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Ciencia E Politica

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Por:   •  19/3/2015  •  2.123 Palavras (9 Páginas)  •  144 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA

Ciência e Política: o conflito dessas duas vocações modernas aos olhos de Max Weber*

Ao introduzir a Ciência como vocação, o autor busca, de forma preliminar, delimitar pontuais diferenças na vida acadêmica – palco do desenvolvimento da Ciência como vocação em seu sentido mais estrito, “especialização” – da Alemanha e dos Estados Unidos da América nas primeiras décadas do século XX, tentando tirar dos bastidores universitários a influência marcante de fatores econômicos e políticos que transformaram a educação em uma fábrica capitalista. Weber conceitua a Ciência atual como a tomada de conhecimento do mundo que nos cerca, através da construção de conhecimentos específicos e especializados que se perpetuarão, através de um processo científico cumulativo, constante e progressivo, ultrapassando os limites da vida.

Ao resgatar da Grécia o surgimento do “conceito” e, do renascimento, a “experimentação racional”, atesta historicamente a sede do homem na platônica obsessão pela busca pela Verdade, lógica atualmente invertida de forma que a Ciência parece, nos nossos dias, passar a constituir um mundo irreal, abstrato, artificial. Ao adentrar no campo da “teoria”, a Ciência passa a pressupor uma lógica e uma metodologia, gerando conhecimentos que passam a ter um valor em si.

A análise do autor, em suma, caracteriza Ciência como “uma vocação alicerçada na especialização e posta a serviço de uma tomada de consciência de nós mesmos e do conhecimento de relações objetivas”, dando ao ser humano a condição de compreender com clareza a si mesmo e sua posição, seu lugar no mundo e o mundo que o cerca, oferecendo o benefício de “dar-se conta do sentido último de seus atos”.

Weber sugere que a transmissão do conhecimento seja feita de forma avalorativa, cabendo ao receptor a interpretação do conteúdo transmitido. Segundo o autor, rompe com a ética o mestre que incorre no contrário, correndo o risco de, tornando a Ciência apenas mais um método de manipulação social, perpetuar o "status quo", considerando o caráter político que invariavelmente advém no ambiente acadêmico. É aqui que, pela primeira vez, conceitua-se o estado como sendo o supremo monopólio da violência com o objetivo de perpetuar o ente estatal, recorrendo à coerção como instrumento normal do poder, legitimado pelos costumes e pelo hábito, pela própria legalidade representada pela crença na validez de um estatuto legal, e, finalmente, pelos dons pessoais e extraordinários de uma figura, o chamado “poder carismático”.

O autor foca seu estudo na análise nesta última forma de legitimação do poder, através de um “chefe”, um “Messias”, que servem como elo de identificação entre a população e o Estado. E, a partir do crescimento da máquina estatal como órgão monopolizador dos meios materiais de gestão da coisa pública, surge o homem que, especializado em determinado aspecto da administração pública, tira dela seu sustento, acarretando na dicotomia entre funcionários de carreira e os políticos propriamente ditos.

A partir daí, o autor distingue duas categorias de atores políticos, a saber, os que vivem “da política” – ou seja, os que vêem a política apenas como uma fonte de renda – e os que vivem “para a política” – geralmente motivados por ascensão social, vaidade. Cabe ressaltar que, em função desta distinção processar-se em múltiplos Estados, ao analisar a conjuntura político-partidária em diversas nações, destaca o fato de que mesmos projetos revolucionários, na maioria das vezes, servem apenas para perpetuar o sistema de “benesses” concedidas aos aliados do poder, de forma não diferente a uma empresa de interesses, cabide e trampolim eleitorais.

A ascensão à liderança, segundo Weber, exige dos interessados três características fundamentais. A paixão, que diz respeito à causa defendida; o sentimento de responsabilidade perante a gestão da coisa pública e o sentimento de proporção, exercício da razão ao analisar os fatos da sociedade mantendo determinado recolhimento. Alerta ainda o autor acerca da vaidade, ou seja, uma perigosa exaltação pessoal promovida pelo exercício do poder. O autor sai em defesa da ética (“ethos”) da política, no sentido de fidelidade aos princípios, possível apenas, segundo o autor, através de um exercício dos sensos de responsabilidade, de cavalheirismo e de dignidade.

A obra Ciência e Política: duas vocações faz uma análise dos pontos de união e dos pontos de cisão entre o cientista e o político. Diante dessa dicotomia tanto o cientista quanto o político, buscam estas profissões não para trabalhar, e sim viver às custas do contribuinte, por meio do Estado. No entanto o cientista acredita que o seu ócio é produtivo, que aquilo que estuda e pesquisa em algum momento vai contribuir para a sociedade que o sustenta; já o político nem nisso esse acredita. O conselho que Weber dá é que cada um não interfira no perímetro de atuação do outro.

Referente ao primeiro ensaio – A ciência como vocação - Weber se direciona aos jovens que, supostamente, têm vocação para se dedicar à ciência, buscando-a por amor. Há a tentativa incansável de rechaçar as idealizações feitas sobre a ciência e sobre o cientista, assim como a arrogância e o estilo irracional, existente no meio científico da Alemanha daquela época. No combate a essas ilusões é evidente o esforço de Weber em ratificar a eficácia das explicações sociológicas a respeito das diversas áreas da vida social, com atenção especial àquelas que dão conta dos fenômenos subjetivos. Acredita-se que ter ou adquirir a “vocação” para a ciência se dá por meio de um processo racional do sujeito, e vendo esse fenômeno na sociedade moderna entende-se que o mesmo ocorre de forma plural, colocando como opostos a ciência, a religião, a ética e a arte, sendo forças antagônicas. Esse modelo agora exposto está explícito logo no início do ensaio, o autor faz um exame convencional, explicitando como ele entende os fatos sociais, assim como as condições materiais que levam a vocação científica.

A objetividade da prática social é posta em xeque por Weber, desconstruindo diversas ilusões sobre a ocupação científica, no caso analisado, cientifica universitária; ocorre um conflito entre o que deve ser feito, ou que postura deve ser adotada: como se conciliar atividades distintas como ser professor e ser pesquisador; a necessidade de compatibilizar a inspiração e o desejo de criar algo que dure, ou pelo menos sobreviva, a um mundo regido

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