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Jesus Luz

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Por:   •  9/11/2014  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  235 Visualizações

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O pato mecânico, o flautista robô e os jardins mecanizados e interativos eram algumas das invenções que prenderam a atenção da população europeia do século XVII. Porém, foi a invenção do relógio o gatilho para as reflexões de estudiosos e filósofos acerca da compreensão da natureza e do ser humano.

De início, o pensamento mecanicista comparou a estrutura de um relógio (ou o funcionamento de qualquer boa máquina) com a funcionalidade do universo, concluindo que os processos naturais podem ser explicados por leis físicas e químicas. A determinação exata do tempo possibilitada pelo relógio foi um grande impulso no avanço da ciência, uma vez que tudo passou a ser considerado mensurável. Ou seja, os métodos de observação e experimentação tornam-se agora diferenciais da ciência, uma vez que especialistas tendem a atribuir valores numéricos aos diversos tipos de fenômenos.

Ideias deterministas passaram a surgir relacionadas ao universo por este ser comparado ao relógio. A grosso modo, cientistas concluíram que se era possível prever as mudanças que ocorrem no relógio (ou em qualquer máquina) olhando para o passado, o mesmo seria com o universo. Entretanto, apenas olhar para trás não bastava, era necessária a redução do relógio em partes para que se entender sua essência e assim prever suas mudanças. Da mesma forma esse conceito reducionista foi aplicado ao universo, porém, ao invés de se estudar engrenagens e porcas, analisavam-se moléculas e átomos. Todavia, essa comparação da máquina com o natural gera uma nova questão: pode o ser humano ser comparado a uma máquina?

O filósofo inglês Thomas Hobbes compara o coração a uma mola, nervos a cordas e juntas a rodas. Descartes compara Deus a um relojoeiro e define o ser humano como seu relógio. Ou seja, por mais desenvolvidos que possamos ser não passamos de máquinas. Desse modo, os métodos experimentais e quantitativos que mostraram resultado no estudo do universo, seriam aplicáveis no estudo do homem. Essa ideia torna-se quase que senso comum do Zeitgeist na ciência e na filosofia da época.

Um pouco mais tarde Charles Babbage inventa a calculadora e com ela surge a primeira ideia de “inteligência artificial”. O foco desvia-se um pouco do corpo e passa a ser a mente e a invenção de Babbage torna-se a primeira tentativa bem sucedida de exterioriza-la. Entretanto, sua patrocinadora Ada, uma matemática, faz apontamentos esclarecedores com relação à calculadora. Ela afirma que essa nova máquina não é tão comparável assim à mente humana a partir do momento em que não consegue realizar nada “novo”, executa apenas aquilo para o qual foi programada. Ou seja, não pode ser considerado que a calculadora “pensa”.

Tempo depois, ainda no século XVII, os ideais reducionistas começam a dar lugar ao empirismo. René Descartes, pensador francês, busca aplicar a matemática a todas as ciências, produzindo um conhecimento prático e inquestionável. O passado já não mais interessa tanto a Descartes, pois aceitava como verdade apenas o que tinha como certeza absoluta, comprovando-a através de métodos científicos.

Em relação à psicologia, Descartes tenta resolver a problemática mente-corpo. Se antes o dualismo entre mente e corpo imperava de forma unilateral, agora o pensador apresenta que ambos trabalham quase que de forma mútua e, por vezes, o corpo tem uma influência muito maior sobre a mente. Para comprovar sua teoria, Descartes usa de ideias mecanicistas, fazendo referência direta do corpo humano a figuras mecânicas. Ele compara o movimento involuntário de robôs que são gerados por estímulos externos aos movimentos humanos que, muitas vezes, são gerados inconscientemente. Surge então a primeira ideia de ato reflexo (um estímulo pode provocar uma reação involuntária), teoria precursora da psicologia behaviorista. Logo, Descartes conclui que o comportamento do homem pode ser previsto, desde que se conheça o estímulo que gerou tal ação. Ele vai mais além e determina o cérebro como centro de interação entre corpo e mente, uma vez que este está no mundo físico e aquele no universo das ideias.

Mais a frente, Descartes desenvolve a doutrina das ideias, outro fator importante para as discussões sobre a psicologia. Através dessa doutrina são criados os conceitos de ideias derivadas (aquelas que são produzidas pela aplicação direta de um estímulo externo) e ideias inatas (surgem da mente ou da consciência). Como exemplo de ideias inatas, Descartes cita Deus. Com as ideias mecanicistas tão disseminadas, era questão de tempo até que alguém as aplicasse à mente.

O século XIX marca o fim da psicologia pré-científica e é dominado por uma nova corrente de pensamento: o positivismo (doutrina que reconhece somente os fenômenos naturais ou fatos que são objetivamente observáveis). Com o objetivo de realizar uma pesquisa sistemática sobre o conhecimento humano, o filósofo Auguste Comte passa a desconsiderar qualquer método dedutível ou metafísico e apega-se apenas aos ideais positivistas. Para ele, a física já havia atingido seu caráter positivista, mas faltavam às ciências sociais atingir esse caráter para assim chegar a um estágio de desenvolvimento mais avançado.

Com a popularidade de Comte, o positivismo, o materialismo (doutrina que considera os fatos do universo como suficientemente explicados em termos físicos

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