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Preconceito contra a Homossexualidade: Uma Perceção Geracional

Por:   •  14/6/2016  •  Projeto de pesquisa  •  6.767 Palavras (28 Páginas)  •  391 Visualizações

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MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

RELAÇÕES INTERGRUPAIS

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A muito humana dependência de salvadores

é tão antiga como a História da Humanidade,

e tão velha como o desamor que torna as pessoas violentas.

(Gruen, 1997)

Resumo

Enquadramento Teórico

Estereótipos, Preconceitos e Discriminação

A temática do preconceito tem sido largamente abordada pela área de Psicologia Social em inúmeros países. Estudos mostram que o preconceito e a discriminação já não são apresentados nas suas formas tradicionais mas sim de modo mais subtil (Fleury & Torres, 2007). Allport (1954) definiu o conceito de preconceito como uma atitude hostil face a pessoas que pertencem a um grupo, apenas por fazerem parte desse mesmo grupo. Esta forma tradicional de preconceito é considerada como “flagrante” visto ser expressa de forma direta. Assim, para o autor (Allport, 1954, cit. por Monteiro, 2010), a hostilidade em que traduz os preconceitos negativos é tão clara como o amor que filtra os preconceitos positivos. Deste modo, tal como o amor não discrimina defeitos, o ódio também não é capaz de discernir qualidades. Contudo, investigações mostram que o preconceito assume uma forma mais subtil e indireta, isto é, a discriminação é feita de forma discreta por via de evitar a crítica da sociedade já que é um comportamento inadequado.

É de ressalvar de que a Teoria da Identidade Social foi percursora nas explicações existentes inerentes à temática dos preconceitos intergrupais. A descrita teoria traduz a urgência dos membros do grupo necessitarem de aumentar o seu sentido de auto-estima positiva, assim como o significado de identidade social positiva no seio do grupo (Taijfel, 1982). O autor enuncia que as minorias sociais são caracterizadas como sendo grupos minoritários que são estigmatizados e discriminados pelas maiorias, conduzindo assim a uma panóplia das mais diferentes formas de desigualdade e de exclusão possíveis dentro da sociedade (Taijfel, 1982). É de referir que a categoria social é percepcionada pelo(s) observadore(s) externo(s) como sendo um conjunto de dois ou mais indivíduos que partilham comummente pelo menos um atribute que os faz diferenciar das restantes categorias sociais (Jesuíno, 2010).

Lippmann (1992) caracteriza os estereótipos como imagens mentalmente simplificadas sobre determinado alvo. Sendo estes considerados recursos cognitivos inevitáveis extensíveis a todos os seres humanos, de forma a categorizar o ambiente social envolvente. Estas representações sociais assumem um sem fim de significado emocional, sendo que quando este remete para um cariz negativo, é definido como preconceito (Garcia-Marques & Garcia-Marques, 2003).

Esta forma subtil de discriminar pessoas de grupos minoritários serve para proteger a imagem dos que discriminam e acabam por manter presente o preconceito ao invés de o erradicar. Assim, ao manter o preconceito face a esses grupos criam-se outros fenómenos que perpetuam esta atitude aversiva. Exemplo disso parece ser o processo de infra-humanização que Leyens et al. (2000) descrevem. Esta teoria tem sido utilizada essencialmente em questões raciais e de orientação sexual (Lima & Vala, 2005).

        A formação de impressões sobre os outros está na base da construção das interacções sociais (Fiske, Newberg, Beattie & Milberg, 1987). Atribui-se ao grupo dominante a capacidade de manipular os conteúdos simbólicos globalmente existentes, no qual é associada uma conotação universal quando os mesmos operam para evidenciar as diferenças categoriais entre grupos minoritários. Contrariamente aos grupos designados como maioritários/dominantes, no qual os conteúdos simbólicos atribuídos atestam e evidenciam as suas condições “normativas” (Marques & Paéz, 2010). Sumariamente, é inequivocável a dimensão da fatia que os preconceitos ocupam na sociedade, e que são espelhados através de atitudes e de comportamentos dos grupos e nas suas interacções (Monteiro, 2010).

        Os estereótipos são uma arma significativa na sociedade que integramos, são eles que determinam a imutabilidade das coisas, fixando-as a detalhes e que, por conseguinte formalizam conceitos. Na grande maioria das vezes, os estereótipos fazem-se acompanhar de um preconceito associado a determinada categoria, seja ele mais ampla (e.g. brancos; negros; homens; mulheres) ou, por outro lado, mais restrita (e.g. homossexuais; heterossexuais; transexuais; feministas). Esse preconceito, por sua vez, assume contornos com um cariz favorável ou desfavorável (Taijfel, 1982).

Parece ser inquestionável de que o preconceito conseguirá ter forma e voz enquanto os estereótipos se perpetuarem na realidade que não evitamos: abordagem da inevitabilidade do preconceito (Devine, 1989). No entanto, para Ehrlich (1973, cit. por Devine, 1989) este tipo de atitudes étnicas estereotipadas têm origem no seio cultural das sociedades, no qual ninguém está ileso de as adquirir. Posto isto, estas atitudes e crenças estão de tal forma enraizadas nos indivíduos, que o grande desafio parece residir na forma de alterar todo esse processo. A autora defende que esta mudança no processo do preconceito e de estereótipo poderá ser feita com recurso aos mecanismos cognitivos de cada um, tendo por base uma intenção na mudança, atenção e uma certa disponibilidade temporal. Durante toda esta alteração no processamento da informação automática preconceituosa, é imperativo que o indivíduo faça uma alteração propositada da activação de ideias não preconceituosas (Devine, 1989).

Assim como refere Bauman (2008), atravessamos um mundo imerso de incertezas constantes, no qual cada um vive, cada vez mais para cada qual, ignorando o outro e a(s) diferença(s) do outro. Vivemos tempos mergulhados de relações instáveis e cada vez mais líquidas, no qual existe implicitamente uma facilidade irremediável de nos desconectarmos uns dos outros. Estes laços são fomentados pela sociedade actual, no qual as pessoas são encaradas como bens consumíveis, sendo que, se as mesmas apresentem algum defeito, são facilmente descartadas ou ainda substituídas por “versões mais aperfeiçoadas ou actualizadas”. Consequentemente, o autor faz um alerta, com uma dança de metáforas, de que se torna imprescindível e urgente que cada um tome consciência do outro e da presença da individualidade de cada um.

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