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Movimentos Socialista E Politico

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Por:   •  1/9/2013  •  2.330 Palavras (10 Páginas)  •  320 Visualizações

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A análise das mobilizações a partir da categoria "novos movimentos sociais", construída na Europa, continua sendo dominante na abordagem dos movimentos latino-americanos. Este artigo lembra, na sua primeira parte, as especificidades dos movimentos "de base" nascidos durante os anos 1970 na América Latina. Em seguida, mostra as diferenças entre os debates e as abordagens das mobilizações, de um continente para o outro. Quando, sobre a América Latina, se insistiu muito sobre os valores, as mudanças culturais e as identidades, nos Estados Unidos o enfoque foi para a análise das organizações, das estratégias e das práticas. A terceira parte do artigo mostra as consequências dessa divergência científica para a observação dos processos de institucionalização dos movimentos sociais, assim como para a análise da contestação na América Latina nos anos 2000.

Palavras-chave: movimentos sociais, teorias da ação coletiva, América Latina

ABSTRACT

The analysis of social mobilizations as "new social movements", a category built in Europe, has been dominant in the approach of Latin-American movements. This article recalls in its first part the specificities of "base movements" born in Latin-America during the 1970's. Then it shows the debates and the different approaches of social mobilizations. While, in Latin-America, the emphasis was put on values, cultural changes and identities, in the United States it was put on the analysis of organizations, strategies and practices. Finally the third part shows the consequences of this scientific divergence on the observation of the institutionalization processes of social movements, as well as on the analysis of opposition in Latin-America in the years 2000.

Key words: social movements, theories of collective action, Latin America

RÉSUMÉ

L'analyse des mobilisations à partir de la catégorie "nouveaux mouvements sociaux", d'abord construite en Europe, continue à être dominante pour l'approche des mouvements latino-américains. Cet article rappelle, dans sa première partie, les spécificités des mouvements "de base" nés durant les années 1970 en Amérique latine. Ensuite, il montre les différences qui existent dans les débats ainsi que dans les approches des mobilisations, d'un continent à l'autre. A propos de l'Amérique latine, on a beaucoup insisté sur la question des valeurs, des changements culturels et des identités, alors qu'aux Etats-Unis l'accent était mis sur l'analyse des organisations, des stratégies et des pratiques. La troisième partie de l'article montre les conséquences de cette divergence scientifique pour l'observation des processus d'institutionnalisation des mouvements sociaux, ainsi que pour l'analyse de la contestation en Amérique latine dans les années 2000.

Mots-clés: mouvements sociaux, théories de l'action collective, Amérique latine

A partir do fim da década de 1960, em todo o mundo ocidental, inclusive na América Latina, multiplicaram-se movimentos sociais cuja "novidade" foi frisada pela sociologia. Na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, alguns anos após 1968, esses "novos movimentos sociais" começaram a contestar a ordem social, e depois, a partir do fim da década de 1970 e início dos anos 1980, começaram a participar da oposição aos regimes autoritários, na América Latina mas também na Europa oriental. Após o fracasso da maioria das guerrilhas marxistas-leninistas,1 a Igreja católica da Teologia da Libertação fomentaram e apoiaram mobilizações que, afirmando a dignidade dos pobres e dos humildes frente ao poder político, contribuíram para estruturar progressivamente as oposições aos regimes militares. Surgidos durante a liberalização da década de 1980, esses movimentos muito diversos estruturaram-se, numa primeira etapa, fora do contexto oferecido pelos partidos políticos e os sindicatos tradicionais, obedecendo a lógicas apresentadas como "novas". Correspondem a essa categoria os "novos movimentos sociais", movimentos tão diversos quanto, por exemplo, o Movimento dos Sem Terra, criado no Brasil em 1979 para reivindicar a generalização do acesso à terra através de uma reforma agrária; o movimento ecologista no Equador, onde a associação Acción Ecológica opõe-se desde 1987 às concessões feitas pelo Estado às grandes empresas para a exploração do petróleo, apoiando-se, nesse sentido, numa estratégia de advocacy internacional, assim como na construção de redes transnacionais;2 no México, o Movimento Urbano Popular (MUP), o qual, após sua criação em 1981 e a fundação da Assembleia de Bairros (Asamblea de Barrios) na Cidade do México, promoveu mobilizações em prol da habitação, particularmente ativas e mediatizadas entre 1985 e 1988, em torno da figura paródica de SuperBarrio; as organizações piqueteras da Argentina, como a Federación de Tierra, Vivienda y Habitát ou a Unión de Trabajadores Desocupados (UTD), ambas criadas em 1997, quando a crise econômica se agravava, tendo a segunda participado das primeiras obstruções de rodovias após o fechamento da usina da Yacimientos Petrolíferos Argentinos na cidade de General Mosconi, na província de Salta, no norte do país; as mobilizações indigenistas, estruturadas na Confederación de Nacionalidades Indigenas de Ecuador (CONAIE), movimento social independente criado em 1986, ou ainda a Central Indígena del Oriente Boliviano (CIDOB), que foi criada em 1982 na Bolívia e participou das mobilizações eleitorais em favor do atual presidente Evo Morales, ao lado da Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia (CSUTCB), organização de trabalhadores rurais e produtores de coca criada em 1979; ou finalmente, no Brasil, o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, que desde o seu surgimento em 1985, em São Paulo, exige o reconhecimento dos direitos e da dignidade daqueles que encontram um meio de subsistência nos depósitos de lixo...

Que há de comum, então, entre todos esses "novos movimentos sociais"? E por que se pretendeu enxergar neles uma "novidade"?... A comum aspiração à mudança social e política em nada os distingue de movimentos sociais mais clássicos e mais antigos, como os movimentos operários, que em sua época também foram portadores de valores e projetos alternativos de sociedade. Para muitos analistas,

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