo no início das atividades aqui em 1968. Logo surgiram muitas outras classes mais arrojadas, como a Pancester e suas variantes, da qual se tornou o “padrão” de sonda nos anos 70.

Nesta época todo o sistema de “ancoragem” das sondas, bem como todo o equipamento “subsea” – BOP, risers, e bases – pertencia a empresa contratante, isto foi bem comum até por volta de 1960, bem como a contratante era responsável por registro e pagamento de taxas das sondas.

Narramos aqui apenas uma breve história das primeiras sondas submersíveis e semi-submersíveis que inauguraram as operações offshore. Estas sondas são designadas como de “primeira geração”, podemos classifica-las desta forma:

- 1ª geração – até 600′ de operação

Logo viriam mais 5 gerações até os nossos dias, com modernas sondas posicionadas dinamicamente e com alta capacidade, podendo operar em qualquer condição, seja gelo, calor, ou tempestades.

Não falamos aqui nada sobre as Jack ups, pois estas também desenvolveram no mesmo período e foram cruciais para o desenvolvimento de várias regiões petrolíferas pelo mundo, pois ainda respondem por maior parte da frota mundial – mais de 400 unidades.

Dixilyn Field 77, mais uma Classe Friede & Goldman 3 pernas, e torre de sondagem rebatida Foto: ROBERT HOGG

Graças as atividades de perfuração proporcionadas por estas primeiras sondas improvisadas, mas construídas em grande quantidade logo a região do GoM – Golfo do México – se tornava a nova “fronteira” do petróleo, e responde até hoje por a maior parte da produção na América do Norte.

-Quem tiver a oportunidade de visitar o Estado da Louisiana, recomendo a visita ao “Rig Museum” – fica em – Morgan City, Louisiana, 70381, fone: 985-384-3744- entrada 5 USD, lá você encontra a sonda submersível Mr Charlie em perfeito estado, alem de outras plataformas antigas com tudo ainda operacional, e pode conhecer como era o dia a dia a bordo de uma antiga sonda das águas rasas do GoM.

Hoje um total de 3.858 plataformas fixas estão operativas somente nas águas com até 1000′ do GoM, no setor dos EUA, que compreende a bacia que vai do Estado do Texas até a Flórida, sem contar as demais plataformas flutuantes que produzem em águas mais profundas, e também não levando em conta as centenas de – Jack ups, Semissubmersíveis, Submersíveis, balsas para águas rasas, além de navios sonda de todos os tipos.

Plataformas fixas em atividade no GoM – 3858 espalhadas pela costa dos EUA – fonte NOAA

CONCLUSÃO

Tendo em vista os principais processos aos quais as plataformas Offshore estão submetidas e a sua importância tanto na exploração do petróleo quanto na economia de uma região, se faz necessário um maior estudo sobre técnicas de descomissionamento, viáveis tanto economicamente quanto para o meio ambiente.

Os processos de construção são decisórios para as outras etapas de vida útil da plataforma, sendo assim, a construção tem que ser elaborada cuidadosamente nos aspectos como material, corrosão, soldagem, entre outros, pois estes não são só importantes para um bom funcionamento e consequente extensão da vida útil, mas também influenciam no descomissionamento das plataformas. As técnicas utilizadas para instalação das unidades offshore devem ser realizadas de forma minuciosa, de forma a não agredir ao meio ambiente marinho e o funcionamento da mesma no processo de exploração e produção do petróleo. O processo de instalação é de grande importância visto que a maioria das desativações e posterior descomissionamento consiste no processo de instalação ao contrário.

Referências

Office of Ocean Exploration and Research (15 December 2008). Types of Offshore Oil and Gas Structures NOAA Ocean Explorer: Expedition to the Deep Slope. National Oceanic and Atmospheric Administration. Página visitada em 23 May 2010.

http://pt.slideshare.net/GRUTAR/tailand-amorim

http://pt.scribd.com/doc/52360148/Aula-1-Introducao-e-Historico-da-Construcao-Naval-e-Offshore-no-Brasil

www.petroleoetc.com.br/fique-sabendo/perfuracao/

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