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O Socialismo E O Homem Em Cuba

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Por:   •  18/8/2014  •  Tese  •  5.731 Palavras (23 Páginas)  •  220 Visualizações

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Caro companheiro: acabo estas notas em viagem por África animado polo desejo de cumprir, embora tarde, a minha promessa. Gostava de fazê-lo tratando o tema do título. Acho que pode ser interessante para os leitores uruguaios.

É comum ouvir da boca dos vozeiros capitalistas, como um argumento na luita ideológica contra o socialismo, a afirmaçom de que este sistema social, ou o período de construçom do socialismo ao que estamos nós expostos, caracteriza-se pola aboliçom do indivíduo em troca do estado. Nom pretenderei refutar esta afirmaçom sobre umha base meramente teórica, senom estabelecer os factos tal qual se vivem em Cuba e agregar comentários de índole geral. Primeiro bosquejarei a grandes rasgos a história da nossa luita revolucionária antes e depois da tomada do poder.

Como já se sabe a data precisa na que se iniciárom as acçons revolucionárias que culminariam o primeiro de Janeiro de 1959 foi o 26 de Julho de 1953. Um grupo de homens dirigidos por Fidel Castro atacou a madrugada desse dia o Quartel "Moncada", na província de Oriente. O ataque foi um fracasso, o fracasso transformou-se em desastre e os sobreviventes fôrom parar à prisom, para reiniciar, após serem amnistiados, a luita revolucionária.

Durante este processo, no qual só existiam germes do socialismo, o homem era um factor fundamental. Confiava-se nele, individualizado, específico, com nome e apelido, e da sua capacidade de acçom dependia o triunfo ou o fracasso do facto encomendado.

Chegou a etapa da luita guerrilheira. Esta desenvolveu-se em dous ambientes diferentes: o povo, massa ainda adormecida a quem havia que mobilizar, e a sua vanguarda, a guerrilha, motor impulsionador da mobilizaçom, gerador de consciência revolucionária e de entusiasmo combativo. Foi esta vanguarda o agente catalisador, o que criou as condiçons subjectivas necessárias para a vitória. Também nela, no quadro do processo de proletarizaçom do nosso pensamento, da revoluçom que se operava nos nossos hábitos, nas nossas mentes, o individuo foi um factor fundamental. Cada um dos combatentes da Sierra Maestra que atingira algum grau superior nas forças revolucionárias tem umha história de factos notáveis no seu haver.

Em base a estes lograva os seus graus.

Foi a primeira época heróica, na qual se disputavam por lograr um cargo de maior responsabilidade, de maior perigo, sem outra satisfacçom que o cumprimento do dever. No nosso trabalho de educaçom revolucionária, voltamos amiúde sobre este tema leccionador. Na atitude dos nossos combatentes vislumbrava-se o homem do futuro.

Noutras oportunidades da nossa história repetiu-se o facto da entrega total à causa revolucionária. Durante a crise de Outubro ou nos dias do ciclone "Flora" vimos actos de valor e sacrifício excepcionais realizados por todo um povo. Encontrar a fórmula para perpetuar na vida quotidiana essa atitude heróica é umha das nossas tarefas fundamentais do ponto de vista ideológico.

Em Janeiro de 1959 estabeleceu-se o governo revolucionário com a participaçom de vários membros da burguesia entreguista. A presença do Exército Rebelde constituia a garantia de poder, como factor fundamental de força.

Produzírom-se imediatamente contradiçons sérias, resolvidas em primeira instáncia, em Fevereiro de 59, quando Fidel Castro assumiu a chefia do governo com o cargo de primeiro ministro. Culminava o processo em Julho desse mesmo ano, ao renunciar o presidente Urrutia perante a pressom das massas.

Aparecia na história da Revoluçom Cubana, agora com caracteres nítidos, umha personagem que se repetirá sistematicamente: a massa.

Este ente multifacético nom é, como se pretende, a soma de elementos da mesma categoria (reduzidos à mesma categoria, ademais, polo sistema imposto), que actua como um manso rebanho. É verdade que segue sem vacilar os seus dirigentes, fundamentalmente Fidel Castro, mas o grau no que ele ganhou essa confiança responde precisamente à interpretaçom exacta dos desejos do povo, das suas aspiraçons, e à luita sincera polo cumprimento das promessas feitas.

A massa participou na Reforma Agrária e no difícil empenho da administraçom das empresas estatais; passou pola experiência heróica de Praia Girón; forjou-se nas luitas contra os distintas bandos de bandidos armadas pola CIA; viveu umha das definiçons mais importantes dos tempos modernos na crise de Outubro e segue hoje trabalhando na construçom do socialismo.

Vistas as cousas desde um ponto de vista superficial, podia parecer que tenhem razom aqueles que falam da supeditaçom do individuo ao estado; a massa realiza com entusiasmo e disciplina sem iguais as tarefas que o governo fixa, já sejam de índole económica, cultural, de defesa, desportiva, etc. A iniciativa parte em geral de Fidel ou do alto mando da revoluçom e é explicada ao povo que a toma como sua. Outras vezes, experiências locais som tomadas polo partido e o governo para fazê-las gerais, seguindo o mesmo procedimento.

Porém, o estado erra às vezes. Quando se produz umha dessas equivocaçons, nota-se umha diminuiçom do entusiasmo colectivo por efeitos dumha diminuiçom qualitativa de cada um dos elementos que a conformam, e o trabalho paralisa-se até ficar reduzido a magnitudes insignificantes; é o instante de rectificar.

Assim sucedeu em Março de 1962 perante a política sectária imposta ao partido por Aníbal Escajante.

É evidente que o mecanismo nom basta para assegurar umha sucessom de medidas sensatas e que falta umha conexom mais estruturada com a massa. Devemos melhorá-lo durante o curso dos próximos anos, mas, no caso das iniciativas surgidas nos estratos superiores do governo, utilizamos por agora o método quase intuitivo de auscultar as reacçons gerais frente aos problemas formulados.

Mestre nisto é Fidel, cujo particular modo de integraçom com o povo só pode apreçar-se vendo-o actuar. Nas grandes concentraçons públicas observa-se algo assim como o diálogo de dous diapasons cujas vibraçons provocam outras novas no interlocutor. Fidel e a massa começam a vibrar num diálogo de intensidade crescente até atingir o clímax num final abrupto, coroado polo nosso grito de luita e de vitória.

O difícil de entender para quem nom viva a experiência da revoluçom é essa estreita unidade dialéctica existente entre o indivíduo e a massa, onde ambos se interrelacionam e, à sua vez, a massa, como conjunto de indivíduos, interrelaciona-se com os dirigentes.

No capitalismo podem ver-se alguns fenómenos deste

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