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A Historia da EJA

Por:   •  14/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.868 Palavras (8 Páginas)  •  151 Visualizações

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O contexto atual que a educação brasileira está vivenciando alarmante. O sucateamento do ensino público a partir da gestão do governo atual propõe cortes de verba que são fundamentais para o funcionamento das instituições de ensino, prejudicando assim diretamente várias instituições de ensino desde a educação básica até a Educação de Jovens e adultos (EJA).

A história da educação brasileira em nosso país nunca foi das melhores, principalmente quando nos direcionamos para o ensino de cidadãos mais velhos que não tiveram a oportunidade de estudar em sua juventude. O ensino a adultos analfabetos em nosso país começou por um ato de solidariedade, pois o contexto da educação na época era extremamente elitista, tendo acesso somente indivíduos da família real.

A primeira política pública que de fato acolhia o grupo mais velho veio somente após a segunda guerra mundial, em 1947 e possuía como nome “Campanha de educação de Adolescentes e adultos” (CEAA). Como o índice de analfabetismo na época era altíssimo, o governo criou tal proposta afim de tentar minimizar este claro problema vivido contido em nossa sociedade.

A partir desse momento, a educação e jovens e adultos foi ganhando forma em nossa sociedade, ganhando diversos novos projetos afim de extinguir o analfabetismo. Mesmo com a intenção de melhorar, os projetos desenvolvidos pela nação eram criticados por não possuir uma educação de qualidade, categorizando o ensino para esse público como raso.

Partindo então de fracassos anteriores, Paulo Freire vem com uma proposta que muda não somente o contexto da educação de jovens e adultos, mas sim o da educação em seu modo totalitário. Paulo Freire dizia que para educar adultos, era necessário relacionar o conteúdo a ser ensinado com o contexto em que o estudante está inserido. Como o adulto é uma pessoa formada e vivida de conhecimentos práticos ganhos em sua infância ou em seu trabalho, conciliar esses fatos com a educação torna o aprendizado interessante e lúdico para quem está aprendendo.

Um exemplo que pode ser aplicado atualmente é na alfabetização são com operários que trabalham com obras. O individuo a partir de seu trabalho, sabe como fazer uma massa de cimento, levantar um muro e colocar azulejo. Uma forma de alfabetizar esses operários é através da escrita de objetos utilizados em seu afazer, a escrita da palavra cimento pode ensinada para esses trabalhadores a partir de suas vogais, consoantes, sílabas até formar a palavra por completo. Esta forma de ensinar faz com que esses operários possuam um maior interesse em aprender a escrita, pois são objetos que já estão familiarizados e usam diariamente em seu cotidiano.

Após os avanços metodológicos no ensino, veio em seguida o período da ditadura militar, onde ocorreu um grande regresso em nossa educação. Como o governo que ditava a economia do país na época, cortes severos na educação foram realizados visando investir em outras áreas. O ensino contextualizado na educação de adultos foi completamente descartado com o exílio de Paulo freire e com a criação do MOBRAL.

O Movimento Brasileiro de Alfabetização mais conhecido como MOBRAL, era um programa criado durante a ditadura militar que também tinha como objetivo alfabetizar adultos, porém excluindo toda a metodologia utilizada por Paulo Freire. O programa queria somente ensinar a seus estudantes o básico da leitura e escrita sem desenvolver o senso crítico e capacidade cognitiva, sendo baseado somente na memorização. A ideia do governo na época não era realmente alfabetizar as pessoas, mas sim fazer com que as mesmas fossem minimamente capacitadas para o trabalho tecnicista de larga escala realizado na época.

Com o término da ditadura militar, a educação de adultos voltou a ter um olhar mais metodológico com a volta de Paulo Freire ao Brasil. Sua metodologia de ensino foi aprofundada e assim novos pensadores contribuíram para o aperfeiçoamento do ensino. De acordo com Ana Maria Soek, foi compreendido que a para lecionar na de jovens e adultos é necessário entender a história de vida desse estudante, entender o porque do mesmo abandonar os estudos quando mais novo, para a partir dai planejar como todo o conteúdo será trabalhado.

Como cada estudante possui sua realidade e seus motivos para ter abandonado os estudos, a forma em que será abordada esse dialogo deve ser de muita cautela. Pode ocorrer de que o motivo para a saída da escola esteja envolvido com algo muito sentimental vivido no passado, como uma fatalidade na família ou um período de necessidade.

Entender a história de vida do estudante faz com que ocorra a criação de um vínculo entre professor – aluno. Esse vinculo pode ser utilizado para motivar o estudante que esteja querendo desistir do estudo novamente devido a seus motivos, encorajando-o a terminar sua jornada de estudo e fazendo com que cresça intelectualmente em sua vida.

Um ponto importante que deve ser levado em consideração é que a base da educação de adultos é formar cidadãos que possuem seu senso crítico desenvolvido, sendo assim capazes de distinguir informações verídicas de informações falsas disponibilizada em nossa sociedade. Em seu início, o ensino a esse público nasceu para reparar pessoas marginalizadas em nossa sociedade, servindo assim para “reparar” e “incluir” esses indivíduos mal interpretados pelo sistema.

Esta política “reparatória” é extremamente preconceituosa e injusta com quem a sofre. Em toda história do nosso país sempre ouve um grupo que foi oprimido e um que foi o opressor. Mesmo com o fim da escravidão, não foi dada condições o suficiente para incluir esses indivíduos em nosso grupo social, sendo totalmente discriminados e excluídos.

De acordo com conceitos da autora Gayatri Chakravorty Spivak, todo e qualquer indivíduo pertencente as camadas mais baixas da sociedade que acabou sofrendo algum tipo de repressão social é considerado um subalterno. Como a EJA era majoritariamente para indivíduos marginalizados em sociedade, eram os subalternos o seu maior grupo de estudantes. Esse grupo sempre foi silenciado pela sociedade opressora, sendo negado assim o direito de fala e conhecimento.

O subalterno ter conhecimento para a classe dominante é algo ruim, pois somente assim eles saberão de seus direitos em sociedade, que estão sendo reprimidos e que foi assim á centenas de anos. A classe operária brigar pelos seus direitos trabalhistas é abominável para o patrão, uma vez que as pessoas saibam o quanto de lucro é obtido em cima de seu trabalho, o patrão terá que proporcionar um maior salário para esses indivíduos.

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