A Dessalinização da Água

A importância da Dessalinização da Água e a questão de Conflito e Cooperação em Israel e Espanha

FONSECA, Camille Silva

Uberlândia

2016

Introdução

O presente artigo tem como intuito abordar a questão da escassez da água em um país onde esta se torna fonte geradora de conflito (Israel) e, em um país onde esta seja elemento fonte de cooperação internacional (Espanha).

Primeiramente será contextualizada a relação conflitante entre os Estados de Israel e da Palestina desde o início dos conflitos, e depois focaremos na questão da escassez de água como grande fomentadora desse processo.

O maior problema em torno da escassez de água neste conflito se dá pelo fato de Israel ter mais recursos financeiros que a Palestina e, por isso, os deixam passar sede de certa forma, pois possuem questões religiosas e políticas como fonte de atrito.

Logo após já abordaremos a escassez de água na Espanha e como esse recurso gera cooperação com os demais países europeus.

Dessa maneira, já entraremos na questão das usinas de dessalinização da Espanha e de Israel, que nos dias atuais, são uma das maiores do mundo e ajudam seu território, sua população, sua agricultura, dentre outros. Abordaremos como esse processo é realizado, qual o custo, quais os programas de cada país voltado para essa forma de conseguir água potável e como funcionam os programas destinados a essa problemática.

Será possível fazer um contraste entre os dois países que possuem o mesmo recurso escasso e a forma como ambos os administram, levando em conta recursos financeiros e apoio internacional.

O artigo tem a finalidade de proporcionar uma maior compreensão pelos leitores sobre o processo de dessalinização da água, ou seja, de que maneira é feito, quanto custa, a viabilidade, dentre outras. Dessa forma, o trabalho abordará os dois países de maior interesse nessa área.

Processo de Dessalinização

O consumo de água doce está crescendo mais rápido que a população e, devido à sua escassez vem sendo utilizado o método de dessalinização da água já que a água salgada ocupa mais de 97% da existente no Planeta Terra.

De acordo com a Associação Internacional de Dessalinização (IDA) cerca de 150 países utilizam este método, entre os quais podemos citar: Israel, Brasil e Espanha, que serão os que trabalharemos no presente artigo.  Ida (s/d)

Existem diversos métodos para que ocorra a dessalinização da água, como a eletrodiálise e a dessalinização térmica, por exemplo. No entanto, o método mais utilizado devido à eficácia e ao baixo custo perante os demais, é o de Osmose Reversa.

Pela osmose reversa além da dessalinização da água ocorre também a eliminação de vírus, fungos, e bactérias presentes para que a água chegue a perfeitas condições para o consumo da população. Outra vantagem seria a de que não requer mão de obra muito qualificada e que se trata de uma fácil operação. “Este método ocorre devido ao efeito da pressão sobre uma membrana polimérica, através da qual a água passa e os sais ficarão retidos. A integração com a energia eólica faz-se necessária devido ao baixo índice de eletrificação rural da região, tornando o sistema autônomo. Será utilizada uma turbina de 1.5 KW que irá fornecer eletricidade alternadamente para a bomba de captação de água do poço.” (BRASIL, S/D)

A água como conflito em Israel

Devido à derrota Turco-Otomana em 1916, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Palestina surgiram como Estados Nacionais. No ano de 1922, a Liga das Nações aprovou a criação de um estado judeu na Palestina, mas essa decisão ia contra a vontade do povo árabe que residiam no local.

Com o período nazista, houve forte imigração dos judeus para Israel o que gerou a fúria dos povos árabes. A ONU (Organização das Nações Unidas), com o fim da Segunda Guerra Mundial, decidiu que haveria a criação do Estado judeu e, em 1948 foi assinada a proclamação do Estado de Israel. O Estado fora rapidamente reconhecido pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Com a retirada dos ingleses, que eram donos da terra, houve forte insegurança por parte do Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Síria (Liga Árabe) e, como consequência estes se revoltaram.

A revolta da Liga Árabe acabou culminando em uma intervenção da ONU, que propôs trégua entre os Estados e confiscaram as munições de ambas as partes. Contudo os judeus possuíam mais recursos financeiros que seus adversários e, dessa maneira, quebraram a trégua feita pela ONU e compraram novas munições para se fortalecerem perante os árabes.

Foi com essa atitude que ocorreu a chamada Questão Palestina, que foi a luta dos árabes para recuperarem seus territórios. Isso se deveu ao fato de que os judeus conquistaram vários territórios além dos que haviam sido permitidos e liberados pela ONU. O Estado Árabe, portanto, sofreu fortes perdas e não ficaram quietos, começaram a lutar para recuperar o que lhes haviam tomado.

Além das questões territoriais, questões religiosas e ideológicas são também fontes de conflitos entre eles. Contudo, iremos tratar aqui ta questão da água como fonte principal desse conflito.

A água é um fator escasso em ambos os Estados, tanto em Israel quanto na Palestina, e desde a imigração judaica esse fator vem se agravando. O Estado da Palestina situa-se em cima da Bacia do Rio Jordão que é uma bacia de água doce, mas que também já sofre com a escassez. Porém, quem detém os recursos financeiros são os judeus, então estes se utilizam da pouca água restante da bacia para banhar seu território e acabam por deixarem a Palestina com o recurso ainda mais escasso.

Há também o Aquífero montanhoso – principal aqüífero do território – que é a principal fonte de água potável na região. O aqüífero nasce na Palestina, na Cisjordânia, cobre a área central do território Árabe e corre pelo chamado corredor israelense. A exploração do território ocorre desde os 1920, mas é intensificado entre 1948-67 e após a Guerra dos Seis Dias que foi quando Israel conquistou áreas do Egito, Faixa de Gaza, Península de Sinai, região da Jordânia, a Cisjordânia, o setor oriental de Jerusalém, partes pertencentes à Síria e às Colônias de Golan, o que fez com que a região estivesse quase sobre total ocupação israelense. Portanto, a exploração do aqüífero passou a ser mais um motivo de conflito entre os povos. (VICENTIM, S/D)