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Ética Empresarial

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Por:   •  16/10/2013  •  1.169 Palavras (5 Páginas)  •  325 Visualizações

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Ética e indiferença

(Fantástico, Rede Globo, 29/10/06)

A série Ser ou Não Ser traz hoje uma questão delicada e importante para nossa vida. O que é ética? Por que ela é importante na vida em sociedade? Qual a relação entre ética e indiferença?

Uma foto, publicada no jornal "O Globo" no início de setembro, deixou os leitores indignados. O corpo de um turista cego, que morreu afogado na Praia Vermelha, ficou horas no calçadão, enquanto não era removido. Mas esse estranho elemento em um dos cenários mais bonitos do Rio de Janeiro não abalou os outros visitantes. Eles simplesmente ignoraram o cadáver ao lado.

“Você vê que as pessoas estão sorrindo. Elas fotografavam, passavam, brincavam, transitavam ao lado do corpo. É como se não estivesse ali. Essa indiferença, esse descaso, é que me chamou a atenção”, conta o fotógrafo Michel Filho.

Por que esta cena não foi capaz de afetar as pessoas em volta?

A relação entre ética e indiferença é o tema de hoje da série Ser ou Não Ser. "Indiferença" é uma palavra que não faz parte da vida de Áurea, uma assessora parlamentar de Brasília que hoje lida com a questão indígena. Ela já perdeu a conta de quantas vezes abriu a porta de casa para índios, meninos de rua, ou qualquer um que precisasse de ajuda. “A pessoa fala assim: ‘Ah, você mexe com índios, né? Você mexe com crianças de rua’. Eu falo: ‘Não, eles é que mexem demais comigo’”, conta Áurea.

Áurea teve sete filhos de três casamentos. E assim, ela formou uma grande família de artistas e músicos: Abaetê, Jandira, Flora, Zé, Caetano, Dario e Julia. “O resultado disso, eu quero dizer, é de bênção. Eu sou uma pessoa sete vezes abençoada”, agradece Áurea. “A gente sempre foi criado muito solto, minha mãe estava sempre trabalhando, a gente ficava aqui nesse caos. Agora, quando tinha alguma repreensão, era interessante porque - isso é uma coisa que eu lembro até hoje - minha mãe sempre batia numa coisa de caráter”, lembra Zé, hoje designer gráfico.

Como tantas outras mães, Áurea sempre se esforçou para que os filhos tivessem uma postura ética na vida. “Escolhe o que você quiser, mas tem que ter dignidade”, ensina Áurea.

Mas o que é ética? Qual a relação entre ética e moral? Moral é o conjunto de regras, válidas para todo mundo, que determinam nossa conduta em sociedade: como devemos agir para não ferir o direito do outro e respeitar o bem comum.

Mas dessas regras universais - não matar, por exemplo - podem surgir dilemas particulares: a eutanásia pode ser uma saída para aliviar o sofrimento de uma pessoa presa a uma cama?

Como agir diante dos diferentes desafios morais? É daí que nasce a ética. “Uma atitude ética é um estado de atenção com a vida”, define Áurea.

A falta dessa "atenção" com a vida é o que a foto na Praia Vermelha sugere. Uma conduta ética é antes de tudo uma tomada de posição. Uma atitude. Por isso, nada mais antiético do que a indiferença. Estar indiferente é abandonar toda tentativa de interferir nas coisas, de mudar - o que acaba tornando a violência, a corrupção, o desrespeito, um hábito. A indiferença é a banalização do mal.

“O que é a banalização? Se um de nós se deitar hoje à noite, ouve o tic tac do relógio durante poucos segundos. Num determinado momento, desapareceu o tic tac. Sempre que alguém é exposto a um estímulo repetido, semelhante, banaliza, não se percebe mais”, explica o psiquiatra José Outeiral.

“Se alguém é exposto demasiadamente à violência, como acontece hoje, banaliza a experiência da violência. Então, nós vivemos num mundo extremamente banalizado”, complementa o psiquiatra.

A banalização leva à indiferença. E o que a indiferença faz é desconsiderar e desqualificar o outro. Uma pessoa ignorada é como um objeto, sem vida, sem importância.

“Quantas vezes passamos por uma criança no chão, dormindo, e sequer paramos para olhar para ela? Ao contrário. Tratamos de virar o rosto”, alerta José Outeiral.

O psicanalista e filósofo Jurandir Freire Costa fala de três tipos de indiferença na nossa sociedade. O primeiro é o das classes dirigentes e das elites em relação aos pobres, que são vistos como "coisas",

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