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ANÁLISE DO TEXTO À LUZ DAS DISCIPLINAS

Por:   •  28/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.787 Palavras (16 Páginas)  •  156 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

Akáki Akákievitch, tímido morador de São Petesburgo, funcionário público de uma repartição, de poucos amigos, precisa comprar um casaco novo para sobreviver ao rigoroso inverno russo. Como ganha pouco, consegue a muito custo fazer a aquisição de seu novo capote, mas esse é roubado no mesmo primeiro dia de uso. Akáki entra em desespero, recorre às autoridades para recuperar o seu bem, porém se depara com muita burocracia para que algo seja feito a respeito. Ao invés do capote, ele consegue apenas uma grande bronca de alto funcionário, interessado em impressionar um amigo, então volta para casa totalmente abalado emocionalmente e, sem nenhum abrigo para se refugiar e enfrentar o inverno adoece com uma gripe que logo evolui e o leva ao óbito. Akáki só encontra seu descanso ao conseguir tirar o capote do alto funcionário que lhe negou ajuda em vida.

  1. ANÁLISE DO TEXTO À LUZ DAS DISCIPLINAS
  1. Psicologia Jurídica

“Bem, pelo que vejo essa é a sina dele. Já que é assim, o melhor é que ele tenha o mesmo nome do pai. O pai se chama Akáki, então que o filho também se chame Akáki” (Gogol, pag. 9). Foi assim que se originou o nome de Akáki Akákievitch. Akáki foi batizado em uma sociedade patriarcal Russa – onde a escolha do nome identifica a família que ele pertence, indica o pertencimento ao pai.

Para Freud o nome é uma parte fundamental de uma pessoa, talvez um pedaço de sua alma. O autor Gógol deixou claro que, automaticamente o nome dado ao Akáki, sendo o mesmo de seu genitor, formaria a sua personalidade e projetaria o seu destino.

O sobrenome de Akáki também o influenciou: ele adquiriu o mesmo estilo de vida de seu pai, do seu avô e de todos os Bachmátchkin (sobrenome de sua família) – criando então, uma identidade externa, onde as pessoas ao seu redor pré-adivinhavam as suas atitudes. E devido a carga emocional do seu sobrenome, tornou-se, como o pai, um conselheiro tutelar. Profissão esta, que ele deixou como marca registrada, a sua personalidade peculiar.

“Mas Akáki Akákievitch não respondia uma palavra, como se não houvesse ninguém diante dele: em meio a todas essas amolações, não cometia um só erro no seu trabalho” (Gogol, pag. 10).

Dentro do âmbito da Psicologia Jurídica, quem sofre de neurose obsessiva tenta resolver os conflitos internos entre a lei e o desejo, negando o desejo, tentando obedecer cegamente à lei. São pessoas “certinhas” que sofrem por exemplo, de timidez, porque não permitem manifestar o que desejam. Defendem-se do mundo que os angustia por suas surpresas e por suas contingências, permanecendo nos limites das normas sociais, do senso comum. O conflito entre a obediência à lei e o desejo pode levar o sujeito, por exemplo, a apresentar sintomas comportamentais repetitivos ou a viver paralisado por dúvidas e pelo medo de agir.

Akáki apresentava as características acima citadas – da neurose obsessiva. O seu trabalho era repetitivo e ele quase nunca tinha voz ativa, firmeza em suas atitudes. O conselheiro preferia repetir diariamente a mesma função, ao invés de encarar um novo desafio, e isso acontecia devido a sua personalidade insegura, devido o seu medo pelo inesperado. O russo, em toda a sua vida, ficou ausente apenas uma vez em seu trabalho. Introspectivo, tímido, não frequentava festas, não se divertia. Era um funcionário correto. E o seu interior era confuso, sem convicção.

Obedecer ao Superego evita a frustração de ser chamado à ordem o tempo todo.

Akáki obedecia constantemente ao seu Superego – agindo sempre corretamente na sociedade que vivia e assim, evitava o transtorno de ser repreendido por um superior ou por uma autoridade.

Quanto ao nosso figurão, satisfeito em ver que o efeito tinha até superado a expectativa e completamente embriagado pela idéia de que sua palavra podia até fazer uma pessoa desmaiar, olhou de esguela para o amigo a fim de verificar a sua reação, e não foi sem satisfação que o viu num estado completamente indefinido, e por sua vez já começando até a sentir medo (Gogol, pag.36).

Para Freud, perverso é quem busca satisfação sexual além dos limites de maneira “normal” de encontrar prazer. Porém, como a própria psicanálise reconhece que não há um padrão de satisfação sexual, perverso é, em termos gerais, um sujeito que não se curva diante dos limites da civilização e vai buscar a satisfação “exatamente onde as leis e o discurso comum indicam que a satisfação está proibida”. Então, podemos constatar que perversos são muitos!

E o figurão citado acima, esmagando Akáki com suas ríspidas palavras, sentiu o prazer de, amedrontar o funcionário público, utilizando a sua autoridade, a sua rispidez - deixando evidente um sinal de perversidade em sua personalidade. Abusou de sua autoridade para expressar superioridade com um humilde conselheiro tutelar - que buscava o seu apoio para a solução de seu problema. O figurão gozou da sensação de poder que a sua função, usada de forma autoritária, lhe dava.

  1. Instituições Judiciárias e Ética

O sistema jurídico da Rússia à época em que se passa a história, em que foi escrito o conto por Gogol, era muito limitado e não se tem muitas informações do mesmo, tendo apenas por escrito regras do RUSSKAYA PRAVDA, código legal russo, no ano de 1017. Porém, nota-se que quando aconteceu o fato com Akáki Akákievitch, já prevaleciam algumas leis para garantir os direitos dos russos.

O autor aborda temas que agem do fantástico ao real. Mostra também que o protagonista perdeu o sentido de viver, inclusive direitos como cidadão, ao ter seu estimado capote roubado.

Trazendo a história de Akáki Akákievitch para o nosso cotidiano, podemos afirmar que o personagem poderia acionar a justiça por diversos meios. Um primeiro exemplo é que ele era constantemente zombado pelos colegas de repartição por seu jeito “esquisito”, podendo ele recorrer atualmente à Constituição Federal de 1988 que afirma: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Também, Akáki Akákievitch ao ter o seu capote roubado, recorreu ao Poder Judiciário e foi ignorado, deixando transparecer que as leis Russas da época só valiam para os ricos e influentes ou, ao menos informalmente, foi assim. A justiça não cumpriu com o seu dever, que é analisar todas as demandas que lhes são submetidas, como previsto no Art. 5º da CF/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

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